sexta-feira 14 2014

Sem aval de auditoria, Petrobras adia a divulgação do balanço

Empresas

Estatal não conseguiu a aprovação da PriceWaterHouseCoopers para seus demonstrativos financeiros do terceiro trimestre; ainda não há nova data para a divulgação

A presidente da Petrobras, Graça Foster, durante audiência conjunta no Senado em Brasília, para prestar esclarecimentos sobre denúncias envolvendo a estatal
A presidente da Petrobras, Graça Foster: denúncias atrasam divulgação de balanço (Fernando Bizerra Jr/EFE/VEJA)
A Petrobras informou nesta quinta-feira que não divulgará seu balanço de resultados do terceiro trimestre no prazo determinado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que termina na noite de sexta. Segundo a estatal, ainda não há data para a divulgação. Em comunicado enviado à CVM, a Petrobras disse que "não está pronta para divulgar as demonstrações contábeis referentes ao terceiro trimestre de 2014 nesta data".
A Petrobras esperava o aval da auditoria PricewaterhouseCoopers, que impôs condições para assinar os resultados. Segundo informações de O Estado de S. Paulo, uma delas seria a conclusão das investigações feitas no âmbito da Operação Lava Jato, que apura o pagamento de propina a partidos políticos por meio de contratos firmados entre a estatal e seus prestadores de serviços. Segundo denúncias vazadas ao longo dos últimos meses, o operador do esquema era o ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa.
O receio da Price, que faz parte do grupo conhecido por "Big 4", composto pelas maiores auditorias do mundo, ao lado da Deloitte, da KPMG e da Ernst Young, é repetir no Brasil o escândalo da Arthur Andersen. A auditoria americana quebrou depois que foi envolvida no escândalo de fraude da petroleira Enron, em 2002.
Outra fonte revelou ao jornal O Globo que a Price espera a conclusão dos relatórios das comissões internas da estatal sobre as refinarias de Pasadena, no Texas, Comperj, no Rio de Janeiro, e Abreu e Lima, em Pernambuco. Só depois de avaliar a documentação, diz o jornal, a auditoria poderá avalizar o balanço.
O conselho de administração da Petrobras tem reunião marcada para esta sexta-feira, em São Paulo. A pauta seria justamente o balanço da empresa. Contudo, o presidente do Conselho, o ministro da Fazenda Guido Mantega, não estará presente, pois acompanha a comitiva presidencial à cúpula do G20, que deve ocorrer na Austrália neste fim de semana.
Leia o comunicado na íntegra:
Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2014 – Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras informa que não arquivará junto à Comissão de Valores Mobiliários – CVM as demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014 (ITR 3T14) com o relatório de revisão dos seus Auditores Externos, PricewaterhouseCoopers (PwC), no prazo previsto na Instrução CVM 480/09, pelas razões expostas a seguir.
Como é de conhecimento público, a Petrobras passa por um momento único em sua história, em face das denúncias e investigações decorrentes da “Operação Lava Jato” conduzida pela Polícia Federal, na qual o ex-diretor de Abastecimento da Companhia, Paulo Roberto Costa, foi denunciado pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa e está sendo investigado pelos crimes de corrupção, peculato, dentre outros. 
Diante de tal cenário, e considerando o teor do depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Companhia, Paulo Roberto Costa, à Justiça Federal em 08/10/2014, quando fez declarações que, se verdadeiras, podem impactar potencialmente as demonstrações contábeis da Companhia, a Petrobras vem adotando diversas providências que visam ao aprofundamento das investigações. 
Nesse contexto, a Petrobras celebrou contratos, em 24/10/2014 e 25/10/2014, com dois escritórios de advocacia independentes especializados em investigação, um brasileiro, Trench, Rossi e Watanabe Advogados e, outro norte-americano, Gibson, Dunn & Crutcher LLP, tendo por objetivo apurar a natureza, a extensão e os impactos dos atos que porventura tenham sido cometidos no contexto das alegações feitas pelo ex-diretor de Abastecimento da Companhia, Paulo Roberto Costa, bem como apurar fatos e circunstâncias correlatos que tenham impacto relevante sobre os negócios da Companhia. Tal contratação foi recomendada pelo Comitê de Auditoria em conformidade com as melhores práticas internacionais e autorizada pela Diretoria Executiva da Petrobras. 

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