Per Mertesacker foi um espectador de luxo do maior vexame da história da seleção brasileira. Viu, do banco, a sua Alemanha fazer 7 a 1 no time de Luiz Felipe Scolari, que mal reagiu ao longo dos 90 minutos. Com a propriedade de quem esteve no campo do Mineirão, ainda que não tenha atuado, o zagueiro da seleção germânica explica como foi a goleada.
"Foi impossível de acreditar em um começo daquele. Com cinco gols no primeiro tempo, ter tanta vantagem. A gente não podia acreditar. Estivemos focados o tempo todo, foi uma performance incrível", disse o zagueiro do Arsenal, um dos poucos alemães que conversaram com os repórteres brasileiros.
Preterido por Joachim Low para a dupla Hummels e Boateng, Mertesacker, um veterano que está na terceira Copa, contou que se viu na pele dos brasileiros. "Nós sabemos como é jogar em casa, jogamos assim e perdemos em 2006. Claro que foi diferente, foi na prorrogação em um jogo muito mais apertado, mas é muita pressão de fora, não é fácil de lidar. Você podia ver neles que foram respeitosos demais. E nós melhoramos ao longo do torneio, hoje [terça] foi nosso melhor dia", disse o zagueiro.
Foi o casamento entre a melhor Alemanha e o pior Brasil, que não viu a cor da bola. "Eu não tenho ideia [do que aconteceu]. Fiquei surpreso pela fluência com que jogamos entre as linhas. Nos gols sempre tinha um homem livre. Quando ganhávamos a bola trocávamos passes muito rápido e isso causava problemas para eles. Nós forçamos eles a cometerem erros", explicou Mertesacker, com precisão.
A Alemanha, o time que mais troca passes no torneio, dominou o meio-campo do Brasil com o trio Schweinsteiger, Khedira e Kroos. Dos cinco gols que decidiram o jogo no primeiro tempo, em nenhum o alemão que marcou estava sendo devidamente marcado. O segundo do jogo, o 16º de Klose na história das Copas, mostra bem o que diz Mertesacker.
Depois de uma troca de passes no meio-campo, a Alemanha avançou rumo à área do Brasil e a movimentação na diagonal permitiu que Klose aparecesse livre dentro da área, atrás da linha da zaga verde-amarela. Quando recebeu a marcação, o centroavante teve a chance de passar para Muller ou girar e bater por conta própria. Optou pela segunda opção e fez.
"Quando você marca assim no começo é um choque positivo para nós e negativo para eles. A expectativa [de jogar em casa] é grande e carregar isso não é fácil. Você sente. Foi tão fluente para nós, todas as segundas bolas eram nossas, os passes funcionaram. Você sente pelo seu oponente, não é fácil", disse Mertesacker, acrescentando alguma compaixão na análise.
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