terça-feira 08 2014

Delegado vai pedir nova prisão de diretor da Match

Cambistas

Fábio Barucke, que comanda a investigação sobre a máfia internacional de cambistas, concluirá inquérito nesta terça-feira. Objetivo é pedir prisão de Raymond Whelan e dos demais onze suspeitos de integrar o esquema ilegal

Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
Raymond Whelan foi preso no Copacabana Palace, mas passou apenas algumas horas na delegacia
Raymond Whelan, CEO da Match, preso no Rio de Janeiro (Marcos de Paula/Estadão Conteúdo)
O CEO da agência Match, Raymond Whelan, solto nesta madrugada, é aguardado para prestar depoimento na 18ª DP (Praça da Bandeira) sobre sua participação no esquema ilegal de ingressos descoberto pela Polícia Civil. Whelan, apontado como um dos líderes da máfia dos cambistas ligada à Fifa, se comprometeu a comparecer às 9h, mas até as 11h30 não havia chegado à delegacia. Como entregou seu passaporte à polícia, ele está impedido de deixar o país. O delegado Fábio Barucke, titular da 18ª DP e responsável pela investigação da operação Jules Rimet, afirmou que concluirá o inquérito sobre a quadrilha internacional de cambistas nesta terça-feira. Barucke adiantou que indiciará doze pessoas - os onze presos na última terça-feira e Whelan - e pedirá a prisão preventiva de todos os suspeitos.
Barucke comentou a soltura de Whelan, que foi libertado na madrugada desta terça-feira horas depois de ter sido preso dentro do hotel Copacabana Palace. "Vou terminar o relatório do inquérito para enviar à Justiça para que eles analisem. A desembargadora deu a ele o direito de responder em liberdade mediante fiança. Os indícios (contra Whelan) são fortes, mas a soltura faz parte do processo democrático”, disse.
Para ser libertado, o CEO da Match pagou 5.000 reais de fiança. Na delegacia, o advogado de Whelan, Fernando Fernandes, criticou a prisão, afirmou que a detenção de seu cliente é “ilegal” e disse que a investigação apresenta “números midiáticos”. Whelan negou participação no esquema de venda ilegal de ingressos. Para a polícia, ele está acima do franco-argelino Lamine Fofana, um dos onze presos na semana passada. Fernandes também disse, nesta manhã, que Whelan não vai se apresentar para depor. "Ele tinha depoimento marcado enquanto estava sob custódia. Meu cliente está à disposção da Justiça, mas para prestar depoimento deve ser novamente convocado", afirmou. Segundo Fernandes, Whelan segue sua agenda de compromissos e tenta se recuperar da "noite horrível" que teve na delegacia.
Ministério Público - O promotor responsável pela operação Jules Rimet, Marcos Kac, da 9ª Promotoria de Investigação Penal, considerou "um absurdo" a soltura do CEO da Match. "O cara que era para ficar hoje detido agora pode pegar um jatinho para Belo Horizonte para ver o jogo (a semifinal entre Brasil e Alemanha), enquanto ninguém que você conhece conseguiu comprar ingresso", criticou ele, que atua em conjunto com a polícia na investigação.
Kac disse ainda que "a pessoa que soltou não conhece o inquérito", referindo-se à desembargadora que proferiu a decisão no plantão judiciário durante a madrugada, Marilia de Castro Vieira. "Temos muitos elementos contra ele e estamos todos muito chateados com essa decisão. Entre outras provas, são mais de 900 registros de ligações e mensagens telefônicas entre ele e o Fofana. Não fizemos a operação ontem de 'orelhada'", afirmou o promotor, acrescentando: "Essa quadrilha movimentava milhões. Cadê o dinheiro que não aparece? É o que estamos tentando descobrir e agora o principal suspeito está solto".
Informalmente, Whelan admitiu ter negociado com a empresa do franco-argelino, mas apenas antes da Copa - o que seria permitido. A soltura evitou que Whelan fosse transferido para um presídio do Rio, para cumprir os cinco dias da prisão temporária determinada pela Justiça. Ele é acusado de facilitar a distribuição de ingressos para cambistas - ato criminoso, de acordo com o Estatuto do Torcedor - e vai responder também por associação criminosa.

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