Vanessa Felippe Bethlem, ex-mulher do deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB) e delatora do esquema operado pelo ex-secretário municipal na prefeitura do Rio de Janeiro, também tinha suas boquinhas na administração pública. Ela foi vice-presidente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj) entre fevereiro de 2007 e junho de 2012. A autarquia é responsável pela administração de jogos de azar no Estado. Pelo cargo comissionado, obtido por nomeação do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), Vanessa recebia um salário de 10.570,94 reais.
Bethlem foi subsecetário de governo do Rio entre 2007 e 2008, responsável no Palácio Guanabara por operações de "choque de ordem". Mais do que um caso de nepotismo, a nomeação de Vanessa para a Loterj foi também alvo de investigação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro - a suspeita era de que ela fosse uma funcionária-fantasma. Denúncia anônima enviada à Promotoria dizia que Vanessa sequer aparecia na repartição. Para rebater a acusação, o governo enviou folhas de ponto, datadas a partir de outubro de 2009, que mostravam comparecimento ao trabalho. Em relação ao período de junho de 2007 a setembro de 2009, porém, não houve comprovação da frequência. A Loterj alegou que a documentação desses meses desapareceu em uma obra de reforma do prédio da autarquia. Foi o suficiente para que a Promotoria determinasse o arquivamento da investigação.
O cargo comissionado não foi a única transferência de recursos estaduais para o bolso de Vanessa. Como revelou a coluna Radar On-line, ela era sócia, com o filho Jorge Felippe Bethlem, da revista B4, uma inexpressiva publicação que estampava anúncios da prefeitura do Rio. O governo do Estado repassou 36.750 reais para a empresa de Vanessa pelo pagamento de anúncios. Áudios obtidos por VEJA mostraram que Bethlem prometeu a ela que promoveria um encontro com Wilson Carlos, braço-direito de Sérgio Cabral, para providenciar o patrocínio. Meses depois o dinheiro foi liberado.
Paulo Roberto Costa vai enlouquecer, mas a CPI mista da Petrobras a cada dia dá mais um passo na direção dos segredos de suas filhas.
Quatro bancos entregaram ao colegiado dados refentes às movimentações financeiras das contas de Shanni e Arianna Costa, as herdeiras do ex-diretor da Petrobras e amigo de Alberto Youssef.
O terror petista já está em curso. A “analista” do Santander, que não teve seu nome divulgado, já foi demitida. A informação foi passada aos jornalistas pelo presidente mundial do banco, Emilio Botín, que foi chamado por Lula, nesta segunda, durante encontro da CUT, de “meu querido”. O chefão petista, aliás, puxou o saco do banqueiro e demonizou a pobre bancária. Afirmou que a moça não sabia “porra nenhuma”, nesses termos, e que o seu amigão deveria dar a ele, Lula, o bônus que caberia à então funcionária.
Só para lembrar: correntistas com conta acima de R$ 10 mil receberam uma avaliação sobre a situação política e econômica do país. O texto informava que os indicadores pioram se aumentam as chances de Dilma ser reeleita. Grande coisa! Isso já virou lugar-comum. Os petistas, no entanto, se aproveitaram para inventar uma guerra dos ditos “ricos” contra o PT. Prefeituras do partido que têm a conta-salário no banco falam em romper o contrato. A militância estimula os filiados a retirar seu dinheiro da instituição. Não passa de oportunismo eleitoral.
Certa feita, um adversário de Marat, o porra-louca jacobino da Revolução Francesa, afirmou sobre o seu furor punitivo: “Deem um copo de sangue a este canibal, que ele está com sede”. Falo o mesmo sobre Lula e o petismo: deem copos de sangue aos canibais; eles estão com sede.
É claro que se trata de uma ação para intimidar o debate. A partir de agora, nas instituições financeiras, bancos ou não, está instalado o clima de terror jacobino. Até parece que isso vai mudar alguma coisa. Não vai, não. Tudo tende a piorar.
O PT apelou ao TSE — e obteve uma liminar absurda — para tirar da Internet dois textos da consultoria Empiricus Research que o partido considera que lhe são negativos. O conjunto da obra é péssimo e indica que o PT não tem um compromisso inegociável com a liberdade de expressão. Não custa lembrar que essa é a legenda que definiu como um de seus principais objetivos o chamado “controle social da mídia”. Imaginem como seria a liberdade de expressão entregue a esses patriotas…
Que coisa! O partido que, na década de 80, queria ser a encarnação da liberdade de expressão agora quer se manter no poder apelando à censura, ao terror e ao silêncio.
Texto publicado originalmente às 19h58 desta terça
Casa Espírita Tesloo está envolvida em denúncias de irregularidades e desvio de verba com Rodrigo Bethlem
ADRIANO ARAÚJO
Rio - A ONG Casa Espírita Tesloo, envolvida em denúncias de irregularidades e desvio de verbas, terá que devolver mais de R$ 230 mil aos cofres públicos. A decisão, que tornou sem efeito a aprovação das contas dada em 24 de julho, foi publicada no Diário Oficial do Município nesta terça-feira. Dois dos convênios reprovados — dezembro de 2010 e janeiro de 2011 — foram na gestão de Rodrigo Bethlem na Secretaria Municipal de Assistência Social.
A revisão aconteceu três dias depois da divulgação das denúncias de que Bethlem recebia propina de ONGs e fazia caixa dois, divulgadas pela revistas Época e Veja, e cinco dias depois da aprovação das contas. Totalizando os cinco convênios — março, julho, setembro e dezembro de 2010 e janeiro de 2011 — o valor a ser devolvido à prefeitura do Rio soma R$ 232,3 mil.
A Prefeitura ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Ex-mulher de Bethlem já foi investigada
A ex-mulher do deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB), a empresária Vanessa Felippe, já foi alvo de investigação do Ministério Público Estadual em 2012. No inquérito, que foi arquivado no mesmo ano, foram apuradas denúncias de que Vanessa seria funcionária fantasma da Loterj, onde exercia o cargo de vice-presidente, por nomeação do então governador Sérgio Cabral, desde 2007. Na época, a empresa enviou ao MP cópias do controle de frequência de Vanessa, em que há assinatura dela em todos os dias, inclusive em datas festivas e feriados, como Carnaval e Natal.
Vanessa é autora das denúncias divulgadas pelas revistas ‘Época’ e ‘Veja’ contra seu ex-marido. Em gravações de áudio e vídeo, as denúncias dão conta de que o ex-secretário municipal recebia propina de ONGs e que usou caixa 2 em campanha eleitoral, com recursos não declarados recebidos do empresário de ônibus Jacob Barata. A denúncia de que Vanessa não comparecia ao trabalho chegou à Ouvidoria do MP, de forma anônima, em outubro de 2011. Na época, a 2ªPromotoria de Justiça e Tutela Coletiva, responsável pelo caso, solicitou à Loterj diversos documentos.
Na ocasião, a empresa enviou apenas a frequência de 2010, 2011 e parte de 2009 e 2012, alegando que os documentos dos anos anteriores não foram encontrados por conta de uma reforma na sede da Loterj.
Em oitiva prestada à Promotoria no dia 16 de abril de 2012, Vanessa, que recebia salário de R$ 10.570, se defendeu das acusações alegando que estava sendo vítima de opositores políticos. Dois meses depois, o inquérito foi arquivado a pedido do presidente da Loterj, Sergio Ricardo Martins Almeida.
Ontem, após agenda pública, o governador Luiz Fernando Pezão elogiou Bethlem e lamentou o suposto caso de corrupção. “Sempre tive o Rodrigo como um companheiro que sempre fez boas políticas públicas”, comentou. Oito vereadores decidiram ontem denunciar o deputado à Polícia Federal, Tribunal Regional Eleitoral e Procuradoria Geral da República. Leonel Brizola Neto (PDT), Teresa Bergher (PSDB), Marcio Garcia (PR), Reimont (PT), Eliomar Coelho, Jefferson Moura , Paulo Pinheiro e Renato Cinco (PSOL) também pretendem se reunir com o prefeito para solicitar a liberação da bancada governista para assinatura da CPI que vai investigar Bethlem.
Tesloo não pagou 200 funcionários
O Ministério Público do Trabalho (MPT) entrará com uma Ação Civil Pública contra a ONG Casa Espírita Tesloo, por falta de pagamento de mais de 200 funcionários. De acordo com a procuradora do Trabalho, Juliane Mombelli, que investiga parte das denúncias, a ONG já foi notificada no mês passado. “Pedimos que a Tesloo enviasse a folha de pagamento, mas não obtivemos resposta. O caminho agora é a Ação Civil”, declarou. Em mais de 18 denúncias no MPT, constam a falta de pagamento de verbas rescisórias e atraso de três meses de salário, alimentação e vale-transporte.
Suspeita de improbidade
Uma inspeção extraordinária feita pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) expõe 12 improbidades no convênio entre a Secretaria de Desenvolvimento Social e a ONG Tesloo, para colocar em prática um programa para tratar jovens usuários de drogas. Nenhuma das 19 prestações de contas apresentadas pela Gerência de Contratos e Convênios (GCC) da pasta nos 35 meses do contrato — entre março de 2010 e agosto de 2013 — foi aprovada.
O documento — feito há dois anos e anexado à investigação da 5ª Promotoria da Tutela Coletiva — aponta uma suspeita de superfaturamento em alimentos e produtos de limpeza, baseada na disparidade na prestação de contas mostrada pela ONG e a tabela de preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para se ter uma ideia, o pacote de feijão carioca, avaliado em R$ 1,51, foi comprado pela Tesloo com verba do governo municipal por R$ 5,19, variação de 244%.
O levantamento das despesas de junho de 2012 pelo TCM revelou um gasto de R$ 33.184,73 em produtos alimentícios. O valor revela um possível superfaturamento de R$ 13.454,39 só naquele mês — o que indicaria um suposto desvio dos cofres públicos de quase R$ 160 mil naquele ano.
Resultado primário ficou negativo em R$ 1,95 bilhão em junho, informou o Tesouro Nacional; no acumulado do ano, superávit é de R$ 17,24 bilhões
Ministro da Fazenda, Guido Mantega (Ueslei Marcelino/Reuters/VEJA)
O governo central (formado pelas contas do Tesouro, do Banco Central e da Previdência Social) registrou déficit primário de 1,95 bilhão de reais em junho, o pior resultado para junho desde o início da série histórica, informou o Tesouro Nacional nesta quarta-feira. Nos seis primeiros meses do ano, a economia feita para o pagamento de juros acumula saldo positivo de 17,24 bilhões de reais, metade do valor visto em igual período do ano passado e também o pior resultado para o período desde o ano 2000.
O resultado fiscal é a diferença entre os gastos e receitas do governo central. Quando as receitas superam as despesas, há o superávit primário, usado para arcar com os juros da dívida. Contudo, esse é o segundo mês consecutivo em que as contas ficam no vermelho. A deterioração das contas públicas tem sido motivo de apreensão tanto no governo quanto para investidores. O resultado de 2014 é, inclusive, pior do que o verificado em 2008 e 2009, anos de crise, em que a arrecadação foi penalizada e o governo teve de financiar políticas anticíclicas para amenizar os efeitos da crise financeira internacional.
O resultado negativo foi impactado, sobretudo, pelo resultado da Previdência Social, que apresentou, no mês passado, déficit de 4,508 bilhões de reais — alta de 16,2% em relação ao mesmo mês de 2013. O impacto positivo foi o recebimento de 1,48 bilhão de reais em dividendos de estatais, muito acima dos 780 milhões de reais vistos em maio.
Em junho, as receitas líquidas do governo central somaram 78,46 bilhões de reais, quase 15% a mais frente a maio. No acumulado do semestre, somam 491,2 bilhões de reais, o que representa alta de 6,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Já as despesas somaram 80,41 bilhões de reais em junho, com alta de 2% em comparação ao mês anterior. Nos seis primeiros meses do ano, elas somam 473,96 bilhões de reais, alta de 10,6% em relação ao ano passado.
O resultado ruim mostra que as contas públicas seguem influenciadas pela economia fraca, o que tem levado o governo a recorrer às receitas extraordinárias para tentar fechar suas contas. Neste ano, a projeção é de que elas somarão 31,6 bilhões de reais. Também têm pesado as fortes desonerações tributárias que, no semestre passado, somaram cerca de 51 bilhões de reais, quase 45% a mais do que em igual período de 2013.
Em 2014, a meta de superávit primário do setor público consolidado (a soma das contas do governo central, Estados, municípios e estatais) é de 99 bilhões de reais, o equivalente a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB).
O deputado Rodrigo Bethlem, homem forte de Eduardo Paes, publicou nota negando esquema revelado por VEJA; prefeitura do Rio vai investigar
Deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ) (Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados /VEJA)
O deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ), ex-secretário do prefeito Eduardo Paes no Rio de Janeiro, publicou nota em sua página noFacebook negando denúncias de corrupção feitas por sua ex-mulher, a ex-deputada Vanessa Felippe Bethlem, e reveladas por VEJA. Gravações mostram a participação do deputado, que deixou a Secretaria de Governo da prefeitura do Rio para tentar se reeleger, em um esquema de corrupção na administração municipal. Nos áudios, ele afirma que recebeu mensalmente propina da ONG Tesloo, contratada para administrar o cadastro único de programas sociais da prefeitura, que é usado para pagamento de programas como o Bolsa Família e o Cartão Família Carioca.
Na publicação no Facebook, o parlamentar diz que as acusações são infundadas e usa a imagem de um documento, que ele diz ter ser registrado em cartório, no qual Vanessa afirma se arrepender. "São infundadas essas acusações e a própria autora delas adiantou-se em desmenti-las, alegando tê-las feito num momento de grave confusão mental, que resultou em três tentativas de suicídio. A última há poucos dias", escreveu Bethlem. Contudo, as conversas reveladas por VEJA não deixam dúvida de que Bethlem confessa operar o esquema de corrupção.
Para tentar se livrar das acusações, o deputado também divulgou imagens de uma declaração assinada pela ex-mulher e um atestado médico assinado pela psiquiatra Rosaria Gomes sobre o tratamento ao qual Vanessa estaria sendo submetida há duas semanas. O atestado, reproduzido no perfil de Bethlem na rede social, afirma que Vanessa sofre de "transtorno de personalidade borderline".
A prefeitura do Rio anunciou que vai investigar os contratos assinados por Bethlem. Em nota, a administração afirmou que "não possui mais convênio com a Tesloo". "Apesar de Rodrigo Bethlem não ocupar mais cargo na prefeitura, o município espera que o deputado preste os esclarecimentos necessários sobre as denúncias em questão." A ONG era administrada pelo major da reserva Sérgio Pereira de Magalhães Júnior, suspeito de integrar uma milícia.
Denúncia — Em uma das conversas entre Bethlem e Vanessa reveladas por VEJA, depois de relatar que tipo de despesa ele estaria disposto a bancar após o divórcio dos dois, Bethlem afirma que sua principal fonte de renda era um convênio da prefeitura chamado Cadastro Único. "Eu tenho de receita em torno de 100.000 reais por mês", afirma na gravação com a maior naturalidade do mundo, explicando que do contrato retirava entre 65.000 e 70.000 reais por mês.
Nomeado secretário de Eduardo Paes, Bethlem ocupou as pastas de Ordem Pública e Assistência Social antes da secretaria de Governo, e optou pelo salário maior de deputado – ou seja, só deveria ter direito a um rendimento bruto de 26.723,13 reais, equivalente a cerca de 18.000 reais mensais líquidos. O deputado era um dos cotados para substituir Paes na prefeitura.
As gravações que revelam o esquema de corrupção na prefeitura do Rio
Bethlem - Minha principal fonte de receita hoje na prefeitura, que é um convênio do Cad único... O cara simplesmente não prestou contas...
Vanessa - Por que você está falando baixo? Não tem ninguém aqui.
Bethlem - Porque eu simplesmente tô (sic) paranoico.
Vanessa Paranoico por quê?
Bethlem Telefone. Você sabe que os caras entram no telefone e vira um autofalante
Vanessa - E você tem motivo para ficar paranoico?
Bethlem - Como todo mundo. Você acha que alguém vai te denunciar no MP, por quê?
Vanessa - Por quê?
Bethlem - Porque eu sou alvo, Vanessa.
Bethlem - (...) Este mês infelizmente furou porque o cara não prestou contas e eu efetivamente não vou colocar meu rabo na janela (...) Por isso eu tô (sic) f* desse jeito... É a minha principal receita. (...)
Vanessa - Qual o nome do negócio?
Bethlem - É um convênio que eu tenho, o Cadastro Único.
Vanessa - O que é que tem isso?
Bethlem - É a minha principal fonte de renda hoje. O cara não prestou contas direito, o cara é um idiota, um imbecil. Não pude pagar o cara este mês, não recebi. (...) É uma receita que eu tenho certa até fevereiro, até março. Porque é um convênio de sete meses. (...)
Vanessa - E quanto dá isso?
Bethlem - Eu tenho de receita em torno de 100 mil reais por mês.
Vanessa - Quanto dá o CAD Único por mês?
Bethlem - Em torno de uns 65, 70.000. Depende do que ele receber, entendeu? (...)
Bethlem - Fora isso, tem o lanche e o meu salário.
Vanessa - Lanche? Que lanche?
Bethlem - O lanche que é servido... pelo cara que vende lanche para todos nas ONGs... é meu amigo.
Vanessa - Quanto é de lanche?
Bethlem - Em torno de 15.000 reais. O cara tá vendendo metade do que deveria vender
Com ajuda do deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB), Vanessa Felippe conseguiu recursos de concessionária municipal, do governo do Rio e de empresas. Publicação não tinha circulação relevante para mercado publicitário
Thiago Prado e Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
Revista da família Bethlem recebeu anúncios da Prefeitura do Rio (Reprodução/VEJA)
A influência do deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB) na Prefeitura do Rio de Janeiro, onde era homem forte do prefeito Eduardo Paes (PMDB), fez ele conseguir uma mesada superior a 65.000 reais de empresas contratadas pelo município, como revelou VEJA. Mas a família de Bethlem também conseguiu embolsar diretamente recursos municipais. A Prefeitura do Rio de Janeiro bancou anúncios na revista B4, que pertence a Vanessa Felippe, ex-mulher de Bethlem, e ao filho do casal, Jorge Felippe Bethlem.
B4 remete a Bethlem e aos quatro integrantes da família (Vanessa, Rodrigo e os filhos do casal). A revista deixou de circular. Teoricamente voltada para o público AAA, tratava de arquitetura, design, jóias e gastronomia. Mas, na prática, jamais foi vendida em bancas e não tinha circulação para ser considerada relevante no mercado publicitário.
Em uma edição com Oscar Niemeyer na capa, a prefeitura estampou um anúncio de duas páginas para divulgar o serviço 1746, o principal canal de comunicação da administração com os moradores. Quase todos os anúncios da publicação eram articulados por Bethlem, que foi secretário municipal de Ordem Pública, Assistência Social e Governo, de 2009 a 2014.
Ex-vice-presidente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj), cargo de confiança pelo qual recebia cerca de 10.000 reais por mês entre 2007 e 2012, Vanessa também conseguiu outra boquinha do governo do Estado do Rio de Janeiro. Como revelou a coluna Radar On-line, Bethlem promoveu um encontro de Vanessa com Wilson Carlos, braço-direto do ex-governador Sérgio Cabral, para facilitar anúncios na publicação. Foram repassados 36.750 reais pelo governo do Rio para anúncios na revista.
Vanessa também conseguiu ajuda financeira da concessionária Orla Rio, responsável pela administração dos quiosques na orla da cidade. Em conversas por e-mail com João Marcello Barreto, um dos sócios da empresa, ela acerta o pagamento de anúncios por três edições, no valor de 15.000 reais por edição.
"Vanessa, estive conversando internamente e podemos viabilizar da seguinte forma: 3 edições no valor de 15 mil cada uma=45 mil reais", diz João Marcello em e-mail.
A concessionária Porto Novo, responsável pelas obras do Porto Maravilha, também bancou anúncio na revista.
A publicação era mantida pela editora B4-Before Serviço de Edição. Diversas construtoras e empreiteiras também anunciaram na revista. A Guanabara Diesel e o Rio Ônibus, todas sob comando ou influência de Jacob Barata, o maior empresários de ônibus do Rio, também contribuíram para a revista de Vanessa em 2012.
Corregedor da Câmara, o deputado Átila Lins, do PSD do Amazonas, tem a mesma impressão do que qualquer sujeito de bem a respeito da confissão de Rodrigo Bethlem de que recebia propina de um fornecedor da Prefeitura do Rio de Janeiro.
O PPS protocolou ontem uma representação contra Bethlem. O documento está na Mesa Diretora, que deverá encaminhá-lo às mãos de Átila Lins nos próximos dias.
Beleza, e o que o corregedor fará com a escabrosa denúncia contra o colega? Lins avisa:
- Ficou muito explícito. Se ele não negou a veracidade das gravações até agora, quer dizer que são verdadeiras. Ele terá cinco dias para se defender e eu, 45 para me pronunciar, mas não precisarei de todo esse tempo.
Lins não estima o prazo necessário para enviar o caso ao Conselho de Ética, onde Bethlem responderá ao processo efetivamente.
Há um fenômeno curioso em curso. Alguns setores não se conformam que não exista ainda racionamento de água em São Paulo. Exigem que as torneiras dos paulistas fiquem secas para que suas respectivas teses possam se cumprir.
A ação mais curiosa vem de setores do Ministério Público Federal, que, parece, se esqueceram de que não foram eleitos para governar: não são, afinal de contas, Poder Executivo — não que se saiba ao menos. Nesta segunda, eles recomendaram que a Sabesp apresente um projeto para a adoção imediata do racionamento de água nas regiões atendidas pelo Sistema Cantareira e ameaçam com a adoção de medidas judiciais caso não sejam atendidos. Os doutores dizem ter em mãos estudos que apontam o risco de o sistema secar inteiramente em 100 dias. Os estudos da Sabesp são outros e, por enquanto, descartam o racionamento.
Não é preciso ser muito bidu para constatar que o racionamento vai punir, é evidente, os mais pobres. As casas e condomínios com grandes reservatórios de água não sentirão muito os efeitos da medida. Já as residências pobres, das periferias… Mas sabem como é: há um esforço evidente para politizar a questão.
O candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, resolveu fazer uma ironia nesta terça e cobrou que o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, “tire o racionamento do armário”. E afirmou, afetando o que parecia ser um orgulho: “Nós fomos a candidatura que mostrou, pela primeira vez, a irresponsabilidade do governo do Estado de São Paulo de não ter feito nenhuma das obras que estavam listadas há dez anos e colocar São Paulo numa situação de risco real de falta d’água”.
Pois é… O PT disputa com candidato próprio o governo de São Paulo desde 1982. Procurem, nestes 32 anos, quando foi que o partido tocou no assunto. A resposta, obviamente, é “nunca” — pela simples e óbvia razão de que o problema não existia. São Paulo, em especial a região da Cantareira, enfrenta a maior seca de sua história — a mesma que pressiona parte do setor elétrico na região Sudeste.
Há ainda outra coisa curiosa: a campanha em favor da economia, o bônus a clientes que reduzam o consumo e a diminuição da pressão estão se mostrando eficazes. O simples racionamento pode ser contraproducente porque o consumidor tende a estocar água quando volta o fornecimento.
Mais: a Sabesp tem como ações alternativas a transferência de vazões dos sistemas Alto Tietê, Guarapiranga e Rio Grande — para atender as regiões servidas pelo Cantareira — e o uso da “reserva técnica”, estupidamente chamada de “volume morto”. Aliás, seria “morto”, de fato, se ficasse lá para ninguém, enquanto as torneiras estivessem esturricadas.
Seria muito bom que, numa frente, o Ministério Público deixasse as questões de governo para quem foi eleito para governar — tendo a humildade intelectual, que é sabedoria, de ouvir as explicações técnicas da Sabesp. Sempre lembrando que o racionamento provoca graves problemas de manutenção na rede de distribuição. E seria bom que os políticos parassem de contar com o sofrimento do povo para conquistar alguns votos.
É isto: o petista Padilha quer secas as torneiras dos paulistas para ver se, de lá, escorrem alguns votos. Afinal, o seu estoque eleitoral está minguado mais do que o sistema Cantareira.
O Brasil certamente será melhor quando os políticos tentarem transformar em voto a alegria, não a tristeza.
Ministro afirmou que relatório publicado nesta terça, que aponta situação 'moderadamente frágil', teve como autor um economista de "escalão inferior"
Guido Mantega afirma que desconhece avaliação do FMI sobre o Brasil (Ueslei Marcelino/Reuters/VEJA)
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, desqualificou nesta terça-feira o relatório divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmando que o Brasil seria um dos países emergentes mais vulneráveis a mudanças na economia mundial. Por mais de uma vez, Mantega disse não ter informação sobre "o escalão" dentro do FMI responsável pelo relatório. "O relatório é de uma equipe do FMI que não sei quem é. Não é o diretor para o Hemisfério Sul", afirmou. O ministro disse que o relatório é de um escalão inferior.
Mantega afirmou que o Brasil tem um sistema financeiro sólido e pouco alavancado. "O Brasil tem uma situação bastante sólida, que nos permitiu atravessar as turbulências causadas pela retirada dos estímulos pelo Fed e isso foi superado e nos colocou à prova. Então, não faz sentido a conclusão desse relatório. Eu não li o relatório". "Com seis meses de atraso, o FMI repetiu o erro cometido no passado por outros analistas", declarou.
O ministro disse ainda que a avaliação feita no relatório não tem sido incluída nas análises das instituições financeiras respeitáveis. Ele afirmou que o déficit em transações correntes no ano passado foi afetado negativamente pelo déficit da conta petróleo, que, segundo ele, este ano, está melhor. A afirmação do ministro, contudo, é contrária aos próprios dados do Banco Central, que mostram o déficit num patamar muito acima do recomendável pelo FMI e acima também do resultado de 2013.
Relatório — Em relatório divulgado nesta terça-feira, o FMI alertou para a situação "moderadamente frágil" da economia brasileira. Segundo o fundo, odéficit em transações correntes, divulgado pelo Banco Central na sexta-feira, indica que os investimentos estrangeiros não são mais suficientes para cobrir os gastos dos brasileiros no exterior. Tal conta, diz o relatório, é o maior indicativo da fragilidade do país em momentos de turbulências externas. De acordo com o FMI, o Brasil consta, ao lado de Índia, Turquia, Indonésia e África do Sul, no grupo dos cinco emergentes mais vulneráveis. Desde o início do ano, o país tem sido colocado em tal posição devido ao avanço de seu rombo. Tal constatação foi feita, inclusive, pelo Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos.
As transações correntes mostram o fluxo de divisas que circula no Brasil por meio de importações, exportações e transferências de recursos. O montante é composto pelas contas da balança comercial, serviços, rendas e pelas remessas ao exterior. O déficit em transações correntes do Brasil somou 3,345 bilhões de dólares em junho. Em maio, o déficit das transações ficou em 8,3 bilhões, o pior desempenho para o mês desde o início da série histórica, em 1947. No acumulado de janeiro a junho de 2014, o déficit em conta corrente soma 43,311 bilhões de dólares, o equivalente a 3,47% do Produto Interno Bruto (PIB). No acumulado dos últimos 12 meses até junho, o saldo está negativo em 81,193 bilhões de dólares, o que representa 3,58% do PIB.
O relatório do FMI seria mais alarmante se o fundo tivesse levado em consideração os dados de 2014. O texto informa que, em 2013, o rombo externo fechou no vermelho em 2,9% do PIB, muito abaixo do verificado neste ano. A avaliação do Fundo é de que um déficit equilibrado está entre 1% e 2,5%. "Mesmo que tenham diminuído, os desequilíbrios ainda são muito grandes. Em linhas gerais, se somarmos todo mundo, eles são o dobro do que esperávamos ver. Isso não é razão para alarme. É razão para preocupação", disse Steven Phillips, do Departamento de Pesquisa do FMI, em conferência telefônica sobre o relatório, divulgado em conjunto com outro estudo sobre contágios econômicos.
Grupo foi beneficiado por liminar do desembargador Siro Darlan. Eles são acusados de organizar e praticar atos violentos durante protestos
Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
A black block Elisa Quadros, conhecida como Sininho, é presa no Rio de Janeiro (TV RBS/Reprodução)
O Ministério Público do Rio de Janeiro recorreu à Justiça nesta terça-feira contra o habeas corpus concedido a 23 black blocs, que permitiu ao grupo de baderneiros o direito de responder em liberdade às denúncias de associação criminosa armada. Investigados pela Operação Firewall da Polícia Civil, eles são acusados de organizar e praticar atos violentos em manifestações de rua.
O procurador de Justiça Riscalla Abdenur protocolou um agravo regimental na 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça. A intenção é fazer com que o desembargador Siro Darlan reconsidere a decisão favorável ao grupo concedida na semana passada.
Caso Darlan não reconsidere o habeas corpus, o procurador cobra que o caso seja analisado pelos três desembargadores da 7ª Câmara Criminal em até 48 horas. O promotor também afirma que, até o momento, não foi chamado a se pronunciar sobre o pedido de habeas corpus.
Apesar da decisão ser extensiva a 23 acusados, apenas três – Elisa Quadros, a Sininho, Camila Jourdan e Igor D'Icarahy – estavam presos quando a decisão provisória ordenou a libertação do grupo na quinta-feira passada. Dois dos envolvidos – Fábio Raposo e Caio Silva – permanecem presos pois respondem, em outro processo, pelo assassinato do cinegrafista Santiago Andrade, e existem contra eles ordens de prisão preventiva.
O grupo de black blocs começou a ser procurado pela polícia no dia 12 de julho, véspera da final da Copa do Mundo, quando a Polícia Civil deflagrou a última etapa da operação para prender suspeitos de planejar crimes em protestos durante a partida. Uma semana depois, a prisão temporária foi convertida em prisão preventiva porque o juiz Flávio Itabaiana Nicolau, da 27ª Vara Criminal da Capital, entendeu que os acusados ofereciam perigo à ordem pública. O desembargador Siro Darlan, no entanto, considerou que não havia necessidade de prisão pelo crime de associação criminosa e deixou que todos sejam julgados em liberdade.
“Quos volunt di perdere, dementant prius.” Eis um velho adágio latino. Podemos traduzi-lo assim: “Quando os deuses querem destruir alguém, começam por lhes tirar o juízo”. É o que me ocorreu ao saber que a presidente Dilma Rousseff afirmou, na sabatina a que se submeteu ontem, que as perspectivas negativas da economia são equiparáveis ao pessimismo pré-Copa. Ou por outra: seria tudo espuma sem fundamento. A presidente finge que os números não estão aí: juros de 11% ao ano, crescimento abaixo de 1% e inflação, hoje, acima do teto da meta, que é de 6,5%. No fim do ano, deve ficar pouco abaixo desse limite. Vale dizer: não estamos lidando com meras expectativas ou subjetivismos, mas com fatos realizados.
Nesta terça, veio o balde de água fria da realidade na cálida ilusão do palavrório. O FMI incluiu o Brasil no grupo das cinco economias mais frágeis entre os chamados países emergentes, na companhia de Índia, Turquia, Indonésia e África do Sul.
Segundo o Fundo, o Brasil pode ser afetado duramente pela retirada de estímulos à economia dos países ricos, com a consequente elevação da taxa de juros, e pelo crescimento abaixo do esperado dos emergentes. O Brasil pode ficar numa situação difícil, com queda do preço das commodities — o que seria péssimo para uma balança comercial já combalida —; dificuldades para contrair financiamento externo; redução de investimentos; queda no preço dos ativos em Bolsa e desvalorização cambial. O conjunto seria danoso para a expansão do Produto Interno Bruto.
Em agosto do ano passado, o banco americano Morgan Stanley já havia feito um alerta sobre as fragilidades desses cinco países. Por aqui, o governo deu de ombros, com a arrogância costumeira. Naquele caso, falava-se especificamente do fim do ciclo de estímulos à economia americana, que voltava a crescer. Foi batata! Nos meses seguintes, esses cinco países viram fuga de capitais e desvalorização de suas respectivas moedas. Ninguém, como o Brasil, sofreu tanto nesse processo.
É claro que não cabe a Dilma Rousseff, numa sabatina, admitir que a situação é muito difícil. Mas também é preciso tomar cuidado com a parvoíce e com o simplismo, que assustam ainda mais os agentes econômicos. Quando a presidente da República compara dificuldades reais da economia — para as quais o governo, até agora, não aponta respostas — com mero pessimismo sobre Copa do Mundo, dá evidentes sinais de alheamento da realidade.
Segundo o FMI, as principais dificuldades do país hoje são a baixa taxa de investimento e de poupança doméstica. O caminho seria atacar os gargalos de infraestrutura — especialmente no setor elétrico e de transportes —, adotar medidas que elevem a produtividade e a competitividade e mudar o rumo da prosa, não ancorando o crescimento apenas no consumo, como se fez nos últimos anos. Esse ciclo já se esgotou.
Ocorre, meus caros, que isso é tudo o que o governo tem demonstrado que não sabe fazer. Certo! Daqui a pouco, os propagandistas palacianos começam a atacar o FMI e, talvez, Lula venha a público com um palavrão novo — a exemplo do que fez ao contestar a avaliação negativa de um banco sobre a economia —, achando que resolve tudo no berro. Não resolve.
Há uma hora em que é preciso ter mais do que sorte e garganta; é preciso ter também competência.
Dos 52 projetos essenciais para a Olimpíada, 15 ainda estão sem custo e prazo de início de obras definidos
Parque Olímpico no Rio de Janeiro (Genilson Araújo/Agência O Globo)
Com novas obras licitadas, no Complexo Esportivo de Deodoro, os custos com projetos relacionados às arenas, para os Jogos Olímpicos de 2016, passaram de 5,6 bilhões de reais para 6,5 bilhões de reais. Essa diferença representa uma atualização da Matriz de Responsabilidade da Olimpíada, documento que enumera as obras fundamentais para o evento. Agora, os gastos com os Jogos de 2016 já alcançaram 37,6 bilhões de reais, assim distribuídos: arenas: 6,5 bilhões de reais; legado: 24,1 bilhões de reais; e investimento do Comitê Organizador da Olimpíada, 7 bilhões de reais. O orçamento previsto na candidatura brasileira era de 28,8 bilhões de reais.
"Não se trata agora de um aumento de custos. Como houve a licitação de 11 intervenções em Deodoro, as cifras foram atualizadas", disse, nesta terça-feira, no Rio, o presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), general Fernando Azevedo e Silva.
Dos 52 projetos essenciais para a Olimpíada, 15 ainda estão sem custo e prazo de início de obras definidos. Quando houver a licitação, os valores do gasto total com os Jogos vão ser alterados. "Essa mudança se dá automaticamente quando a licitação é feita. Portanto, são custos previstos", disse o general.
Vanessa e o pai Jorge Felippe: sempre em busca de dinheiro público
Apesar de gravar o ex-marido se auto incriminando, Vanessa Felippe Bethlem também foi muito ajudada por Rodrigo Bethlem nos últimos anos. Por isso, na estranha ética da política, está sendo considerada ingrata à boquinha que teve durante muito tempo.
Vanessa era proprietária de uma revista que estampava anúncios de diversas empresas – quase todos, articulados pelo próprio Bethlem. Nos áudios, Bethlem se compromete a promover um encontro de Vanessa com Wilson Carlos, braço-direito de Sérgio Cabral, para o governo do Estado pôr um anúncio na publicação.
Meses depois da conversa, em 2012, o repasse de fato aconteceu: 36 750 reais foram pagos pelo governo do Rio de Janeiro para anúncios na revista. Vanessa também tinha um cargo na Loterj e, mesmo com a separação, se recusava a deixar o posto.
A Guanabara Diesel e o Rio Ônibus, todas sob comando ou influência de Jacob Barata, o maior empresários de ônibus do Rio, também anunciaram na revista de Vanessa em 2012.
Vanessa deixa claro ainda, em outro áudio com Bethlem, que gostaria de dinheiro de Eduardo Paes em uma agência de propaganda em que ela teria participação.
- Você acha que consegue com o Eduardo uma conta grande para a agência? - Posso tentar. Minha relação com o Eduardo é difícil - Mas depois que colocar sabendo que é pra mim ele não vai tirar por causa do meu pai… (Jorge Felippe, presidente da Câmara de Vereadores e aliado de Paes). - Se seu pai pedisse…
Ministério Público constatou que a ONG Tesloo recebeu pagamento por serviços antes de serem efetivamente prestados
Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ), em 2013 (Armando Paiva/Futura Press)
O Ministério Público do Rio de Janeiro informou já ter provas suficientes de que o deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB), homem forte do prefeito Eduardo Paes (PMDB), cometeu improbidade administrativa na contratação irregular da ONG Tesloo, responsável pelo pagamento de propina. "Já tenho elementos para caracterizar improbidade administrativa e ele deve responder por isso", afirmou a promotora Gláucia Santana.
A promotora investiga contratações da entidade, firmadas na gestão de Bethlem à frente da Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio. Na última sexta-feira, VEJA revelou gravações de conversas telefônicas do deputado em que ele afirmava receber entre 65.000 e 70.000 reais por mês em comissões pagas pela Tesloo.
A Promotoria investiga por que o município do Rio de Janeiro contratou a Tesloo apesar de recomendação contrária, ainda em 2012, feita pelo Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro.O Ministério Público já constatou que a ONG foi paga por serviços antes de serem efetivamente prestados.
Apesar da investigação estar em curso há meses, a revelação feita por VEJA, de que o ex-secretário recebia pagamentos da Tesloo, motivou novas cobranças do Ministério Público. O vice-prefeito do Rio, Adilson Pires (PT), que responde pela Secretaria Municipal de Assistência Social, já foi alvo de três ofícios da Promotoria, em que é cobrado a enviar a íntegra dos processos administrativos com todas as contratações da Tesloo. A ordem foi ignorada, de acordo com a promotora Gláucia Santana. O último pedido venceu no dia 21 de julho.
Apesar da investigação em esfera administrativa, Bethlem só pode ser processado criminalmente pela Procuradoria-Geral da República pelos indícios de que montou um esquema de corrupção na Prefeitura do Rio.
A investigação não é a única iniciativa em andamento para devassar a atuação de Bethlem na administração municipal. Nesta segunda-feira, a Prefeitura do Rio deu início a uma auditoria especial para investigar irregularidades em todas as contratações firmadas por Bethlem nas pastou que comandou, de 2009 a 2014: Ordem Pública, Assistência Social e Governo.