quarta-feira 05 2014

10 plantas que mudaram o rumo da história

Veja.Com


Cana-de-açúcar


Originária da Nova-Guiné, a cana-de-açúcar começou a ser refinada há cerca de 2.500 anos, em Bihar, na Índia. Os lucros obtidos com o seu cultivo, baseado no trabalho escravo, impulsionaram a Revolução Industrial. Nas colônias americanas, a expectativa de vida média de um escravo de uma plantação de cana-de-açúcar era a metade daqueles que trabalhavam com algodão ou tabaco, devido ao ritmo frenético de trabalho e ao maior esforço físico. Apesar das leis contra o tráfico de escravos que começaram a ser adotadas em diversos países no século XIX, quem realmente acabou com a escravidão nas plantações de açúcar foi a economia. Nações como Alemanha e França começaram a extrair açúcar da beterraba, que surgiu como uma opção ao monopólio britânico sobre a cana-de-açúcar. Em 1845, a beterraba esmagava o comércio de açúcar do continente americano. Muitos proprietários de plantações de cana-de-açúcar se salvaram graças às indenizações pagas pela perda de seu negócio.

Tabaco

Quando chegou à Europa, o tabaco era considerado um "remédio infalível". Talvez isso explique como essa planta, apesar de todo o mal que reconhecidamente provoca ao organismo, se difundiu pelo mundo. Provavelmente originária da Bolívia e do noroeste da Argentina, a "Nicotiana tabacum" foi levada da América ao Velho Continente pelos colonizadores europeus. No século XVI, o tabaco despertou o interesse de Jean Nicot, embaixador francês na corte portuguesa. Ele utilizou a planta para tratar úlceras e deu origem ao hábito de inalar a folha moída. Em 1571, o médico espanhol Nicolás Monardes revelou que o tabaco podia curar até vinte doenças, como enxaqueca, gota, dor de dente e febre intermitente. O tabaco começou a receber críticas no século XVII, mas só em 1952 foi desmascarado pela revista "Reader’s Digest" como o "maço do câncer".

Samambaia

Usadas para decoração, geralmente com suas longas folhas pendendo de vasos suspensos, as samambaias estão entre as plantas mais antigas do mundo, com 335 milhões de anos. Naqueles tempos remotos, quando todos os continentes ainda estavam unidos em um grande bloco chamado Pangeia, folhas de samambaias, cavalinhas e licófitas (grupo mais antigo de plantas ainda presente, em ervas) caíram e foram enterradas sob sedimentos. As folhas se transformaram em uma camada esponjosa denominada turfa e, com o passar dos milênios, foram comprimidas até se transformarem em uma matéria negra, rica em energia: o carvão. Restos de samambaias impulsionaram a Revolução Industrial, e são até hoje uma das principais fontes de energia utilizadas pela humanidade.

Soja

Os registros mais antigos de cultivo de soja na China e no Japão são dos tempos da dinastia Chou chinesa, que terminou em 770 a.C.. O alimento, um dos mais importantes da culinária oriental, pode ser consumido fresco, em brotos, fermentado ou seco. Alguns subprodutos dessa versátil semente são leite, óleo e farinha – além do shoyu, famoso molho japonês. Trazida do Japão ao ocidente por missionários holandeses, a soja não prosperou sob o frio da Europa setentrional, mas vingou na América. A partir de 1920, a semente passou a ser utilizada em diversos tipos de alimentos industrializados e colaborou com o aumento da produção de carne, servindo como ração para animais. O desenvolvimento de versões geneticamente modificadas (GM) na década de 1980 era a esperança de alguns cientistas para o fim da fome mundial, mas, na prática, essa semente criou problemas como a resistência a herbicidas. Fazendeiros brasileiros resistiram à soja transgênica, mas foram derrotados em 2002. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, hoje a área plantada no Brasil com soja geneticamente modificada representa 90% do total. O país é o segundo produtor mundial de soja. Na safra 2012/13, a produção de 82 milhões de toneladas quase passou a dos EUA, que atingiu 82,6 milhões. Atualmente, a crescente expansão do cultivo de soja na América do Sul preocupa ambientalistas, principalmente em razão de seu impacto sobre a Floresta Amazônica.

Algodão

O algodão é uma das mais importantes culturas não alimentícias do mundo. Seu fio serve de matéria-prima para a confecção de tecidos e materiais como ataduras, gaze e papel. A semente pode ser transformada em sabão, margarina e óleo de cozinha, enquanto as fibras que aderem à semente são empregadas em cosméticos e plásticos. Até goma de mascar contém celulose do algodoeiro. O trabalhoso processo de remover as sementes da cápsula do algodão, esticar a fibra e tecer o fio foi industrializado aos poucos. Na década de 1760, o inglês James Hargreaves lançou uma máquina de fiar operada por uma só pessoa que produzia vários fios de uma vez. Alguns anos mais tarde, foi lançado um equipamento capaz de produzir mil fios simultaneamente. O crescimento da produção nos Estados Unidos fez a posse de escravos disparar. Em 1855, quase metade da população do sul do país era composta por escravos africanos, e estima-se que 3,2 milhões deles trabalhavam nas plantações de algodão, tabaco e açúcar. Após a Guerra Civil Americana e o fim da escravidão no país, a produção de algodão foi transferida para outras partes do mundo, como a China e a África Ocidental.

Uva

Não se sabe qual foi o primeiro povo a transformar a uva em vinho, e quando isso aconteceu. A bebida pode ter sido produzida pela primeira vez no Irã, há 5.500 anos, ou na atual Turquia ou Geórgia, 2.000 anos antes. Independentemente do local de origem, é provável que o vinho seja uma feliz invenção do acaso. À semelhança de diversas frutas, as uvas contêm suco e açúcar, e, por isso, têm uma tendência natural à fermentação. Basta encontrar uma levedura para que isso ocorra – e algumas estão presentes na própria casca da fruta. O advento da rolha e da garrafa marcou um estágio importante no desenvolvimento do vinho. Do século XVIII ao XIX, oito de cada dez italianos trabalhavam com a bebida. A introdução da videira nos Estados Unidos acarretou em um problema que viria a devastar vinhedos europeus na década de 1860: a disseminação da filoxera, um pequeno inseto destruidor de uvas, levado à Europa pelos barcos a vapor. Demorou quase um século para a indústria se recuperar. Entre 1910 e 1911, trabalhadores da província francesa de Champagne invadiram suas fábricas de vinho, destruindo garrafas e barris e atirando uvas no rio, em protesto contra a decisão de trazer uvas de fora da região para compensar as perdas provocadas pelo inseto. Mais tarde, o governo aplicou uma medida que impedia que qualquer vinho espumante produzido fora daquela região fosse denominado champanhe. O vinho se disseminou pela cultura europeia por causa do Império Romano, que plantava videiras em todos os seus territórios, e a apropriação da bebida pelo Cristianismo.

Milho

Terceiro cereal mais importante do planeta, depois do arroz e do trigo, o milho foi originalmente cultivado pelos indígenas americanos. Antes de ser levado ao Velho Mundo por Cristóvão Colombo, ele sustentou as civilizações maia, asteca, inca e tolteca. Um século depois, o cereal já havia alcançado a China. O milho ganhou popularidade entre os novos habitantes da América quando os colonos de Jamestown, primeiro assentamento britânico fundado em caráter permanente no continente americano, escaparam de morrer de fome recorrendo ao milho nativo, até então considerado "lixo selvagem".

Trigo

Acredita-se que o trigo foi a primeira plantação da Idade da Pedra, tendo alimentado boa parte do mundo – tanto humanos quanto animais de criação – desde então. Ele já foi sinal de poder: no século III a.C., quando Roma enviou suas tropas para conquistar novos territórios na Sicília, Sardenha, norte da África, Egito e Espanha, um dos objetivos era garantir o suprimento de trigo. O colapso do Império Romano foi acompanhado pela perda dos campos de trigo. Na época das grandes navegações, essa planta ajudou marinheiros portugueses e espanhóis a explorar o Atlântico. Navegadores viajavam com sacos de cereais nos porões do navio e, ao aportar e ilhas intermediárias, como as Canárias, semeavam e colhiam o trigo para se alimentarem durante o próximo trecho da viagem. O trigo foi uma das plantas que mais modificou a paisagem rural europeia. Além dos moinhos, celeiros e silos usados para processar e armazenar os grãos, havia grandes celeiros, parecidos com catedrais, com compartimentos para armazenar os feixes de trigo e um espaço de debulha.

Arroz

O arroz rivaliza com o trigo como uma das culturas alimentícias mais importantes do planeta. Plantado em mais de 100 países, ele constitui 30% da produção mundial de cereais. Os arrozais modificaram a paisagem dos países produtores, principalmente os asiáticos, que cultivam cerca de 90% do arroz do mundo: em planícies ou terrenos escalonados em encostas de morros, eles são um cartão-postal do continente. No fim do século XX, quando o metano foi identificado como um dos causadores do efeito estufa, cientistas ocidentais apontaram a produção do arroz como uma das grandes emissoras desse gás, responsável pela liberação de mais de 37,8 milhões de toneladas de metano na atmosfera. Pesquisadores indianos, porém, argumentaram que a emissão poderia ser de apenas um décimo daquela medida. Para eles, o culpado não era o arrozal, mas a extrapolação estatística baseada em pesquisas relativamente pequenas.

Seringueira

A seringueira era conhecida como “madeira chorosa” pelas civilizações sul-americanas. Quando os espanhóis chegaram à América, os indígenas já cortavam a casca da seringueira e colhiam a seiva leitosa – o látex. O que determinou a corrida pela borracha, porém, viria apenas séculos depois: os pneus de automóvel. Muitos fazendeiros americanos abandonaram suas pequenas propriedades para coletar o látex. As árvores e os povos indígenas da região foram intensamente explorados. Com a redução dos suprimentos naturais, tiveram início esforços para levar a seringueira para a Europa. Muitas remessas de sementes morreram durante a viagem, até que, em 1876, o plantador inglês Henry Wickham conseguiu fazer a sementes germinarem fora de sua terra natal. Em 1910, havia cerca de 2,5 milhões de pneus em circulação. Apenas oitenta anos depois, com três quartos da borracha do mundo dedicadas à produção de pneus, eles chegaram a 860 milhões. A borracha seria usada também em aviões supersônicos, pisos à prova de faísca em fábricas de fogos de artifício e preservativos, que, além da contracepção, representaram um avanço no combate à aids.

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