quarta-feira 01 2014

Alho: o melhor tempero contra o câncer


Basta um dente de alho por dia para você começar a se prevenir de tumores dos pés à cabeça. Entenda como a poderosa especiaria defende o organismo contra o câncer.


Passados milênios desde os primeiros registros sobre as propriedades do alho, o pequeno bulbo de gosto ardido e inconfundível continua surpreendendo. A última constatação a seu respeito vem do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Província de Jiangsu, na China. Os pesquisadores de lá descobriram, após analisar o hábito de cerca de 6 mil pessoas, que comer alho diariamente derruba em 44% o risco de câncer nos pulmões. E mesmo entre fumantes, que são muito mais expostos a essa ameaça, a taxa de incidência entre consumidores assíduos de alho era 30% menor.

O poder do Allium sativum, nome científico da erva, está relacionado particularmente a um elemento: a alicina. "Ela faz parte dos compostos organossulfurados, substâncias químicas que demonstram muitos benefícios à saúde", informa a nutricionista Jocelem Salgado, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, no interior paulista. "Por ser um dos vegetais com maior concentração de alicina, o alho é considerado hoje um superalimento", ressalta.

O poder da alicina está em sua ação antioxidante. "Ela inibe os radicais livres, amenizando o envelhecimento celular, e isso diminui o risco de alguns tipos de câncer", diz a nutricionista Yara Severino de Queiroz, que avaliou o tempero em experimentos na Faculdade de Saúde Pública da USP. A alicina ainda resguarda diretamente o DNA das células. "Ela evita mutações no código genético, um dos gatilhos para tumores", diz o médico Alexandros Botsaris, presidente da Associação Brasileira de Fitoterapia. E a presença das vitaminas A e C e do selênio — outros antioxidantes de peso — reforçam seu efeito protetor. 

De acordo com outro estudo, da Universidade do Sul da China, o alho favorece um processo conhecido como apoptose, um suicídio celular programado. É esse fenômeno que garante odescarte de células velhas, que não estão mais cumprindo o seu papel.

Já se sabe que o alimento ajuda no combate ao câncer no estômago. "Suas substâncias combatem a proliferação da bactéria Helicobacter pylori, uma das responsáveis pelo aparecimento da doença ali", aponta o nutricionista Fábio Gomes, do Instituto Nacional de Câncer. O alho ainda marca presença especial na luta contra os tumores no fígado.

Mas, afinal, quanto você deve comer de alho para obter tamanha proteção? "A maioria dos estudos mostra que o consumo de um dente grande por dia é o suficiente", indica a nutricionista oncológica Thaís Manfrinato Miola, do A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo. "O ideal é utilizá-lo in natura, amassado ou picado, e esperar de cinco a dez minutos antes de ingerir", complementa. É que nesse período ocorre um aumento na disponibilidade da prestigiada alicina. 

Alho é remédio!

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, deve incluir o tempero na lista de fitoterápicos liberados no Brasil em 2014. A ideia da entidade é que médicos possam receitar o bulbo ou seu extrato como tratamento coadjuvante para hipertensão moderada e prevenção de problemas cardiovasculares. 

Alho frito

Cerca de 90% da alicina é destruída se o alho é colocado em óleo quente. Por isso, evite essa preparação sempre que possível.

Alho processado

Apesar da praticidade, deixa a desejar, já que algumas marcas têm conservantes como sódio. Além disso, boa parte dos nutrientes vai embora. 

Alho cru

Fornece os maiores benefícios. Deve ser esmagado ou cortado, para travar contato com o oxigênio e aumentar, assim, o teor de alicina disponível. 

Alho cozido

As substâncias do alimento se mantêm na panela desde que a temperatura não ultrapasse os 60 ºC. Então, nada de passagens longas sobre o fogão. 

E o bafo?

Não há um método que seja 100% eficaz para acabar com o mau hálito proveniente do alho. "Dá para mascarar o cheiro com chicletes sabor menta, hortelã ou um pouco de café", sugere a nutróloga Marcella Garcez Duarte, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia. Salsinha ou maçã são alternativas. Mas saiba: um pouco do cheiro é exalado até pelo suor. Portanto... 

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