Resistir sem violência, ater-se a um sonho, transformar o mundo a partir de um ideal. Que exemplos do líder africano podemos seguir e copiar?
Por Ana Kessler 10/dez/2013 14:25
Resistir é bom, resistir sem violência é muito melhor – Aprender a controlar os nervos exige treino. Desde pequeno. Isso não quer dizer que devemos estimular a passividade, mas sim a indignação responsável. O primeiro nome de Mandela, em xhosa (subgrupo étnico dos bantos), era Rolihlahla Dalibhunga Mandela, sinônimo de "agitador". Conhecido na faculdade de advocacia como “rebelde”, foi líder da resistência não violenta da juventude contra o regime segregacionista do Apartheid. Não basta lutar, é preciso lutar com sabedoria. Em outras palavras, a rebeldia de nossos filhos, se bem direcionada, pode render frutos. Não reprima, oriente.
Ao longo da vida, nossas convicções mudam várias vezes e de várias formas conforme amadurecemos e passamos por diferentes fases e experiências. É o famoso “nunca diga nunca”. Porém, há uma linha mestra que nos rege, nossos “Dez mandamentos” pessoais, e estes são imutáveis. Não roubar, não matar, não participar de intrigas, ser honesto, entre outros, são valores familiares que nos orgulham e perpassam gerações. Ensinar nossos filhos a distinguir uma “opinião” de um “valor” é um dos tesouros que lhes deixamos de herança. Para Mandela, liberdade, Justiça e democracia eram valores inegociáveis. E para você?
Sonhe – Você é o que você acredita. E se torna o que faz com o que acredita. Mandela tinha um sonho."Durante a minha vida, dediquei-me a essa luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca, lutei contra a dominação negra. Acalentei o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e realizar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer", declarou, em 1962, em uma das diversas vezes que foi levado a um tribunal por desobedecer a restrições impostas pelo Apartheid. Condenado a prisão perpétua em 1964, se manteve firme e fiel ao que acreditava até ser solto, em 1990. Nunca deixou de lutar. E de acreditar.
E nós, ao que almejamos? Quais são os nossos sonhos? Eles vão além de comprar uma casa, um carro, conquistas materiais? Contribuirão eles para um mundo melhor, além de mero conforto, para os nossos filhos? Ensinamos nossos filhos a sonhar e a lutar pelo que acreditam ou lhe entregamos tudo de mão beijada? São questões para pensarmos.
Não há garantias para o sucesso, mas é melhor tentar –Uma das piores coisas que podemos fazer aos nossos filhos é dar-lhes tudo, transformar seus desejos em realidade sem exigir-lhes que se esforcem. Mas pior que isso é deixá-los desistir, abandonar algum projeto pelo meio do caminho. Insista, empurre, estimule. Ninguém chega a lugar nenhum sem esforço. É preciso incutir nas nossas crianças a ideia da perseverança. Nada cai do céu sem suor e lágrimas. E nada é mais recompensador do que a vitória que conquistamos com nosso empenho. Tentar e errar faz parte da vida. Mas a gente só acerta se tentar de novo, e de novo e de novo...
Mandela passou 27 anos preso. Poderia ter achado que era o fim, ou que não valesse mais a pena tentar. Mas nunca desistiu. Vencer é bom, superar-se é ainda melhor. São estes que admiramos. São estes os homens admiráveis.
E você, que valores repassa aos seus filhos?
* As imagens Creative Commons, do topo e de Mandela, são respectivamente de Ted Eytan e H. Michael Karshis.
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