Chuvas
Secretaria Estadual de Ambiente divulga rotas de fuga para quem mora em locais perigosos. Casas populares e radares meteorológicos prometidos não foram entregues no prazo
Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
Chuvas na cidade de Petrópolis (RJ) provocaram mortes e deixaram centenas de pessoas desalojadas e desabrigadas, em 2011 (Tânia Rêgo/ABr)
O principal mecanismo de defesa contra as tragédias das chuvas de verão na Região Serrana do Rio continua a ser, dois anos depois da tempestade que matou cerca de mil pessoas, o “salve-se quem puder”. Nesta terça-feira, a Secretaria Estadual de Ambiente apresentou aos moradores de Petrópolis os Planos de Prevenção e Enfrentamento de Acidentes e Desastres Naturais. Trata-se de um conjunto de instruções que, no fim das contas, transfere para o morador a tarefa de conseguir escapar da enxurrada. Além de apresentar rotas de fuga e pontos de apoio, o estado distribuirá kits com ímãs de geladeira com orientações para desocupação imediata, como desligar o gás para minimizar riscos de explosões antes de deixar a moradia.
Planos de emergência são comuns em áreas sujeitas a catástrofes naturais, como furacões, terremotos, maremotos ou riscos de acidentes com produtos tóxicos. É desejável, inclusive, que as ações de defesa civil sejam difundidas não só para quem mora em áreas de risco. O problema, no estado, é que pouca coisa andou desde a maior tragédia natural do país: casas em áreas seguras não ficaram prontas, e os radares prometidos para dar precisão às previsões meteorológicas só devem chegar depois do verão.
O que os moradores de Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis, Bom Jardim, Areal, Sapucaia, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto vão receber, a partir desta terça-feira, é um pacote de improvisos. Um dos itens preparados para os moradores de áreas de risco é uma pasta plástica “com vedação impermeável” para guardar documentos importantes.
Na última quinta-feira, o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), pré-candidato ao governo do estado do Rio, participou de um evento no Palácio Guanabara que reuniu prefeitos das regiões mais afetadas pelas chuvas. Em tom de campanha, Pezão enumerou as obras realizadas pelo governo do estado e divulgou o cronograma das inaugurações – a maioria concentrada no período de campanha eleitoral.
Questionado sobre o atraso das obras e da construção de 8.000 unidades habitacionais prometidas em janeiro de 2011, Pezão atribuiu a demora a dificuldades de encontrar terrenos em áreas seguras para construir casas e dificuldades com a Lei 8.666, de licitações, que segundo ele impõe trâmites lentos para a reconstrução de áreas afetadas e de novas moradias. Segundo a Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, 6.589 famílias de oito municípios da Região Serrana (Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis, Bom Jardim, Areal, Sapucaia, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto) recebem o aluguel social há três anos - mesmo tempo de espera por casas fora de áreas de risco.
A chuva já fez vítimas no Rio neste fim de ano. Em Macaé, no último domingo, uma crianças de 6 anos morreu em um desabamento. Na semana passada, um homem morreu em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, em decorrência das chuvas. As cidades do Noroeste Fluminense estão em alerta para a cheia dos Rios, e a previsão de mais chuva esta semana põe em alerta municípios em todo o estado. Em Teresópolis, as sirenes que alertam para o risco de desabamento foram acionadas no último domingo. A cidade de Santa Maria Madalena teve 30 casas destruídas por um deslizamento de terra.
Chuvas na cidade de Petrópolis (RJ) provocaram mortes e deixaram centenas de pessoas desalojadas e desabrigadas, em 2011 (Tânia Rêgo/ABr)
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