São Paulo
Homem forte de sua gestão, o nome do secretário Antonio Donato (Governo) foi citado pelos auditores investigados por desvios no recolhimento do ISS
NA BERLINDA - O secretário Antonio Donato, que pode perder o cargo (Marcelo Brammer/Brazil Photo Press/Folhapress)
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), teve de voltar a dar explicações nesta terça-feira sobre as ligações de homens de confiança da sua gestão com a quadrilha suspeita de desviar 500 milhões de reais dos cofres da cidade. Haddad precisou defender mais uma vez o secretário de Governo, Antonio Donato (PT), e enfrenta forte pressão para demiti-lo do cargo.
Reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostra que o auditor investigado Eduardo Horle Barcellos trabalhou três meses na equipe de Donato. Barcellos foi um dos fiscais presos na investigação da Controladoria Geral do Município e do Ministério Público Estadual. O nome de Donato também apareceu em escutas autorizadas pela Justiça como suposto beneficiário de 200 000 do esquema de propina para sua campanha a vereador em 2008, o que ele nega. Politicamente, a situação do homem forte da gestão Haddad, entretanto, é bastante complicada. Integrantes do governo municipal e até do PT pressionam para que ele deixe o cargo imediatamente para minimizar o desgaste de Haddad. A situação de Donato deverá ser definida nesta tarde em reunião da cúpula da administração municipal.
"O Donato conhecia o Ronilson [Rodrigues, apontado como líder da quadrilha] e o [Eduardo] Barcellos da Câmara. Inclusive, os dois chegaram a apresentar estudos durante a campanha eleitoral sobre IPVA, sobre ISS. Tentaram uma aproximação, no sentido de mostrar que eram servidores públicos apartidários", disse Haddad. "Então, eram pessoas que tentavam se aproximar de quem tinha expectativa de poder. Como, aliás, toda a pessoa desse tipo faz. Tenta se aproximar de quem tem influência para se proteger. Não é absurdo que eles tenham feito isso", completou.
Hoje, o prefeito afirmou que a quadrilha procurou Donato para tentar "se proteger" e que "não é absurdo que tenham feito isso".
Em outra reportagem, o jornal O Estado de S. Paulo mostrou um diálogo entre os auditores no qual o auditor Ronilson Rodrigues afirma que vai chamar Donato e Douglas Amato, atual subsecretário de Receita da cidade. O prefeito saiu em socorro de Amato. "Até o momento, essa investigação não o compromete", disse Haddad. Ele afirmou que Amato já foi investigado. "Porque ele era da equipe do Mauro Ricardo [ex-secretário de Finanças], então estava no núcleo duro da Secretaria de Finanças. Como três ou quatro integrantes da equipe do Mauro Ricardo estavam envolvidos, foi feita essa apuração preliminar."
O prefeito afirmou, no entanto, que o controlador da cidade, Mário Spinelli, tem "carta branca" para investigar qualquer servidor do Executivo. "Se ele amanhã entender que precisa abrir uma frente de investigação, pode ser sobre alguém da administração anterior, alguém dessa, de dez anos atrás, não importa".
Kassab - Questionado sobre as críticas feitas pelo ex-prefeito Kassab à sua gestão, Haddad afirmou que o antecessor ficou estressado. "Acho que ele ficou estressado, depois foi a público de novo moderar. É natural o estresse, até porque São Paulo nunca passou um processo tão agudo de combate a corrupção", disse o prefeito. Kassab se irritou depois que Haddad afirmou à Folha de S.Paulo que a gestão anterior era um "descalabro".
Segundo o prefeito, os dados cadastrais do IPTU devem passar por um pente-fino. "No caso do IPTU nós estamos iniciando as investigações com base nas escutas que foram feitas. São casos isolados, mas representativos, em grandes equipamentos", disse. "Ninguém vai fazer uma falcatrua num imóvel isento. Vai fazer num grande equipamento, onde está eventual fonte de propina. O IPTU deixa rastro, porque os sistemas são informatizados."
(Com Estadão Conteúdo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário