Com oito propostas e cinco consórcios, Galeão é arrematado por consórcio liderado por Odebrecht; consórcio liderado por CCR arremata Confins
SÃO PAULO - Oito propostas e cinco consórcios disputaram o leilão dos aeroportos de Galeão (RJ) e Confins (MG), realizado na manhã desta sexta-feira, 22, na sede da BM&FBovespa, São Paulo.
Os vencedores foram os consórcios que ofereceram os maiores lances para cada aeroporto. Na etapa viva voz, o lance mínimo, acima da maior oferta, era de R$ 500 milhões para Galeão e de R$ 100 milhões para Confins. De acordo com as regras, um consórcio não pode vencer o leilão em dois aeroportos.
Por Galeão, o consórcio Aeroportos do Futuro, liderado por Odebrecht, foi o vencedor, com proposta de R$ 19,018 bilhões pelo aeroporto (ágio de 293%).
Já para Confins, o consórcio AeroBrasil, liderado por CCR foi o vencedor, com proposta de R$ 1,820 bilhões, após disputa de lances.
Ofertas iniciais por Galeão:
Consórcio Aeroportos do Futuro, formado por Odebrecht e TransPort, com 60%, e a operadora do aeroporto de Cingapura Changi, com 40%, ofereceu R$ 19,018 bilhões, ágio de 293%.
Consórcio Sócrates, formado pela Carioca Engenharia, GP Investimentos e as operadoras dos aeroportos de Paris (Aéroports de Paris - ADP) e de Amsterdã (Schiphol), ofereceu R$ 14,5 bilhões, ágio de 200,3%.
Consórcio Novo Aeroporto Galeão, formado pelas empresas EcoRodovias e Fraport, cada uma com 42,5%, e por Invepar, com 14,99%, ofereceu R$ 13,113 bilhões, ágio 171,6%.
Consórcio AeroBrasil, formado por CCR e a operadora suíça Flughafen Zurich AG, que administra o aeroporto de Zurique, ofereceu R$ 10,350 bilhões, ágio de 114,4%.
Consórcio Aliança Atlântica Aeroportos, formado por Queiroz Galvão e Ferrovial, ofereceu R$ 6,567 bilhões, ágio de 36%.
Ofertas iniciais por Confins:
Consórcio AeroBrasil, formado por CCR e a operadora suíça Flughafen Zurich AG, que administra o aeroporto de Zurique, ofereceu R$ 1,4 bilhões, ágio de 27,7%.
Consórcio Aeroportos do Futuro, formado por Odebrecht e TransPort com 60% e a operadora do aeroporto de Cingapura Changi com 40%, ofereceu R$ 1,335 bilhões, ágio de 21,8%.
Consórcio Aliança Atlântica Aeroportos, formado por Queiroz Galvão e Ferrovial, ofereceu R$ 1,096 bilhões, sem ágio.
Entenda o leilão
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os aeroportos de Galeão e Confins respondem, juntos, pela movimentação de 14% dos passageiros, 10% da carga e 12% das aeronaves do tráfego aéreo brasileiro. O lance mínimo para o terminal fluminense foi de R$ 4,828 bilhões, com concessão válida por 25 anos, prorrogável por mais cinco. Já para o aeroporto mineiro, o lance mínimo foi de R$ 1,096 bilhão, com concessão válida por 30 anos, prorrogável também por mais cinco.
O modelo da concessão mantém a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) como sócia de 49% do empreendimento. O edital exigia a presença nos consórcios de um operador aeroportuário com experiência em terminais com movimento superior a 22 milhões de passageiros por ano para o Galeão e de 12 milhões de passageiros anuais para Confins.
Os futuros concessionários dos aeroportos do Galeão e Confins vão receber os terminais, em 17 de março de 2014, com obras inacabadas, insatisfação dos usuários e um curto prazo para atender às exigências previstas no edital, a tempo da realização da Copa do Mundo, em junho. Nos dois terminais do Galeão, os investimentos da Infraero serão de R$ 443,5 milhões, mas os resultados ainda não foram sentidos.
Já as obras que estão sendo realizadas pela Infraero em Confins têm previsão de término em abril de 2014. A mudança faz parte do PAC Copa e até o evento serão investidos em Confins R$ 430 milhões.
A expectativa de bons resultados no curto prazo fazem do Galeão a "joia da coroa" do leilão. Em 2012, o terminal gerou um Ebtida (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 106 milhões, segundo o banco Credit Suisse. Foram 17,5 milhões de passageiros, 25% deles em voos internacionais, o que o coloca como quarto maior terminal da América Latina e com potencial para se tornar um ‘hub’, polo de distribuição dos passageiros em conexão para destinos regionais.
Confins, por sua vez, tem seu potencial de retorno questionado pelos analistas de mercado, sobretudo em relação às exigências para obras de ampliação. A maior dúvida é sobre a projeção do governo, de crescimento médio anual de 4,7% no número de passageiros, pois há dois anos Confins enfrenta queda no movimento. Atualmente, passam 10,2 milhões de passageiros por ano pelo aeroporto e após a obra, a expectativa é que o número aumente para 17,1 milhões.
Companhias aéreas. As companhias aéreas enxergam na nova rodada de leilões de aeroportos uma oportunidade de trazer ao Brasil um modelo de gestão mais eficiente da infraestrutura, mas temem aumentos de custos operacionais. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, o receio do setor é de que as concessionárias onerem as companhias aéreas para recuperar os investimentos feitos para conseguir a concessão.
"A Abear se manifestou contra o modelo de concessão pela maior outorga nas audiências públicas. Se novos aeroportos forem privatizados, vamos voltar a defender que o vencedor seja a operadora que oferecer a menor tarifa, como foi feito com as rodovias", lembrou Sanovicz. Para ele, o modelo se encaixa melhor em cidades com maior atratividade turística. "O Aeroporto do Recife, por exemplo, tem um potencial para ser um hub e tem grande apelo para o passageiro sensível a preço", disse. (Colaboração de Antonio Pita e Florence Couto dos Santos, especial para o Estado, e Marina Gazzoni)
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