São Paulo
Reportagem de VEJA desta semana revela que o crime teria sido encomendado por um procurador ligado ao ex-prefeito Kassab. Palocci caiu com a revelação de que havia recebido 20 milhões de reais em consultorias
Daniela Lima e Bela Megale
DESSA VEZ, ELE FOI A VÍTIMA - Acusado de quebrar o sigilo do caseiro Francenildo em 2006, Palocci, segundo uma testemunha, teve seus dados fiscais violados por Ronilson Bezerra, hoje apontado como o líder da quadrilha dos auditores (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
A roubalheira dos fiscais na prefeitura de São Paulo levou a uma troca de acusações entre o atual prefeito, Fernando Haddad (PT), e seu antecessor, Gilberto Kassab (PSD) e custou o pescoço do homem forte do primeiro. O secretário de Governo de Haddad, Antonio Donato, foi acusado de receber uma mesada de 20 000 reais da quadrilha e, na semana passada, pediu para sair — não sem antes dar entrevistas disparando farpas em direção ao secretário de Finanças da gestão Kassab, Mauro Ricardo. Temeroso de que os episódios abalassem o acordo entre o PT e o PSD para a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula veio a público acalmar os litigantes: “As pessoas têm consciência de que uma divergência política numa cidade não pode atrapalhar uma aliança nacional”, declarou.
Agora, porém, um depoimento sigiloso no inquérito dos fiscais ameaça abrir uma crise de proporções bem maiores entre os dois partidos. Segundo contou ao Ministério Público uma pessoa identificada como “testemunha Alpha”, a queda do ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci em 2011 foi consequência de um crime de quebra de sigilo fiscal. Esse crime, afirma a testemunha, foi encomendado ao então subsecretário municipal de Receita da prefeitura Ronilson Bezerra Rodrigues, hoje apontado como um dos líderes da quadrilha dos fiscais do ISS. O pedido para que ele violasse o sigilo de Palocci teria partido do procurador do município Silvio Dias, que foi secretário adjunto de Finanças de Kassab de 2008 até abril de 2011. Em 2006, Palocci já tinha sido forçado a deixar o governo diante da acusação de ter ordenado a quebra do sigilo fiscal do caseiro Francenildo Costa, que o havia desmentido quando ele negou que visitasse uma casa em Brasília frequentada por lobistas.
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