terça-feira 12 2013

Elo com fiscais investigados derruba secretário de Haddad

São Paulo

Secretário de Governo de São Paulo, Antonio Donato nomeou o auditor investigado Eduardo Horle Barcellos para sua equipe; petista também foi citado em escutas autorizadas pela Justiça para investigar a máfia do ISS

Felipe Frazão
Antonio Donato (PT), secretario municipal do governo de São Paulo
Antonio Donato (PT), secretario municipal do governo de São Paulo (Marcelo Brammer/Brazil Photo Press/Folhapress)
O escândalo dos desvios na cobrança do imposto sobre serviços (ISS) em São Paulo derrubou nesta terça-feira o secretário de Governo da cidade, Antonio Donato, homem forte da gestão Fernando Haddad (PT). Vereador licenciado pelo PT, Donato entregou seu pedido de demissão no início da tarde, que foi aceito pelo prefeito.
O mais cotado para assumir a vaga é o atual secretário de Saúde, José de Filippi Júnior. Ex-prefeito de Diadema (SP) e deputado federal licenciado, Filippi é homem de confiança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - foi tesoureiro das campanhas de Lula e de Dilma Rousseff.
A decisão de Donato foi comunicada ao prefeito em reunião no gabinete de Haddad com o vereador Paulo Fiorilo (PT), o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o ex-prefeito de Osasco, Emídio de Souza, que vai comandar o PT estadual.
Nesta terça-feira, Haddad mais uma vez começou o dia dando explicações sobre as ligações de seus secretários com a quadrilha suspeita de desviar 500 milhões de reais dos cofres da cidade. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou nesta terça que o auditor investigado Eduardo Horle Barcellos trabalhou três meses na equipe de Donato. Barcellos foi um dos fiscais presos na investigação da Controladoria Geral do Município e do Ministério Público Estadual. O nome de Donato também apareceu em escutas autorizadas pela Justiça como suposto beneficiário de 200 000 do esquema de propina para sua campanha a vereador em 2008, o que ele nega. Integrantes do governo municipal pressionaram para que ele deixasse logo o cargo para minimizar o desgaste de Haddad.
Desde a semana passada, cresceu no PT e na cúpula da administração municipal a avaliação que o escândalo respingou na própria gestão. Além disso, tanto Lula quanto a presidente Dilma Rousseff temem que o desgaste constante do governo Haddad - já chamuscado pelo aumento do IPTU - tenha impacto negativo nas eleições do próximo ano. Hoje, o principal objetivo do PT é justamente tentar desalojar o PSDB do governo estadual e alavancar a candidatura à reeleição de Dilma no maior colégio eleitoral do país.
Leia a íntegra da nota da assessoria de Donato:


O secretário do Governo, Antonio Donato, comunica que está pedindo afastamento do seu cargo na Prefeitura de São Paulo e reassumindo o mandato de vereador na Câmara Municipal, de onde poderá, com a mais ampla liberdade, se defender de denúncias infundadas atribuídas à quadrilha de servidores municipais que fraudava o ISS (Imposto Sobre Serviços) e que a administração do PT desmantelou por meio da Controladoria Geral do Município. Donato reafirma que, desde o início da apuração, colaborou de forma direta com o trabalho conduzido pelo corregedor Mário Vinicius Spinelli, incluindo o cronograma de exonerações dos servidores investigados. Ressalta que a própria CGM, bandeira da campanha do PT, foi estruturada no âmbito da Secretaria de Governo até obter ela mesmo o status de secretaria, em abril passado. Ao identificar uma orquestração por parte dos servidores investigados para envolvê-lo de forma leviana e, assim, atrapalhar o curso das investigações, o secretário comunicou no final da manhã de hoje ao prefeito Fernando Haddad o pedido de afastamento imediato -- inclusive para evitar o risco de a quadrilha tentar atingir o governo do PT na cidade de São Paulo e prejudicar o andamento das investigações.

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