Preservação
Os bancos do Grupo Consultivo de Pesquisa Agrícola Internacional armazenam mais de 700.000 amostras de produtos alimentares, entre eles variedades de milho, arroz, banana, feijão e batata, na esperança de evitar que sejam completamente devastados por catástrofes naturais ou conflitos humanos
Os bancos genéticos pretendem guardar a diversidade de produtos alimentares encontrados ao redor do mundo (Ernesto Benavides/AFP)
Um novo acordo firmado nesta quinta-feira prevê o investimento de109 milhões de dólares em onze bancos genéticos espalhados pelo mundo, principalmente em países em desenvolvimento. A intenção da parceria entre o Global Crop Diversity Trust, uma organização internacional independente fundada pela ONU, e o Grupo Consultivo de Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR), que controla os bancos, é garantir a segurança do material genético depositado, que pode garantir a segurança alimentar da humanidade no futuro.
Os bancos do CGIAR armazenam mais de 700.000 amostras de produtos alimentares, entre eles variedades de milho, arroz, banana, feijão e batata, na esperança de evitar que sejam completamente devastados por catástrofes naturais ou conflitos humanos. "O objetivo é preservar espécies selvagens, encontradas às vezes em lugares de difícil acesso, como montanhas, ou esquecidas, a fim de encontrar possíveis novos usos para elas", afirma Charlotte Lusty, pesquisadora do Trust.
Os bancos de genes começaram a ser organizados nos anos 1970, com o surgimento de novas técnicas que aumentaram a produção agrícola ao redor do mundo, como a manipulação genética. Com isso, algumas variedades começaram a desaparecer dos campos, e os pesquisadores passaram a defender a importância de manter amostras das plantas que estavam prestes a sumir.
Para isso, as sementes recolhidas são desidratadas e armazenadas entre -15 e -20ºC. Para as plantas sem sementes, como banana, batata e mandioca, a tarefa é mais complexa: uma amostra de tecido é removido e armazenado em um estado criogênico a temperaturas extremas. "Nosso trabalho é contínuo", diz Charlotte. Às vezes, áreas que permaneceram fechadas durante muito tempo, devido a conflitos ou regimes políticos, se abrem de repente, como é o caso atual de Mianmar: "Nesses casos, descobrimos novas variedades".
Garantia para o futuro — O Global Crop Diversity Trust já financiava um outro banco de sementes na Noruega: o centro de Svalbard. Conhecido como uma espécie Arca de Noé vegetal, ele visa preservar para sempre uma amostra de cada planta, semente ou gérmen do planeta. Ele só abre um punhado de dias por ano para os pesquisadores e não fornece suas amostras para estudos externos.
Os bancos do CGIAR, ao contrário, estão permanentemente abertos a biólogos e agrônomos. Nos últimos dez anos, eles distribuíram mais de um milhão de amostras para escolas e institutos especializados em pesquisa de novas variedades ou esquecidas.
Após o tsunami de 2004 na Ásia, quando regiões inteiras foram inundadas com água salgada, os pesquisadores do Instituto Internacional do Arroz, em Manila, procuraram em meio a uma coleção de mais de 100.000l genes variedades capazes de se desenvolver apesar do sal.
Mais recentemente, um feijão até então desconhecido dos Andes se mostrou particularmente rico em ferro e perfeitamente adaptável para a República Democrática do Congo, onde tem sido cultivado desde 2012. "Nós trabalhamos com quase todos os países, o objetivo é desenvolver um sistema verdadeiramente global", diz Charlotte Lusty. "A parceria Trust/CGIAR garante a preservação e disponibilização de coleções".
Para a pesquisadora, os bancos genéticos representam uma garantia para o futuro da humanidade: "A diversidade cultural é uma das melhores respostas à mudança climática, mas tudo depende da partilha de recursos e de conhecimentos através das fronteiras."
(Com Agência France-Presse)
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