quarta-feira 31 2013

Woody Allen volta ao drama com 'Blue Jasmine'

Cinema

Cate Blanchett em 'Blue Jasmine', de Woody Allen
Cate Blanchett em 'Blue Jasmine', de Woody Allen (Divulgação)
Woody Allen volta ao drama em Blue Jasmine, em que traça o retrato absurdo e trágico de uma mulher mergulhada na loucura. Jasmine, vivida pela australiana Cate Blanchett, é a esposa de um rico investidor financeiro, Bernard Madoff (Alec Baldwin), que perde a sua fortuna e o seu lugar na alta sociedade de Nova York quando o marido é preso por fraude e, completamente desestabilizada, tenta reconstruir a vida em São Francisco ao lado da irmã (Sally Hawkins), com quem não tem nada em comum. O longa, que estreou na sexta-feira em seis cinemas de Nova York e Los Angeles, chega ao Brasil em 11 outubro.
"É um privilégio fazer o papel principal em um filme de Woody Allen. Ele influenciou a cultura pop de uma forma que nós não temos ideia", declarou a atriz, que ganhou um Oscar em 2005 por O Aviador, em que contracena com Leonardo DiCaprio. Cate Blanchett contou que havia abandonado abandonado "qualquer ideia de trabalhar com Allen", porque pensava que o diretor não estivesse interessado nela, segundo declarou em recente coletiva de imprensa em Beverly Hills. "No momento em que li o roteiro, achei fantástico. Foi perfeitamente construído, é absurdo e trágico ao mesmo tempo", acrescenta ela. "Eu acho que Woody Allen despreza Jasmine tanto quanto a adora. Ela o fascina. Quando pensamos em todos os retratos extraordinários de mulheres que ele criou, com tantas atrizes maravilhosas, vemos que ele ama e é fascinado por mulheres, por sua exuberância, sua inteligência, seus medos e fobias."

Cate Blanchett encarna bem a instabilidade crônica de Jasmine, sua fuga desesperada e a obsessão de encontrar o seu lugar e um conforto ilusório, entre vodca e anti-depressivos. A atriz não precisou amar Jasmine para encarná-la, mas sentiu pela personagem uma espécie de empatia. "Não acho que você precisa amar a personagem. Isso abre a porta para o sentimentalismo. Especialmente com alguém como Jasmine, que faz um monte de coisas desagradáveis ", afirmou. "Mas, se você entender por que uma personagem faz o que faz, por que ela age de uma certa maneira, então você deve mostrá-lo."
Para a atriz, o destino de Jasmine é uma triste realidade para muitas pessoas. "Isso acontece em todos os lugares. Quando a autoconsciência está relacionada a um relacionamento romântico, a uma situação financeira ou a um grupo social, e quando estes se tornam indisponíveis, podemos nos encontrar em frente ao espelho, muitas vezes na metade de sua existência, e perguntar: 'Deus, quem sou eu?'", disse ela. "E, se você não tem segurança financeira, uma estrutura para apoiá-lo, então a loucura pode se instalar muito rapidamente."
A atriz, que pode ser vista na trilogia O Senhor dos Anéis, em O Curioso Caso de Benjamin Button (2008) e em Robin Hood (2010), também recebeu algumas indicações de Woody Allen, que costuma ser alérgico a discussões. "Ele respondia quando achava as questões interessantes. Caso contrário, me ignorava e voltava para o seu Blackberry", brincou.
O novo filme também marca o retorno de Allen aos Estados Unidos, depois de uma longa passagem pela Europa, onde filmou sete de seus últimos oito filmes, incluindo Meia Noite em Paris (2011), o seu maior sucesso comercial.
(Com agência France-Presse)

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