Cinema
Cate Blanchett em 'Blue Jasmine', de Woody Allen (Divulgação)
Woody Allen volta ao drama em Blue Jasmine, em que traça o retrato absurdo e trágico de uma mulher mergulhada na loucura. Jasmine, vivida pela australiana Cate Blanchett, é a esposa de um rico investidor financeiro, Bernard Madoff (Alec Baldwin), que perde a sua fortuna e o seu lugar na alta sociedade de Nova York quando o marido é preso por fraude e, completamente desestabilizada, tenta reconstruir a vida em São Francisco ao lado da irmã (Sally Hawkins), com quem não tem nada em comum. O longa, que estreou na sexta-feira em seis cinemas de Nova York e Los Angeles, chega ao Brasil em 11 outubro.
"É um privilégio fazer o papel principal em um filme de Woody Allen. Ele influenciou a cultura pop de uma forma que nós não temos ideia", declarou a atriz, que ganhou um Oscar em 2005 por O Aviador, em que contracena com Leonardo DiCaprio. Cate Blanchett contou que havia abandonado abandonado "qualquer ideia de trabalhar com Allen", porque pensava que o diretor não estivesse interessado nela, segundo declarou em recente coletiva de imprensa em Beverly Hills. "No momento em que li o roteiro, achei fantástico. Foi perfeitamente construído, é absurdo e trágico ao mesmo tempo", acrescenta ela. "Eu acho que Woody Allen despreza Jasmine tanto quanto a adora. Ela o fascina. Quando pensamos em todos os retratos extraordinários de mulheres que ele criou, com tantas atrizes maravilhosas, vemos que ele ama e é fascinado por mulheres, por sua exuberância, sua inteligência, seus medos e fobias."
Cate Blanchett encarna bem a instabilidade crônica de Jasmine, sua fuga desesperada e a obsessão de encontrar o seu lugar e um conforto ilusório, entre vodca e anti-depressivos. A atriz não precisou amar Jasmine para encarná-la, mas sentiu pela personagem uma espécie de empatia. "Não acho que você precisa amar a personagem. Isso abre a porta para o sentimentalismo. Especialmente com alguém como Jasmine, que faz um monte de coisas desagradáveis ", afirmou. "Mas, se você entender por que uma personagem faz o que faz, por que ela age de uma certa maneira, então você deve mostrá-lo."
Para a atriz, o destino de Jasmine é uma triste realidade para muitas pessoas. "Isso acontece em todos os lugares. Quando a autoconsciência está relacionada a um relacionamento romântico, a uma situação financeira ou a um grupo social, e quando estes se tornam indisponíveis, podemos nos encontrar em frente ao espelho, muitas vezes na metade de sua existência, e perguntar: 'Deus, quem sou eu?'", disse ela. "E, se você não tem segurança financeira, uma estrutura para apoiá-lo, então a loucura pode se instalar muito rapidamente."
A atriz, que pode ser vista na trilogia O Senhor dos Anéis, em O Curioso Caso de Benjamin Button (2008) e em Robin Hood (2010), também recebeu algumas indicações de Woody Allen, que costuma ser alérgico a discussões. "Ele respondia quando achava as questões interessantes. Caso contrário, me ignorava e voltava para o seu Blackberry", brincou.
O novo filme também marca o retorno de Allen aos Estados Unidos, depois de uma longa passagem pela Europa, onde filmou sete de seus últimos oito filmes, incluindo Meia Noite em Paris (2011), o seu maior sucesso comercial.
(Com agência France-Presse)
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