segunda-feira 22 2013

Fantasias sexuais devem ficar na imaginação

Por Beatriz Alessi, Tempo de Mulher
BEATRIZ ALESSI: "Realizá-las é o mesmo que o poeta casar com a musa".



Foto: Thinkstock
Por BEATRIZ ALESSI
Tenho me divertido com as meninas do novo Saia Justa, do canal GNT. Outro dia, as jornalistas Astrid Fontenelle e Barbara Gancia e as atrizes Maria Ribeiro e Mônica Martelli tricotaram sobre um tema que o livro “Cinquenta Tons de Cinza” tem tornado ainda mais excitante: as fantasias sexuais. A trilogia da britânica E. L. James virou o maior fenômeno mundial de vendas desde Harry Potter com sua receita “pornô para mamães”. Trata da iniciação sexual da jovem Anastasia Steele nos jogos de dominação e sadomasoquismo do enigmático magnata Christian Grey que mantém, na luxuosa cobertura envidraçada onde vive, um “quarto da dor”.
A incursão da inocente Anastasia nesse sombrio mundo do prazer tem, supostamente, ajudado a apimentar relações mundo afora. Mamães antes acomodadas estariam dando asas à imaginação para sair da mesmice e dar vazão a suas mais recônditas fantasias sexuais. Mas o que exatamente isso significa? Estaria o livro incentivando casais a cruzar fronteiras antes consideradas “proibidas”? Não necessariamente. Reportagem recente da Folha de S. Paulo mostra que casais que se aventuraram em festas de fetiche criadas no embalo do fenômeno literário se assustam com o que veem e não voltam mais.
Intui-se por quê. E aqui vou concordar com Mônica Martelli. Fantasia deve continuar sendo o que o nome sugere – uma fantasia. Para que encená-las com os “tons de cinza” da realidade e roubar delas a aura de coisa proibida? Realizá-las é o mesmo que o poeta casar com a musa. De posse da antes intangível amada, ele perde a inspiração.
É na imaginação que as fantasias sexuais mais florescem – exatamente por não se concretizarem. É claro que a realidade às vezes é tentadora. A atriz Maria Ribeiro confessou ter adorado beijar uma mulher num filme. Mas Mônica Martelli disse que odiaria que alguém tentasse seduzi-la com morangos, como faz Mickey Rourke com Kim Basinger em “9 ½ Semanas de Amor”. Ao que Astrid completou: “Aos 52 anos, um ‘papai mamãe’ bem feito já está de bom tamanho”.
Para saber se as pessoas tentavam reproduzir na cama o que viam em livros e filmes, Barbara Gancia foi à Erótika Fair, em São Paulo. Bancando a tiazinha que se aventura com brinquedos sexuais, fez caras e bocas e ouviu de uma entrevistada que “Cinquenta Tons de Cinza” “dá calor” mas vale mais como inspiração do que como roteiro. É, a ficção pode ajudar mas nada como descobrir, por conta própria, o que nos seduz. Então não tenha pudores. Acenda a sua imaginação e seja feliz!
* Beatriz Alessi é jornalista e cidadã do mundo, como a maioria dos mineiros. Contadora de histórias, acha que a vida de toda mulher daria um grande filme - ou pelo menos uma modesta crônica.

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