Governo
Antônio Andrade e Moreira Franco, ambos do PMDB, assumirão Agricultura e Aviação Civil, respectivamente; Manoel Dias, do PDT, comandará o Trabalho
Laryssa Borges, Marcela Mattos e Gabriel Castro, de Brasília
Manoel Dias (PDT) Antônio Andrade (PMDB) e Moreira Franco (PMDB) (Divulgação e Agência Brasil)
A Presidência da República confirmou, na noite desta sexta-feira, a substituição de três ministros: Antônio Andrade (PMDB) assumirá o posto de Mendes Ribeiro (PMDB) na Agricultura, Manoel Dias (PDT) comandará o Trabalho no lugar de Brizola Neto (PDT), e Moreira Franco (PMDB) chefiará a Secretaria de Aviação Civil, até então sob a responsabilidade de Wagner Bittencourt (sem partido). Os três novos nomes tomarão posse neste sábado. Moreira Franco já era ministro: ele comandava a Secretaria de Assuntos Estratégicos, cujo novo titular ainda não foi anunciado - o interino é Roger Leal, secretário-executivo da pasta.
"A presidente agradeceu a dedicação, o empenho e o inestimáveis serviços prestados pelos ministros Mendes Ribeiro, Brizola Neto e Wagner Bittencourt em suas áreas. Eles continuarão contando com seu apoio e confiança", diz a nota divulgada pela Presidência.
Nesta sexta, Dilma recebeu Manoel Dias e Moreira Franco - o novo ministro da Agricultura está em Minas Gerais. As trocas já eram esperadas. No caso de Antônio Andrade, a presidente tenta melhorar sua relação com o PMDB mineiro e reduzir a proximidade do partido com o senador tucano Aécio Neves, possível candidato nas eleições presidenciais de 2014. As outras duas substituições atendem aos interesses da presidente e dos partidos dos ministros. Ainda há a expectativa que Dilma ceda a recém-criada Secretaria de Micro e Pequena Empresa a um representante do PSD. Nos Transportes, Paulo Passos deve dar lugar a um indicado pelo PR.
Antônio Andrade - Antônio Eustáquio Andrade Ferreira completará 60 anos em 18 de junho. Natural de Patos de Minas (MG), ele é engenheiro civil e produtor rural. Está no segundo mandato de deputado federal. Antes disso, foi deputado estadual por três vezes e prefeito de Vazante (MG). O peemedebista está no partido desde 1987 e tem uma atuação discreta na Câmara. Atua especialmente em propostas envolvendo o agronegócio. Em 2007, o Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou um pedido de inquérito contra o agora ministro por crime de responsabilidade.
Em 2012, Andrade articulou a criação de um certo "Movimento Pró-Minas" - um meio que parlamentares mineiros da base aliada arranjaram para cobrar a nomeação de mineiros para postos importantes do governo e pedir mais repasses do governo federal para o estado.
A chegada do deputado mineiro ao importante Ministério da Agricultura serve para que a presidente Dilma Rousseff mine, desde já, parte do potencial eleitoral de Aécio Neves (PSDB) em Minas Gerais. O tucano pretende disputar a Presidência em 2014. Apesar de não ter se aliado ao grupo político de Aécio nas últimas eleições, o PMDB mineiro mantém uma boa relação com o senador, que é neto do peemedebista Tancredo Neves.
Manoel Dias - Secretário-geral do PDT e presidente do partido em Santa Catarina, Manoel Dias substituirá o deputado Brizola Neto, também do PDT, que assumiu a pasta em maio de 2012. O PDT, que controla o ministério, chegou a indicar para o cargo o nome do deputado gaúcho Vieira da Cunha, mas Dilma informou ao presidente pedetista, Carlos Lupi, que gostaria de um nome que pudesse permanecer na pasta até o fim de seu governo. Cunha tem pretensões eleitorais em 2014.
A indicação de Manoel Dias também é resultado de sua capacidade de unificar a maior parte da legenda, liderada por Lupi. Desde 2011, a indicação de Dias aparecia entre as preferências dos pedetistas para o ministério.
A reformulação na pasta do Trabalho ocorre depois de o Palácio do Planalto detectar a aproximação de setores do PDT com o PSDB e o PSB, partido dos presidenciáveis Aécio Neves e Eduardo Campos. Apesar de ter rifado o então ministro pedetista Carlos Lupi por suspeitas de irregularidades em 2011, a presidente Dilma Rousseff voltou a conversar com o dirigente recentemente em busca de apoio para as eleições de 2014 e também na tentativa de recompor a fidelidade prometida por deputados do PDT na Câmara.
Desde a nomeação de Brizola Neto, a escolha do ministro era interpretada no PDT como da “cota pessoal” da presidente, e não uma indicação unificada da bancada. O partido ficou irritado por não ter sido ouvido na época e desde então Brizola e o presidente Carlos Lupi travam uma batalha pelo controle real da pasta. Embora integrem a base governista, os pedetistas também não têm garantido votos a projetos considerados prioritários.
Número dois na hierarquia pedetista, o futuro ministro do Trabalho, Manoel Dias, foi acusado de ter atuado irregularmente como funcionário da Câmara dos Deputados em 2011. Ele recebia cerca de 12 000 reais em um cargo de natureza especial na liderança do PDT na Câmara, embora exercesse exclusivamente atividades partidárias.
Moreira Franco - Ex-governador do Rio de Janeiro, o peemedebista Wellington Moreira Franco tem 69 anos e será o novo ministro da Secretaria de Aviação Civil. Com status de ministério, a pasta era comandada pelo técnico Wagner Bittencourt, que agora não é filiado a partido político.
Moreira Franco ocupava a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, pasta que também tem status de ministério, mas que era alvo de críticas por não ter nenhum apelo eleitoral. A SAE é responsável por traçar políticas públicas para o futuro.
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