Política
Reportagem em VEJA desta semana mostra o envolvimento de militantes petistas - e até de um funcionário do Palácio do Planalto - numa conspiração do governo cubano para desmoralizar a blogueira durante sua visita ao Brasil
Robson Bonin
MISÉRIA MORAL - O dossiê contra Yoani Sánchez tem 235 páginas, foi distribuído pela Embaixada de Cuba em Brasília a militantes do PT, contém uma compilação de artigos publicados sobre a blogueira na ilha comunista, fotos e sórdidas montagens com insinuações de que ela teria se rendido ao dinheiro porque bebe cerveja, come banana e vai à praia
A blogueira Yoani Sánchez desembarca no Brasil nesta semana para divulgar o livro De Cuba, com Carinho, uma coletânea de seus textos sobre o triste cotidiano do povo cubano sob a ditadura dos irmãos Fidel e Raúl Castro. O trabalho rendeu à dissidente uma perseguição implacável. Ela foi sequestrada, torturada e, durante anos, impedida de deixar o país. É rotulada de mercenária pelos comunistas da ilha e acusada de trair os princípios revolucionários. O que Yoani não sabe é que, apesar da distância que separa o Brasil de Cuba - 5 000 quilômetros -, ela não estará livre dos olhos e muito menos dos tentáculos do regime autoritário. Para os sete dias em que permanecerá no Brasil, o governo cubano escalou um grupo de agentes para vigiá-la e recrutou outro com a missão de desqualificá-la a partir de um patético dossiê. Uma conspirata oficial em território estrangeiro contra quem quer que seja é uma monumental afronta à soberania de qualquer nação. Esse caso, porém, envolve uma inquietante parceria. O plano para espionar e constranger Yoani Sánchez foi elaborado pelo governo cubano, mas será executado com o conhecimento e o apoio do PT, de militantes do partido e de pelo menos um funcionário da Presidência da República.
NA SURDINA - Um assessor do ministro Gilberto Carvalho participou da reunião na embaixada, recebeu o dossiê e ouviu detalhes do plano de ataque
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