Espaço
Nasa, universidades e grupos privados dos Estados Unidos têm se mobilizado para desenvolver sistemas de alerta capazes de localizar com antecedência pequenos asteroides potencialmente devastadores
Meteorito antes de atingir a cidade de Chelyabinsk, na Rússia (Oleg Kargopolov/AFP)
Depois dos estragos causados pela queda de um meteorito na Rússia, na última sexta-feira, a Nasa, universidades e grupos privados dos Estados Unidos têm se mobilizado para desenvolver sistemas de alerta capazes de localizar, com a maior antecedência possível, pequenos asteroides potencialmente devastadores.
O projeto que está mais próximo deste objetivo é o Atlas (Asteroid Terrestrial-Impact Alert System), em desenvolvimento na Universidade do Havaí e financiado com cinco milhões de dólares da Nasa. Segundo os cientistas, o Atlas, que fará uma inspeção minuciosa no céu visível todas as noites, poderá detectar objetos de 45 metros de diâmetro uma semana antes de seu impacto na Terra. Para os asteroides de 150 metros de diâmetro, este sistema ofereceria um alerta com três semanas de antecipação.
"Nosso objetivo é encontrar estes objetos e proporcionar um alerta com tempo suficiente para que sejam tomadas medidas de urgência de proteção da população", explicou John Tonry, principal encarregado científico do projeto. A intenção é que o Atlas comece a funcionar no final de 2015, superando a crise orçamentária pela qual a agência americana passa atualmente.
Mas, mesmo que o Atlas comece a funcionar no prazo esperado, meteoritos como o que atingiu a Rússia ainda passariam despercebidos. A Nasa avalia que, antes de sua entrada na atmosfera, este asteroide tinha 17 metros de diâmetro e massa de 10.000 toneladas — pouco mais de um terço do tamanho que será percebido com antecedência pelo Atlas.
Pequena ameaça - Embora o impacto dos fragmentos do meteorito tenha deixado mais de 1.000 feridos na Rússia, ele não tem tamanho suficiente para ser considerado uma ameaça à vida na Terra. Há até pouco tempo, mesmo asteroides como o 2012 DA14, que passou próximo da Terra também na sexta-feira, passariam despercebidos, apesar do grande poder de destruição.
"Há dez anos, não teríamos podido detectar o 2012 DA14", revelou recentemente Lindsey Johnson, diretor do programa NEO, da Nasa, que detecta objetos próximos da Terra. Segundo Johnson, apesar de haver cerca de 500.000 pequenos asteroides ao redor do planeta, ainda é difícil acompanhá-los.
Atualmente, o NEO detecta e acompanha asteroides e cometas que passam perto da Terra com a ajuda de telescópios no solo e no espaço. A partir desta observação, os cientistas calculam sua massa e sua órbita para determinar se representam perigo. Há, também, a colaboração de observadores amadores. Todas as observações de asteroides realizadas no mundo por telescópios devem ser transmitidas ao "Minor Planet Center", financiado pela Nasa e dirigido pelo Observatório Astrofísico Smithsonian e pela União Astronômica Internacional.
Com todo este aparato, a Nasa conseguiu descobrir e classificar cerca de 95% dos asteroides com mais de 1 quilômetro de diâmetro que estão nas proximidades da órbita terrestre, capazes de provocar destruições apocalípticas. A porcentagem é uma meta fixada pelo Congresso americano desde 1998.
(Com agência France-Presse)
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