Pré-história
Osso com indícios de anemia mostra que alimento já era parte fundamental da dieta dos hominídeos há 1,5 milhão de anos
Duas imagens do fóssil (abaixo), encontrado em sendimentos que datam de 1,5 milhão de anos atrás, comparado com o fragmento parietal de uma criança humana moderna da mesma idade (Domínguez-Rodrigo M, Pickering TR, Diez-Martín F, Mabulla A, Musiba C, et al. )
A descoberta de um osso parietal, escavado de sedimentos que datam de 1,5 milhão de anos atrás, tornou-se a mais antiga evidência de anemia causada por deficiência nutricional. Uma equipe de pesquisadores de diversos países, liderados por Manuel Domínguez-Rodrigo, da Universidade Complutense, em Madrid, recuperou um fragmento no sítio arqueológico de Olduvai Gorge, na Tanzânia, com lesões que indicam um tipo de anemia causada pela falta de vitamina B. Os cientistas acreditam que a anemia tenha sido originada por uma dieta pobre em carne.
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PLEISTOCENO
O pleistoceno corresponde ao intervalo entre 1,8 milhão e 11.500 anos atrás. Na escala geológica, faz parte do período Quaternário da era Cenozoica. O pleistoceno médio e o pleistoceno superior viram o surgimento de novos tipos de hominídeos, assim como o desenvolvimento de ferramentas mais elaboradas do que as encontradas em épocas anteriores. Pássaros e mamíferos gigantes, como mamutes e búfalos, caracterizam essa época. No pleistoceno ocorreram as mais recentes Eras do Gelo.
O pleistoceno corresponde ao intervalo entre 1,8 milhão e 11.500 anos atrás. Na escala geológica, faz parte do período Quaternário da era Cenozoica. O pleistoceno médio e o pleistoceno superior viram o surgimento de novos tipos de hominídeos, assim como o desenvolvimento de ferramentas mais elaboradas do que as encontradas em épocas anteriores. Pássaros e mamíferos gigantes, como mamutes e búfalos, caracterizam essa época. No pleistoceno ocorreram as mais recentes Eras do Gelo.
"Esse tipo de hiperostose (patologia óssea relacionada com anemia) já tinha sido observada em ossos de homonídeos do pleistoceno superior e médio, mas nunca em hominídeos do pleistoceno inferior”, escrevem os pesquisadores.
Estudos anteriores mostraram que os hominídeos da época consumiam carne, mas não se sabia se regularmente ou esporadicamente -- sabe-se com segurança que há um milhão de anos o alimento já era um componente importante da dieta dos hominídeos.
A descoberta na Tanzânia, conforme afirma Domínguez-Rodrigo em artigo na revistaPLOS One, indica que bem antes disso o consumo de carne era comum o bastante para, em caso de falta, levar à anemia. "Há pelo menos 1,5 milhão de anos, a fisiologia dos hominídeos já estava adaptada a uma dieta que incluía a consumo regular de carne", dizem os pesquisadores. O artigo lembra ainda que a disponibilidade de carne foi, ao longo das eras pré-históricas, importante para determinar a organização social das comunidades e os fluxos migratórios.
O osso pertenceu a uma criança morta com menos de dois anos de idade. A anemia é mais comum na época do desmame, quando as crianças perdem a imunização que acompanha o leite materno. Dessa forma, a lesão pode ser explicada por dois fatores. Se o menino ou menina ainda estivesse em amamentação, a dieta da mãe seria pobre em carne. Caso o período de amamentação já tivesse se encerrado, a alimentação da própria criança seria deficiente. Não se pode definir com exatidão a qual espécie de hominídeo a criança pertencia. Os cientistas acreditam, no entanto, que o osso era de um Homo habilis, Homo erectus ou Parantrhopus boisei.
"A descoberta traz mais força para a hipótese de que alguns hominídeos estavam ativamente empenhados na caça há 1,5 milhão de anos", conclui a equipe de Domínguez-Rodrigo.
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