Foto: Edição 247
Reportagens do 247 de ontem e de O Estado de S. Paulo de hoje deixam claro: para não passar de mentiroso, o governador de Goiás, Marconi Perillo, precisará responder algumas questões sobre a negociação da casa onde Carlinhos Cachoeira foi preso e que era sua. Como colaboração para o esclarecimento dos fatos, veja aqui 11 pontos desta história muito mal contada
“Outro problema para Perillo, surgido com a divulgação da escritura, está na contradição entre suas próprias palavras e o que indica o documento. Em entrevista ao jornal O Popular, de Goiânia, em março, o governador afirmou ter vendido a propriedade ao empresário Walter Paulo Santiago, proprietário da Faculdade Padrão. Walter confirmou a compra. Mas a escritura registra a empresa Mestra Administração e Participações Ltda., representada pelo sócio Ecio Antônio Ribeiro, como sendo a compradora. Ou Walter e Marconi mentiram ou Ecio é laranja de Walter”, anotou o 247 no final da tarde de ontem.
“Embora o governador afirme que vendeu a casa para o empresário Walter Paulo, dono da Faculdade Padrão - que por sua vez confirmou a compra do imóvel em entrevista ao jornal O Popular, de Goiânia -, a Mestra Administração e Participações não tem nem nunca teve Walter Paulo em seu quadro societário”, afirma o Estadão.
Outra reportagem do 247 contou as motivações para o negócio que agora coloca o governador em xeque: “A história da negociação da casa de Marconi Perillo (PSDB) para o contraventor Carlinhos Cachoeira carrega ingredientes que vão muito além de uma fria negociação comercial. Esta, talvez, seja apenas a história mal contada – por eles, porque pelo 247 ela começou a ser verdadeiramente desvendada com a revelação da escritura que mostra que ou tem laranja nas entrelinhas, ou mentira de pernas curtas.”
Com as revelações, ficam em aberto algumas questões:
01 – O governador Marconi Perillo vai mostrar as cópias dos três cheques que diz ter recebido de Walter Paulo na venda da casa, informando qual o valor de cada um, quando foi depositado e onde (conta de quem)?
02 – Mas, se a casa foi passada para o nome da empresa Mestra, por que Marconi recebeu os cheques de Walter Paulo?
03 – Seria a Mestra uma empresa laranja de Walter Paulo? Ou haveria outra razão para ele ter declarado ser de fato o comprador da casa? Nesse caso, qual seria essa razão?
04 – Ou não foi de Walter Paulo que Marconi recebeu os cheques? Sendo assim, de quem eram?
05 – A venda foi declarada no Imposto de Renda? O governador vai mostrar também cópia de seu IR?
06 – Quem é Ecio Antonio Ribeiro, verdadeiro – pelo menos legalmente – comprador da casa?
07 – Por que Ecio Antonio Ribeiro permitiu que Cachoeira morasse na casa que comprou? Havia contrato de aluguel?
08 – Por que o pagamento da casa foi feito antes mesmo da assinatura do documento de venda?
09 – Por que na escritura consta que o pagamento foi feito em espécie, ou seja, em dinheiro, se Marconi Perillo fala que recebeu três cheques?
10 – Por que a venda foi registrada no 1º Tabelionato de Notas e Registro de Imóveis da comarca de Trindade, e não em Goiânia, cidade da casa, ou Aparecida de Goiânia, sede da Mestra? Há alguma ligação entre o governador e o dono do cartório?
11 – Se Wladimir Garcez era o corretor do negócio, qual foi o papel de Jaime Rincon?
Agora, é aguardar as respostas e esclarecimentos.
Abaixo, a reportagem do Estadão:
Dados contradizem versão de Perillo para venda de casa em Goiânia
Walter Paulo, apontado como comprador, nunca foi sócio da empresa que adquiriu imóvel
Fernando Gallo, enviado especial de O Estado de S. Paulo
GOIÂNIA - A empresa que comprou a casa do governador Marconi Perillo (PSDB), em Goiânia (GO), na qual foi preso o contraventor Carlinhos Cachoeira, está em nome de supostos laranjas. Embora o governador afirme que vendeu a casa para o empresário Walter Paulo, dono da Faculdade Padrão - que por sua vez confirmou a compra do imóvel em entrevista ao jornal O Popular, de Goiânia -, a Mestra Administração e Participações não tem nem nunca teve Walter Paulo em seu quadro societário.
Quando o imóvel foi vendido, a empresa estava em nome de Sejana Martins, Fernando Gomes Cardoso e Ecio Antônio Ribeiro. Sejana saiu da sociedade dois dias depois da venda da casa, e Fernando em dezembro último. Só Ecio permanece como dono da empresa. Sejana é diretora da Faculdade Padrão.
Em entrevista concedida no dia 2 de março ao jornal goiano, Perillo afirmou: "Isso a gente espalha para os amigos, pede ajuda. Aí o Wladimir (Garcêz, ex-vereador) entrou em contato. Quando fui passar a escritura, ele me informou que seria Walter Paulo o comprador. Eu nem falei com ele (Walter). O dono do cartório trouxe os documentos para eu assinar e depois levou ao comprador. Recebi os três cheques e fui fazendo os depósitos, como combinado".
Walter Paulo, por sua vez, afirmou no dia seguinte ao mesmo jornal: "Foi feito o negócio direitinho, peguei a escritura. Eu sabia que a casa era do governador, mas nunca falei com ele sobre isso. O senhor Wladimir é que fez os contatos. O governador assinou honestamente e a casa é minha". Desde a entrevista, nem Paulo nem seu advogado atendem à imprensa.
A Mestra Administração e Participações tem sede na cidade de Aparecida de Goiânia. Conforme o registro de imóveis, ela comprou a casa de Perillo pelo valor de R$ 1,4 milhão no dia 13 de julho de 2011, um dia após o contraventor Carlinhos Cachoeira e o ex-vereador Wladimir Garcêz serem flagrados tratando da venda de uma casa.
Na conversa, gravada pela Polícia Federal durante a operação Monte Carlo, Garcêz diz a Cachoeira que iria se encontrar com Jayme Rincón - presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras e tesoureiro de Perillo na campanha de 2010 - em um shopping em Alphaville. Segundo a PF, Cachoeira diz ao ex-vereador para pegar "o dinheiro urgente".
O governador Marconi Perillo já confirmou que tratou da casa com Garcêz, mas negou que a venda fosse para Cachoeira.
'O dono era Paulo'. Marconi Perillo afirmou, por nota, que "a informação que chegou a ele era que o dono era Walter Paulo". "Vendi a residência e passei a escritura. A informação que chegou a mim pelo corretor é a de que o comprador era o sr. Walter Paulo. Recebi o dono do cartório, assinei a escritura e dei por encerrado o assunto", afirmou o governador. Ele reafirma a versão de que recebeu três cheques pela casa.
O Estado tentou contato com Walter Paulo. Seu advogado não atendeu às ligações. No escritório de advocacia, um funcionário disse que iria informar Paulo sobre o contato, e que este retornaria "se houvesse algum interesse".
A reportagem do Estado também ligou para o celular de Sejana e para o escritório onde ela trabalha, mas a secretária informou que ela não estava e retornaria a ligação, o que não ocorreu. Fernando Gomes Cardoso e Ecio Ribeiro não foram localizados.
http://brasil247.com/pt/247/brasil/57647/Marconi-%C3%A9-s%C3%B3-mostrar-os-cheques-da-venda-da-casa.htm
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