Sinfonia de Outono...
É outono... a mágica estação do ano em que a natureza revela um especial esplendor.
Calmamente vou adentrando a alameda de plátanos dourados.
Um tapete amarelo-avermelhado espalha-se a meus pés...
...por onde sigo pisando tão calmamente, como num caminho perfeito,
num vagar calculado, com o firme propósito de saborear esses momentos
de pura e encantadora magia...
Um cenário perfeito para reflexões e versos que me me vêm à mente...
Imagino se existe um portal no paraíso... então este deve ser o portal do paraíso...
Longos soluços dos violinos de outono
Ferem meu coração com langor monótono...
E choro, quando ouço, ofegando, bater a hora,
lembrando os dias, as alegrias e ais de outrora.
E vou-me ao vento que, num tormento
lembrando os dias, as alegrias e ais de outrora.
E vou-me ao vento que, num tormento
me transporta de cá para lá, como faz a folha morta.
(Verlaine)
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"O amor muda como as folhas das árvores no outono.
E, se eu for capaz de entender isto, serei capaz de amar."
(Emily Brönte)
E, se eu for capaz de entender isto, serei capaz de amar."
(Emily Brönte)
O renovar das estações é necessário à natureza,
assim como o renovar da esperança em nossos corações...
Que nossas almas possam refletir a paz do universo
como o reflexo das árvores
numa tarde límpida de outono...
Explosão de alegria, profusão de cores,
Como foi um dia
a explosão de meus amores...
Folhas de outono...
Nas árvores, nos ares, no chão.
Folhas de outono em sua derrareira e incomparável glória,
Nas árvores, nos ares, no chão.
Folhas de outono em sua derrareira e incomparável glória,
exalando um aroma adocicado, de flutuante despedida.
O arvoredo transpira as carícias dos ninhos,
e o vento a cirandar na curva das estradas
eleva o folharéu no espaço em redemoinhos...
e o vento a cirandar na curva das estradas
eleva o folharéu no espaço em redemoinhos...
(Araujo Jorge)
Há um córrego a levar as folhas secas em bando...
- e à aragem que soluça entre as ramas curvadas,
parece que o arvoredo em coro está chorando!...
- e à aragem que soluça entre as ramas curvadas,
parece que o arvoredo em coro está chorando!...
(Araujo Jorge)
Prossigo, relembrando os melancólicos outonos que já vivi...
As diferentes primaveras que vivenciei – ternas, intensas, fortes, coloridas...
E os verões... Quantos verões ardentes, sedentos, apaixonantes...
As diferentes primaveras que vivenciei – ternas, intensas, fortes, coloridas...
E os verões... Quantos verões ardentes, sedentos, apaixonantes...
E novas reflexões me vêm à mente...
Meu olhar repousa sobre uma dessas pequeninas folhas de outono,
que insiste em permanecer no ar, como se ainda lhe restasse
uma leve esperança de não esmorecer de vez no chão úmido,
salpicado por centenas de outras folhinhas em decomposição,
já se entregando ao ciclo implacável da natureza.
Explosão de alegria, fascinante profusão de cores,
Como foi um dia
a explosão de meus amores...
As folhas ao cair, evocam a brevidade dos nossos dias. O outono das pinceladas de azul-água, a coloração acinzenta do céu e a timidez e sofrimento das árvores despidas, imploram-nos uma introspecção e reflexão sobre este viver cíclico, sempre em transformação e numa velocidade alucinante. (A.Canotilho) |
Folhas de outono a cair dolentes, num bailar dourado, esvoaçantes, ternas, doces, displicentes,
espalhando pelos ares pingos multicores – pálidos, marrons, rubros, nacarados, cintilantes,
diferentes e diversos como os sentimentos humanos, que transitam numa vasta gama
- eterna e densa - que vai da apatia à paixão intensa.
Caminho devagar... saboreio cada instante...
A sabedoria do peregrino consiste - não em chegar depressa a seu destino -
mas em apreciar as belezas do caminho...
Áureos tons da natureza.... paleta das mãos de Deus...
tanto amor, tanta beleza, preenchendo os olhos meus...
As correntezas da vida e os restos do meu amor
resvalam numa descida... como a da fonte e da flor... (Vicente de Carvalho)
A folhinha, finalmente, repousa sobre o chão.
De repente, não a percebo mais;
ela misturou-se aos infinitos outros pontos amarelos do chão de outono...
entregou-se a seu inevitável destino de participar do
processo de transformação da natureza,
para um dia retornar em alguma paisagem,como a lembrar-me que...
...a vida se move em ciclos
de fazer e desfazer,
que sentimentos arrefecem,
que ardentes paixões esfriam,
que toda glória é efêmera...
mas que os ciclos favorecem
o renascer da esperança -
– e esse, sim, é duradouro... é eterno
em todos os corações humanos...
Oriza MartiDe:Sinfonia de Outono
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