Falam mal dele por supostas decisões que teria proferido de forma interesseira, falam mal por ligações políticas de sua família em seu Mato Grosso natal, falam mal dele até – ou, vai ver, principalmente – por ter sido indicado para o Supremo pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Não vem ao caso, agora, discutir tudo isso. Mas vale lembrar que a passagem do ministro pela presidência do Conselho Nacional de Justiça (2008-2010) foi elogiada até por adversários seus, tal o rigor que imprimiu na investigação de malfeitorias praticadas por magistrados e tribunais e pela contribuição que deu à modernização dos métodos de aferição da produtividade do Judiciário.
Por não ser oriundo da magistratura, mas do Ministério Público — e, antes de integrar-se ao Supremo, foi Advogado-Geral da União –, Gilmar não teve complacência diante de corporativismos, algo que não se pode dizer do atual presidente, Cezar Peluso, juiz de carreira.
Mas o de que se trata, hoje, é do importante empurrão que o ministro deu para acelerar o processo do mensalão, em curso desde 2006 no Supremo Tribunal Federal.
Na declaração mais terminante que um ministro do Supremo proferiu sobre o caso até agora, o ministro defendeu hoje, na Câmara dos Deputados, que a corte inicie o julgamento do mensalão ainda no primeiro semestre deste ano, para evitar o risco de prescrição de penas — se preciso for, suspendendo a pauta normal do Supremo. “Se se quiser votar até este ano, tem que ser no primeiro semestre”, disse.
Vejam bem: o ministro sugeriu suspender a sacrossanta pauta de julgamentos do Supremo. Nenhum colega chegou tão longe, até onde a vista alcança, na defesa da realização de qualquer julgamento importante.
Ele também admitiu – outra atitude importante tomada publicamente – que o Supremo já está atrasado: “De certa forma, sim. Precisa haver algum cuidado, mas tudo depende do relator (Joaquim Barbosa) e do revisor (Ricardo Lewandowski)”.
Sobre o ministro Lewandowski — aquele que, em célebre e infeliz declaração, chegou a aventar a possibilidade de se deixar o mensalão para 2013 –, não teve papas na língua, afirmando que o colega “está preocupado com o Tribunal Superior Eleitoral”. Lewandowski é presidente do TSE, mas deverá deixar o cargo no próximo dia 22, em favor da ministra Cármen Lúcia.
http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/ministro-mais-detestado-do-supremo-gilmar-mendes-toma-importante-posicao-em-favor-de-acelerar-o-julgamento-do-mensalao-e-ate-propoe-a-suspensao-da-pauta-normal-do-supremo-para-isso/
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