Presidente tentou desqualificar informações prestadas por Ricardo Pessoa à força-tarefa da Lava Jato. E afirmou que não demite ministros de acordo com o que sai na imprensa
A presidente Dilma Rousseff voltou nesta terça-feira a falar sobre o depoimento demolidor do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, segundo quem a campanha da petista foi abastecida com dinheiro desviado de contratos da Petrobras. Durante entrevista concedida a jornalistas na Casa Branca ao lado do presidente americano Barack Obama, Dilma tentou novamente desqualificar as informações trazidas à tona por Pessoa - na segunda-feira a presidente chegou a dizer que não respeitava delatores e, numa analogia particularmente confusa, chegou a comparar a democracia brasileira a uma ditadura. Desta vez, a presidente atacou o que chamou de "vazamento seletivo" dos autos dos processos de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público e defendeu o direito de defesa dos envolvidos no caso. A petista disse que vai aguardar a apuração do caso para avaliar se demite ou não os ministros-chefes da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Comunicação Social, Edinho Silva.
"Nunca demiti ou nomeei ministros pela imprensa. Vou aguardar toda a apuração dos fatos para avaliar a situação", respondeu Dilma. Edição de VEJA desta semana revela que o empreiteiro Pessoa afirmou à força-tarefa da Operação Lava Jato que foi coagido por Edinho, então tesoureiro da campanha de Dilma à reeleição, a doar 7,5 milhões de reais.
A presidente defendeu que é necessário que todos tenham acesso aos autos dos processos de investigação, para que os acusados possam se defender. "O governo brasileiro não tem acesso a todos os autos. Estranhamente há um vazamento seletivo", criticou. Dilma afirmou que é preciso ter "maior respeito" pelo direito de defesa e "por uma coisa que se chama: só se condena quando se prova". Ignorando que foi ela mesma quem sancionou, em 2013, a lei que regulamenta a delação premiada no país, Dilma disse que as provas devem ser compostas por fundamentos, "e não simplesmente por ilação". "Isso é um tanto Idade Média", criticou.
Ao lado do presidente Barack Obama, Dilma destacou ainda que a Petrobras não é uma empresa sob judice e, sim, uma companhia "em pleno uso da sua atividade". Ela ressaltou que a empresa tem atualmente mais de 90.000 funcionários e que os crimes investigados foram cometidos por apenas alguns deles. "Portanto, tem de haver responsabilização daquele que cometeu, para depois saber o que vai acontecer nos processos em relação à empresa", defendeu.
O presidente dos Estados Unidos evitou tecer comentários acerca das investigações de atos de corrupção na Petrobras. Durante coletiva de imprensa na Casa Branca, ao lado de Dilma, ele afirmou que normalmente não comenta casos que ainda estão sendo investigados, pois nos Estados Unidos, o Departamento de Justiça trabalha para a Presidência. "Portanto, não me cabe fazer comentários específicos", disse.
(Com Estadão Conteúdo)
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