Investigação
Lobista Fernando Baiano era apenas um dos que recolhiam propina ao partido, segundo jornal. Até Paulo Roberto Costa, indicado pelo PP, atuou para a sigla
CPI mista da Petrobras recebe ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, no Congresso Nacional, em Brasília (DF) - 17/09/2014 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Investigações da Operação Lava Jato detectaram que o PMDB tinha uma rede de operadores no esquema do petrolão, segundo reportagem desta quarta-feira do jornal O Estado de S. Paulo. Enquanto PP e PT contavam com um operador em diretorias da Petrobras comandadas por indicados pelas siglas, o PMDB atuava em diversas frentes – cada uma, com um interlocutor em diretorias da estatal.
De acordo com a reportagem, os dados obtidos pela força-tarefa que apura os desvios na Petrobras indicam que o modelo de atuação peemedebista na estatal reproduzia a organização descentralizada da sigla, dividida entre diversos caciques. Cada operador reportava-se a uma pessoa ou grupo de poder, e não ao partido como um todo.
Em setembro, VEJA revelou que o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa havia citado em sua delação PP, PT e PMDB como os principais beneficiários do propinoduto na Petrobras. O ex-diretor detalhou, ainda, que o dinheiro do esquema irrigou as campanhas das três legendas nas eleições de 2010.
Em depoimento à Justiça Federal do Paraná, Costa afirmou que operador da propina que cabia ao PMDB era o lobista Fernando Soares, também conhecido como Fernando Baiano – preso desde segunda-feira na carceragem da PF no Paraná. “Dentro do PT a ligação que o diretor de serviços tinha era com o tesoureiro na época do PT, o senhor João Vaccari. A ligação era diretamente com ele. Do PMDB, da Diretoria Internacional (comandada por Nestor Cerveró), o nome que fazia essa articulação toda chama Fernando Soares”, afirmou.
As investigações, segundo a reportagem, mostram que a atuação do lobista na Diretoria Internacional, então comandada por Nestor Cerveró, favorecia apenas uma ala da sigla. O próprio Costa afirmou em depoimento que passou a operar para o partido após um acordo para permanecer no cargo. Na ocasião, o delator do petrolão havia se afastado do trabalho para tratar problemas de saúde. O PMDB, então, se preparou para indicar como substituto Alan Kardec, ex-gerente-executivo do setor. O partido tem negado quaisquer ligações com Baiano ou com o esquema de corrupção na estatal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário