Rio de Janeiro
Duas doadoras, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez, são também investigadas pela Polícia Federal na Operação Lava Jato
Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
Marco Antônio Cabral (PMDB-RJ) (Reprodução/Facebook)
O filho do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) teve 47% da campanha bancada por empresas contratadas ou beneficiadas pela administração estadual no período em que o Palácio Guanabara foi comandado pelo pai – juntas, as empresas doadoras receberam mais de 33 bilhões de reais do governo do Rio (confira no quadro abaixo). Aos 23 anos, Marco Antônio Cabral (PMDB) foi eleito deputado federal, sem deixar dívidas, com uma arrecadação de 6,79 milhões de reais, de acordo com a prestação de contas entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta terça-feira. Desse montante, as empresas beneficiadas com contratos ou incentivos fiscais contribuíram com 3,17 milhões de reais.
O herdeiro de Cabral também recebeu doações de fornecedores do estado do Rio de Janeiro e da Petrobras que são investigados na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que desvendou um esquema bilionário de corrupção cujos tentáculos atingiram a estatal – Cabral chegou a ser citado em depoimento pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa. Investigada pela Polícia Federal pela suspeita de pagamento de propina a políticos, a Queiroz Galvão deu 500.000 reais para a campanha do filho do ex-governador, em doação repassada pelo Diretório Estadual do PMDB. Também alvo de inquérito, a Andrade Gutierrez contribuiu com 200.000 reais. De acordo com o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, as duas empresas faziam parte de um cartel que fechou contratos superfaturados com a Petrobras e desviou dinheiro para o bolso de partidos e políticos. Cabral é um dos três ex-governadores ligados ao esquema, de acordo com depoimento prestado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa em acordo de delação premiada, pelo qual se comprometeu a ajudar na elucidação de crimes em troca de punição mais branda.
Os bancos Itaú, Bradesco e Santander também receberam pagamentos bilionários do governo estadual e ajudaram o filho do ex-governador. O Bradesco deu 500.000 reais, em doações da Bradesco Capitalização e da Bradesco Vida e Previdência. O Itaú contribuiu com 100.000 reais e o Santander doou 150.000 reais. Figuram ainda como contratadas pelo governo e doadoras do filho de Cabral a Construtami Engenharia e Comércio, que doou 50.000 reais, a Rio de Janeiro Refrescos, fabricante da Coca-Cola no Brasil, que deu 500.000 reais, a Carioca Engenharia, que deu 500.000 reais, e o frigorífico JBS, com 330.000 reais. Além de ter fornecido carne bovina para órgãos do governo, a JBS foi beneficiada por incentivos fiscais concedidos pela administração estadual.
Outras empresas beneficiadas por incentivos fiscais na era Cabral também doaram ao herdeiro do ex-governador. A Gerdau deu 40.000 reais para a campanha e a Ambev contribuiu com 300.000 reais, em doação feita pela CRBS, uma das subsidiárias do grupo.
Empresas doadoras e quanto receberam do governo Cabral:
Contribuidor | Recebido do Estado |
GRUPO BRADESCO | R$ 19.853.639.276,63 |
BANCO ITAU S/A | R$ 12.788.989.281,64 |
BANCO SANTANDER BANESPA S.A. | R$ 363.791.978,22 |
CARIOCA CHRISTIANI-NIELSEN ENGENHARIA S.A | R$ 217.060.995,16 |
CONSTRUTORA QUEIROZ GALVAO S/A | R$ 3.555.109,93 |
CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ S/A | R$ 820.883,14 |
CONSTRUTAMI ENGENHARIA E COMERCIO LTDA | R$ 743.109,56 |
JBS S/A | R$ 420.376,37 |
RIO DE JANEIRO REFRESCOS LTDA | R$ 398.978,20 |
CRBS S.A - AMBEV | R$ 130.566,31 |
GERDAU S/A | R$ 67.770,47 |
Total repassado pelo governo do RJ | R$ 33.229.618.325,63 |
Fonte: Secretaria Estadual de Fazenda do Rio de Janeiro
*Valor total faturado de janeiro de 2007 a setembro de 2014 em contratos fechados com o Estado do Rio de Janeiro
*Valor total faturado de janeiro de 2007 a setembro de 2014 em contratos fechados com o Estado do Rio de Janeiro
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