Lava Jato
Segundo jornal, Erton Medeiros Fonseca, da Galvão Engenharia, afirmou ter sido chantageado por Costa e Youssef a fazer pagamentos para o partido
Presos na operação Lava-Jato deixam a sede da Policia Federal com destino ao IML da cidade de Curitiba para fazer o exame de corpo de delito - Avener Prado/Folhapress
Em depoimento à Polícia Federal, o diretor de Óleo e Gás da construtora Galvão Engenharia admitiu ter pago propina no esquema de corrupção operado na Petrobras pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa. As informações são do jornal Folha de S. Paulo. Segundo Erton Medeiros Fonseca, o dinheiro foi destinado ao PP.
Preso na sexta-feira durante a sétima fase da Operação Lava Jato, Fonseca prestou depoimento na segunda-feira. Ele afirma, contudo, ter sido extorquido pela dupla a fazer o pagamento. De acordo com o executivo, Youssef e Costa teriam afirmado que, caso a propina não fosse paga, a empreiteira seria prejudicada pela estatal nos contratos em andamento.
Fonseca afirmou ainda que, em 2010, havia sido procurado pelo mensaleiro José Janene, que comandava o esquema de propinas ao PP. Depois da morte do deputado, em setembro daquele ano, Youssef e Costa assumiram os trabalhos. O empresário disse estar disposto a fazer uma acareação com o doleiro e o ex-diretor. De acordo com a reportagem, o empresário negou que a Galvão tenha integrado o cartel de empreiteiras para fraudar licitações da Petrobras.
Empreiteiras – À PF, Costa revelou que a organização criminosa que operava na estatal era muito mais sofisticada do que parecia. Segundo ele, havia um cartel de grandes empreiteiras que escolhia as obras, decidia quem as executaria e fixava os preços. Era como se a companhia tivesse uma administração paraestatal. O ex-diretor listou oito empreiteiras envolvidas no cartel: Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Galvão Engenharia, Iesa, Engevix, Mendes Junior e UTC – e os nomes de seus interlocutores em cada uma delas. As empreiteiras superfaturavam os custos e repassavam até 3% do valor dos contratos para os “agentes políticos”. No caso da diretoria de Abastecimento, comandada por Paulo Roberto Costa, o dinheiro desviado era dividido entre o PT, o PMDB e o PP.
De acordo com as investigações, Costa e Youssef organizaram um esquema de desvio de recursos da estatal para enriquecimento próprio e para abastecer o bolso de políticos e partidos da base aliada. Isso era feito com a assinatura de contratos fictícios, simulando a prestação de serviços entre empresas de fachada e as empreiteiras envolvidas, sempre com a finalidade de dar aparência legítima ao dinheiro desviado. Como revelou VEJA, o ex-diretor Paulo Roberto Costa apontou pelo menos três governadores, um ministro, seis senadores, 25 deputados federais e três partidos políticos (PT, PMDB e PP) como beneficiados pelas verbas desviadas. Eles recebiam 3% de comissão sobre o valor de contratos da petrolífera, de acordo com os depoimentos de Costa prestados no acordo de delação premiada.
O tempo passa, e as coisas só pioram na Petrobras e no Brasil. A presidente Dilma se comporta como o último imperador romano, que, no fim da linha, preferia cuidar de galinhas. Ocorre que esta senhora, que encerra melancolicamente o seu mandato, terá mais quatro anos — caso cumpra o calendário e não seja atropelada pela lei. A entrevista concedida nesta segunda por Graça Foster, presidente da estatal, evidencia que o governo perdeu o pé da situação. Raramente se viu soma tão robusta de sandices. Para piorar, as denúncias chegam à atual diretoria da empresa: segundo Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, José Carlos Cosenza, atual diretor de Abastecimento e substituto do próprio Costa, também recebeu propina. Ele nega. E tudo pode sempre piorar: surgiram sinais de que o esquema criminoso pode ter atuado também na Eletrobras, cujas ações despencaram nesta segunda.
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