Congresso
PPS vai pedir reunião de emergência para analisar o conteúdo do depoimento
Laryssa Borges, de Brasília
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, presta depoimento à CPI da estatal sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e as obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo/VEJA)
Diante das revelações de que deputados, senadores, governadores e até um ministro participaram de um esquema bilionário de corrupção na Petrobras, parlamentares de oposição defenderam neste sábado a convocação imediata do ex-diretor da estatal de petróleo, Paulo Roberto Costa, para prestar esclarecimentos ao Congresso. O PPS, partido de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff, afirmou que vai pedir na segunda-feira que seja convocada uma reunião de emergência da CPI da Petrobras para analisar as denúncias.
Reportagem de VEJA revela que, em um acordo de delação premiada, Paulo Roberto Costa afirmou que políticos da base aliada à presidente Dilma e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que disputava a Presidência da República ao lado de Marina Silva, receberam dinheiro do esquema. O rol de citados pelo delator inclui três governadores, seis senadores, um ministro de Estado e pelo menos 25 deputados federais embolsaram ou tiraram proveito de parte do dinheiro roubado dos cofres da estatal. De acordo com depoimento de Paulo Roberto Costa, o esquema funcionou nos dois mandatos do ex-presidente Lula, mas também adentrou a atual gestão da presidente Dilma Rousseff.
Entre os nomes elencados por Costa estão os ex-governadores Sergio Cabral, do Rio de Janeiro, Eduardo Campos, de Pernambuco, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, além do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Os nomes das autoridades com foro privilegiado já foram encaminhados ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável por levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF). Caberá ao relator no STF, ministro Teori Zavascki, analisar o teor das informações do ex-diretor da Petrobras e homologar a delação. Entre os beneficiários do propinoduto revelado pelo ex-dirigente da estatal estão políticos do PT, PMDB e PP.
“A presidente Dilma Rousseff, sempre tão respeitosa com os companheiros condenados pelo STF, agora tem um mensalão para chamar de seu”, ironizou o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (PSDB-BA). “O mesmo partido que acusava os adversários de supostamente pensarem em privatizar a Petrobras é o responsável por causar prejuízos históricos a maior empresa estatal brasileira, orgulhos dos cidadãos, jogando nas páginas policiais a credibilidade daquela que é um dos símbolos do patriotismo nacional.”
“Os fatos estão vindo à luz do dia e precisam urgentemente ser esclarecidos para que não caiam no esquecimento e o PT não consiga desviar a atenção da sociedade brasileira com suas propagandas mentirosas”, disse o deputado Rubens Bueno (PPS-PR). Para o congressista, os nomes de todas as autoridades citadas pelo ex-diretor da Petrobras devem ser tornados públicos.
Na próxima quarta-feira, quando está agendado o depoimento do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró à CPI mista da Petrobras, o líder dos Democratas, deputado Mendonça Filho (DEM-PE), afirmou que deve concluir que medidas podem ser tomadas diante das revelações de Paulo Roberto Costa. Também na quarta o líder do Solidariedade, deputado Fernando Francischini (SD-PR) e o coordenador jurídico da campanha do senador Aécio Neves à Presidência da República, deputado Carlos Sampaio, pretendem pedir acesso a todas as horas de depoimento do ex-diretor da Petrobras à Justiça e ao Ministério Público. Para Sampaio, ouvir imediatamente Paulo Roberto Costa na CPI garante “agilidade à investigação, já que a comissão de inquérito tem instrumentos mais ágeis que o Ministério Público e que o Judiciário”. “A população brasileira tem o direito de saber até que ponto a democracia e a legitimidade dos atos praticados pelos Poderes Executivo e Legislativo foram comprometidos."
Antes da divulgação dos nomes das autoridades citadas por Paulo Roberto Costa, o relator da CPI mista da Petrobras, deputado Marco Maia (PT-RS), havia admitido a possibilidade de convocar o ex-diretor para depor no colegiado. Para o parlamentar, porém, é preciso aguardar a conclusão do acordo de delação premiada antes de chamar o ex-dirigente ao Congresso Nacional.
Apesar do anúncio de medidas pela oposição, atualmente as duas comissões parlamentares de inquérito que investigam irregularidades na Petrobras não têm conseguido avançar nos trabalhos de apuração. Usualmente não há quórum para reuniões ou para votação de pedidos de convocação de autoridades. Além de serem blindadas por governistas, as CPIs têm entre seus integrantes parlamentares que disputam o processo eleitoral e que não têm comparecido a Brasília para as reuniões.
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