Política
Paulo Roberto Costa teria ameaçado Caio Gorentzvaig para garantir que negociação saísse como queria
Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, é preso pela segunda vez pela Polícia Federal (FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO/VEJA)
O empresário Caio Gorentzvaig declarou ao Ministério Público Federal que foi ameaçado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, alvo da Operação Lava Jato. Filho do pioneiro do setor petroquímico no país, Boris Gorentzvaig - fundador da Petroquímica Triunfo -, o empresário afirma que a ameaça ocorreu em 2008 em meio a uma disputa com a Petrobras e a Braskem, do Grupo Odebrecht, pelo controle da Triunfo. "Se vocês não venderem a Petroquímica Triunfo da maneira como nós queremos, vamos colocar vocês debaixo da ponte", teria dito Costa.
Gorentzvaig afirma que o ex-diretor da Petrobras fez a ameaça durante reunião na sede da Petrobras, no Rio, da qual participaram o próprio Caio, um irmão dele, Auro, e o pai, Boris, já falecido. Costa teria dito que "somente ficariam no setor petroquímico duas empresas, sendo uma já escolhida, a empresa da família Odebrecht (Braskem) e a outra estava para ser escolhida".O empresário disse que questionou o então executivo da Petrobras sobre o destino da Triunfo quando ouviu a ameaça.
O depoimento foi tomado dia 16 de junho pelo Ministério Público Federal. Gorentzvaig declarou que Costa foi indicado para a Petrobras (em 2004) pelo então deputado federal José Janene, líder do PP na Câmara na época do mensalão, que morreu em 2010. Segundo o empresário, quem lhe contou sobre a indicação de Costa foi o próprio Janene em um almoço no Aeroporto de Congonhas. "Janene disse que poderia resolver o meu problema com a Petrobras porque era ele quem mandava em Paulo Roberto Costa."
Gorentzvaig relatou que em 2013 um advogado conhecido da família procurou sua mãe, de 75 anos, e convenceu-a a assinar um acordo extrajudicial por meio do qual compraria pessoalmente "os direitos de ação, bem como quaisquer outros direitos em razão da incorporação da Petroquímica Triunfo em face da Petrobras e sua sucessora, a Braskem S/A". Ele disse que seu irmão "gravou uma conversa em que o advogado afirmava que os pagamentos seriam feitos no exterior, tudo estava acertado com a Petrobras e as negociações envolveriam um banco internacional". Entregou cópia da gravação ao MPF.
Gorentzvaig afirmou que desde que gravou depoimento no youtube dizendo que a Petrobras é "um mar de lama", vem sofrendo ameaças de morte pelo telefone e pela internet. O criminalista Nélio Machado, que defende Costa, disse que "desconhece esse fato".
Ações judiciais - A Petrobras informou que existem "diversas ações judiciais, em fases distintas, envolvendo a participação acionária na Petroquímica Triunfo, que tramitam perante o Tribunal de Justiça/RS". Nessas ações, "o Judiciário não vem reconhecendo as pretensões que a Petroplastic (empresa em que a família Gorentzvaig detém ações) manifestou contra a Petrobras e a Braskem".
A Petrobras observou que "a incorporação da Triunfo pela Braskem foi analisada pelo Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul e em São Paulo e pelo Ministério Público do Estado de São Paulo e todas as representações foram arquivadas, sem que fossem constatadas irregularidades". A Braskem rechaçou as acusações. "As afirmações são desprovidas de qualquer fundamento e já foram refutadas em inúmeras oportunidades pelos órgãos competentes do Poder Executivo e Judiciário."
(Com Estadão Conteúdo)
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