Livro-bomba
Verador Marcos Lula (PT) assinou moção do PPS que transmitiu “congratulações” ao autor do livro que revelou mazelas do governo Lula
Robson Bonin, de Brasília
APARELHO CLANDESTINO - Romeu Tuma Junior: "Recebi ordens para produzir e esquentar dossiês contra uma lista inteira de adversários do governo" (Paulo Vitale)
Quando lançou o livro Assassinato de Reputações – Um crime de Estado, o ex-secretário Nacional de Justiça Romeu Tuma Júnior virou um inimigo mortal para petismo instalado no governo da presidente Dilma Rousseff e para as alas radicais do partido na internet. Na obra, Tuma Júnior contou como o partido usava os órgãos do governo para forjar dossiês contra adversários políticos durante o governo Lula, revelou confissões do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, sobre os desvios de dinheiro na prefeitura de Santo André (SP) e abriu os arquivos ocultos da investigação sobre a conta secreta do mensalão no exterior. As revelações levaram o petismo a declarar guerra ao ex-secretário. Espécie de porta-voz de Lula no Palácio do Planalto, Gilberto Carvalho prometeu processar o ex-secretário por causa das acusações constantes no livro. Ainda hoje a militância petista trata a obra como um artigo de ficção, embora haja figuras simbólicas do partido que pensem exatamente o contrário.
É o caso de Marcos Cláudio Lula da Silva. Vereador do PT em São Bernardo do Campo, principal reduto do lulismo no país, Marcos Lula não apenas simpatiza com Tuma Junior, como foi um dos coautores de uma “moção de congratulações” apresentada pelo vereador Julinho Fuzari (PPS) para homenagear o autor pelas denúncias publicadas no livro. “A bancada do PT ficou chateada num primeiro momento com a minha proposta, mas, para minha surpresa, o vereador Marcos Lula não só apoiou como assinou a matéria como coautor. Fiquei contente com a assinatura, porque realmente vivemos num país democrático e acredito que o livro do Romeu Tuma Júnior foi impactante”, diz Fuzari.
É o caso de Marcos Cláudio Lula da Silva. Vereador do PT em São Bernardo do Campo, principal reduto do lulismo no país, Marcos Lula não apenas simpatiza com Tuma Junior, como foi um dos coautores de uma “moção de congratulações” apresentada pelo vereador Julinho Fuzari (PPS) para homenagear o autor pelas denúncias publicadas no livro. “A bancada do PT ficou chateada num primeiro momento com a minha proposta, mas, para minha surpresa, o vereador Marcos Lula não só apoiou como assinou a matéria como coautor. Fiquei contente com a assinatura, porque realmente vivemos num país democrático e acredito que o livro do Romeu Tuma Júnior foi impactante”, diz Fuzari.
A surpresa do vereador do PPS com a adesão do filho de Lula à homenagem não é sem razão. Em um dos capítulos mais polêmicos da obra, Tuma Junior diz que Lula foi informante do Dops, órgão que seu pai, Romeu Tuma, dirigia em São Paulo e no qual ele próprio trabalhava. O ex-secretário afirma que Lula, ou “o agente Barba”, como era o codinome do ex-presidente no Dops, dava informações aos militares que ajudavam a evitar choques violentos com a polícia. “Os relatos do Lula motivaram inúmeras operações e fundamentaram vários relatórios de inteligência para evitar confusões maiores com os movimentos na época. Como informante do meu pai no Dops, o Lula prestou um grande serviço naquele período”, disse Tuma Junior a VEJA, há seis meses, quando lançou o livro.
As revelações jogaram luz sobre pecados inconfessáveis do petismo e causaram indignação maior na militância justamente porque atingiram o passado de sindicalista do ex-presidente Lula. Com mais de 100.000 exemplares vendidos, o livro fomentou uma batalha entre governo e oposição no Congresso. Gilberto Carvalho teve de dar explicações na Câmara e o livro tornou-se até caso de polícia quando, no mesmo dia em que Tuma Junior fora convocado a falar das denúncias no Congresso, um homem armado efetuou disparos contra sua casa em São Paulo. “Foi muito estranho. Nunca ninguém tentou nada parecido na minha casa. Só pode ter sido por causa da convocação no Congresso, porque aconteceu horas depois da divulgação na imprensa”, disse Tuma Júnior.
Conforme revelou VEJA, Tuma Junior afirma em seu livro que recebeu ordens enquanto esteve no cargo para “produzir e esquentar” dossiês contra adversários do governo Lula. Durante três anos, ele comandou a Secretaria Nacional de Justiça, cuja mais delicada tarefa era coordenar as equipes para rastrear e recuperar no exterior dinheiro desviado por políticos e empresários corruptos. Pela natureza de suas atividades, Tuma ouviu confidências e teve contato com alguns dos segredos mais bem guardados do país, mas também experimentou um outro lado do poder — um lado sem escrúpulos, sem lei, no qual o governo é usado para proteger os amigos e triturar aqueles que são considerados inimigos. Entre 2007 e 2010, período em que comandou a secretaria, o delegado testemunhou o funcionamento desse aparelho clandestino que usava as engrenagens oficiais do Estado para fustigar os adversários. Por mais revolta que as revelações tenham causado no petismo, o livro, como se percebe, despertou sentimentos bem diferentes na família do ex-presidente.
Requerimento de moção a Romeu Tuma Jr assinado por Marcos Lula (PT)
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