Petrobras
Em depoimento à CPI da Petrobras, ex-presidente da estatal adotou discurso alinhado ao governo e defendeu a compra da refinaria de Pasadena
Laryssa Borges e Talita Fernandes, de Brasília
O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli presta depoimento à CPI da Petrobras (Antônio Cruz/Agência Brasil)
Cobrado pelo PT por ter afirmado que a presidente Dilma Rousseff "não pode fugir de sua responsabilidade" pela compra da refinaria americana de Pasadena, o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli adotou discurso ameno em depoimento à CPI da Petrobras, nesta terça-feira, e disse que Dilma "não pode ser responsabilizada" pelo negócio. Na época da aquisição da refinaria, Dilma chefiava o conselho.
A operação de compra da refinaria de Pasadena foi iniciada em 2006 e concluída em 2012, após a Petrobras perder uma batalha judicial com a empresa belga Astra Oil. A aquisição causou prejuízo de US$ 1,2 bilhão à petroleira brasileira. Dilma afirmou que o conselho aprovou o negócio porque recebeu "informações incompletas" de um parecer "técnica e juridicamente falho" elaborado pelo então diretor da Área Internacional Nestor Cerveró. A cláusula Marlim garantia à Astra Oil, sócia da Petrobras em Pasadena, uma lucratividade de 6,9% ao ano independentemente das condições de mercado, e a Put Option obrigava a empresa brasileira a comprar a outra metade da refinaria caso os dois grupos se desentendessem.
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo no mês passado, Gabrielli afirmou que Dilma "não pode fugir de sua responsabilidade" sobre o negócio. A declaração foi imediatamente criticada pelo PT e causou alvoroço no governo. Nesta terça, o discurso foi outro: "Não considero a presidente Dilma responsável pela compra de Pasadena. A decisão é da diretoria e do conselho de administração da Petrobras. É um processo que não é individualizado, é coletivo".
Assim como havia afirmado Graça Foster, atual chefe da Petrobras, Gabrielli disse que a compra da refinaria de Pasadena se tornou um mal negócio por causa da mudança no cenário econômico mundial – principalmente a retração econômica nos Estados Unidos. “É um bom negócio? É um mau negócio? Ou é um negócio que muda? É um negocio que muda. Era bom no momento em que foi adquirida. A partir de 2008, tornou-se um mal negócio porque reflete uma mudança que ocorreu no mundo com a crise financeira”, afirmou. Para ele, em 2013, a refinaria voltou ser atraente e, neste ano, começou a gerar lucros.
Questionado se a compra não deveria ter sido rejeitada pelas cláusulas do contrato, recchaçou: “Acho que não [a compra não seria rejeitada pelas cláusulas]. Naquela época, a pergunta era se valia a pena expandir o refino no exterior. E valia a pena comprar. Essa era a discussão na época. Escalar um time no sábado é uma coisa, escalar na segunda é outra. Não posso dizer que escalação seria outra depois do jogo jogado”.
"As decisões do Conselho de Administração são [tomadas] com base em sumários executivos, e não na íntegra dos documentos. Integrantes do Conselho de Administração evidentemente não receberam todas as informações, mas os sumários executivos”, disse.
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