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A CUT e o PT protagonizaram neste Dia do Trabalho um dos maiores vexames de sua história. Explico. O governo decidiu ser onipresente e participar, em São Paulo, tanto da festa promovida pela Força Sindical, na praça Campos de Bagatelle, na Zona Norte, como do chamado ato unificado, que juntou, no Vale do Anhangabaú, a CUT (Central Única dos Trabalhadores), a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e a CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros). Não custa lembrar: os eventos ocorreram um dia depois de a presidente Dilma Rousseff ter anunciado um reajuste de 10% no Bolsa Família e de 4,5% na tabela de correção do Imposto de Renda.
No ato da Força, os oposicionistas Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) foram aplaudidos. Os que tentaram defender o governo, como Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, foram impiedosamente vaiados. No evento liderado pela CUT, os petistas não conseguiram falar. O primeiro que se preparou para discursar foi o prefeito Fernando Haddad. Quando seu nome foi anunciado, começou uma chuva de latas, garrafas e bolas de papel, tudo temperado por muita vaia. Irritado, ele foi embora e não quis conversar nem com os jornalistas. O sindicalista e cutista Ricardo Berzoini, ministro da Casa Civil, passou pelo mesmo constrangimento. O senador Eduardo Suplicy e o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha limitaram-se a cumprimentar os presentes.
Chamo a atenção para os números: a Força reuniu 250 mil pessoas (embora tenha anunciando 1,5 milhão), e a CUT, 3 mil (embora tenha falado em 80 mil). Seja nos números superestimados dos organizadores, seja nos mais realistas, da PM, a diferença é gigantesca. Ainda que esses eventos de Primeiro de Maio tenham se transformado em grandes shows, o fato é que aquele promovido pelos que se opõem a Dilma foi bem mais concorrido. Por falar nela, as generosidades anunciadas no dia anterior não tiveram a menor importância para as pessoas presentes aos dois eventos. Ao ter seu nome pronunciado, Dilma foi ainda mais vaiada do que a companheirada.
Na manifestação organizada pela Força, Aécio criticou Dilma: “Ela foi ontem à televisão falando que quer dialogar com a classe trabalhadora e hoje está fechada no Palácio do Governo, não veio aqui olhar para vocês, explicar por que a inflação voltou, por que o crescimento sumiu e por que a decência anda em falta no atual governo”. Eduardo Campos emendou: “Vamos derrotar o inimigo nº 1 do trabalhador que é a inflação, o desemprego, a desindustrialização”.
Fora do tom
Quem ficou um pouco fora do tom foi o deputado Paulinho. Depois de pedir que os presentes mandassem uma banana para Dilma, disse: “Quem vai acabar no presídio da Papuda é ela porque quem roubou a Petrobras é ela, que era presidente do Conselho”. Ainda que isso seja pinto perto da violência institucional promovida por Dilma no dia anterior, quando usou a rede nacional de rádio e televisão para fazer campanha eleitoral, é o tipo de fala desnecessária. Aécio e Campos tinham sido contundentes o bastante, sem resvalar na grosseria. Alguém dirá que o sindicalista e político Lula já fez coisa muito pior. É verdade. Mas eu não tomo Lula como modelo do que se deve fazer em política.
Quem ficou um pouco fora do tom foi o deputado Paulinho. Depois de pedir que os presentes mandassem uma banana para Dilma, disse: “Quem vai acabar no presídio da Papuda é ela porque quem roubou a Petrobras é ela, que era presidente do Conselho”. Ainda que isso seja pinto perto da violência institucional promovida por Dilma no dia anterior, quando usou a rede nacional de rádio e televisão para fazer campanha eleitoral, é o tipo de fala desnecessária. Aécio e Campos tinham sido contundentes o bastante, sem resvalar na grosseria. Alguém dirá que o sindicalista e político Lula já fez coisa muito pior. É verdade. Mas eu não tomo Lula como modelo do que se deve fazer em política.
E fora do tom também estão o governo e o petismo. Protagonizaram um vexame verdadeiramente histórico. As ruas não andam muito hospitaleiras com o oficialismo.
Texto publicado originalmente às 4h59
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