quinta-feira 27 2014

Polícia Federal liga doleiro preso a suspeita de desvio na Saúde

Polícia

Alvo de operação contra lavagem de dinheiro, Alberto Youssef teria intermediado contratos de laboratórios com o governo em dezembro de 2013

Até o momento, 6 carros de luxo foram apreendidos
Entre os bens apreendidos pela PF, está um Camaro Amarelo e mais cinco veículos de luxo - PF

Relógios e jóias apreendidas na Operação Lava Jato
Além dos automóveis, a PF também recolheu relógios, joias e outros artigos de alto padrão - Divulgação/Polícia Federal

Obras de arte apreendidas durante a Operação Lava Jato
Obras de arte também foram apreendidas com os procurados na operação Lava Jato - Divulgação/Polícia Federal

Operação Lava Jato desarticula rede de lavagem de dinheiro em 7 estados
Investigados usavam uma rede de lavanderias e postos de combustível para lavar o dinheiro - Divulgação

Blue Tree Londrina
Operação lacrou o Hotel Blue Tree de Londrina, cujo dono era um dos líderes do grupo criminoso - PF

Apreensões durante a Operação Lava Jato
Polícia acredita que os integrantes do esquema tenham ligação com o tráfico de drogas internacional; uma arma foi apreendida com um dos detidos - Divulgação/Polícia Federal

Em Londrina, apreensões durante a Operação Lava Jato
PF estima que o grupo movimentou 10 bilhões de reais em esquema de lavagem de dinheiro - Divulgação/PR

No Rio de Janeiro, apreensões durante a Operação Lava Jato
Grandes quantias de dinheiro em moeda nacional e estrangeira foram encontradas durante a operação - Divulgação/PR

No Rio de Janeiro, apreensões durante a Operação Lava Jato
PF fez buscas em dezessete cidades de sete estados; operação foi coordenada pela superintendência do Paraná - Divulgação/PR

A Operação Lava Jato da Polícia Federal rastreou suposto esquema de desvio de recursos públicos envolvendo contrato da empresa Labogen S/A Química Fina com o Ministério da Saúde. Interceptações telefônicas da PF apontam para um negócio firmado entre governo e a empresa para fornecimento de remédio usado no tratamento de hipertensão pulmonar, no valor de 6,2 milhões de reais por ano. O contrato, assinado em dezembro de 2013, durante a gestão do ex-ministro Alexandre Padilha, pré-candidato ao governo paulista pelo PT, tem o formato de Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), modelo que começou a ser usado em 2009 e ganhou força nos últimos dois anos.
A operação Lava Jato foi deflagrada segunda-feira e prendeu 24 pessoas em seis Estados e no Distrito Federal. A polícia aponta que o esquema sofisticado de lavagem de dinheiro chegou a movimentar 10 bilhões de reais através da ocultação de bens adquiridos de forma ilícita. O doleiro Alberto Youssef é o alvo maior da missão. Vigiando os movimentos de Youssef, a PF descobriu que um aliado dele, provavelmente por sua influência, conseguiu firmar contrato de 150 milhões de reais para fabricação de medicamentos no Brasil e fornecimento à Saúde. O negócio teve amparo em Parceria para Desenvolvimento Produtivo (PDP), criada em sistema de portaria em abril de 2012.
A PF capturou um e-mail, no dia 12 de dezembro de 2013, no qual Leonardo Meirelles, empresário ligado a Youssef, comemora a assinatura do contrato. "Assinamos 1 contrato governo, olha reportagem. Realização sonho!!! 150 mi.", escreve Meirelles.  
As PDPs da Saúde são parcerias entre instituições públicas e entidades privadas "com vistas ao acesso a tecnologias prioritárias, à redução da vulnerabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS) em longo prazo e à racionalização e redução de preços de produtos estratégicos para saúde, com o comprometimento de internalizar e desenvolver novas tecnologias estratégicas e de valor agregado elevado".
A PF interceptou conversa telefônica entre o empresário Pedro Argese e Youssef, no dia da assinatura do contrato. Argese agradece a participação do doleiro na transação. "Primeiro lugar Beto, eu queria, antes de tudo, agradecer a confiança que você teve em nós", diz. Yousseff diz que a ação foi um “gol”. Então, Argese sentencia: "Agora é aquele festival... é hora de ir pro abraço".
Em outro trecho, o empresário comenta ter conversado com o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da Saúde, Carlos Gadelha. De acordo com a transcrição, durante o evento, o secretário teria prometido dar todo o apoio possível para "retomada da Labogen", referindo-se a empresa. Na avaliação da PF, a Labogen estaria figurando como intermediária do contrato com o governo, com subcontratação integral, pois não teria condições e estrutura para produzir os medicamentos, "não havendo também razão para que detivesse o contrato junto ao Ministério da Saúde", aponta o relatório policial.
"A Labogen, sabe-se lá por quais meios, obtém o contrato milionário junto ao Ministério da Saúde, mesmo absolutamente sem condições de executá-lo e, por sua vez, repassa para uma empresa idônea a fim de sua execução, pois, conforme se observa claramente, a segunda empresa é que dispõe das instalações e estrutura de produção", ressalta a polícia. 
(Com Estadão Conteúdo) 

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