Pesquisa
Estudantes que obtiveram notas 10% superiores no Saeb recebem, 5 anos após conclusão do ensino médio, salários 5% maiores, aponta Fundação Itaú Social
Bianca Bibiano
Alunos do Centro de Ensino Médio Elefante Branco se preparam para um simulado às vésperas do Enem 2013 (Wilson Dias/Agência Brasil)
Estudantes que obtiveram notas 10% superiores às de seus colegas em provas de matemática e português do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) recebem — cinco anos após a conclusão do ensino médio — salários em média 5% maiores. O dado consta de estudo lançado nesta terça-feira pela Fundação Itaú Social.
A pesquisa é a primeira no Brasil a analisar a relação direta entre desempenho na avaliação escolar e salários. Foram analisados dados de estudantes que realizaram as provas do Saeb em 2000 e 2010 e também informações do Censo Demógrafico e da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad).
De acordo com os dados levantados por Naercio Menezes Filho e Andréa Zaitane Curi, que elaboraram o estudo, a proficiência em português e matemática na prova nacional garante um aumento de cerca de 57 reais no salário — usando-se como base uma remuneração média de 1.1155 reais. "O resultado comprova um conceito intuitivo que está disseminado: o aluno que estuda mais tem mais chances de conseguir salário inicial melhor na vida adulta", diz Menezes Filho.
A prova do Saeb é elaborada pelo Ministério da Educação (MEC) e aplicada a cada dois anos em três estágios da escolaridade: 5º e 9º anos do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio. A partir do resultado dos alunos nessa prova, é calculada a nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Segundo Patrícia Mota, diretora de educação do Itaú Social, o estudo comprova a importância do ensino na melhoraria da produtividade profissional. "O estudo não fala apenas da nota que o aluno obteve em uma prova de matemática ou português, mas sim das habilidades acumuladas ao longo da vida escolar até o ensino médio e que são medidas pelo Saeb. Aqueles que foram mais bem instruídos na escola terão mais chances de conseguir o primeiro emprego com um salário maior."
Patrícia explica ainda que, além do tempo de estudo, o aluno precisa ter uma formação de qualidade. "Esses números expõem a necessidade de melhorar a formação do professor em sala de aula, para garantir que todos os alunos tenham as mesmas oportunidades de chegar ao mercado de trabalho."
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