Diagnóstico
Da perda de peso a crises de vômitos sem explicação, alguns sinais do corpo podem servir como indicadores de graves problemas de saúde
Aretha Yarak
Casos de vômito repentino podem ser um prenúncio de infarto ou mesmo um indicativo de problemas vascular, digestivo ou neurológico (Thinkstock)
Sede intensa, perda de peso sem motivo aparente ou um caso de febre persistente. Algumas mudanças bruscas no funcionamento do corpo podem ser o primeiro indicador visível de doenças ou disfunções do organismo. Ao surgimento desses sintomas, especialistas são unânimes em alertar: procure um médico imediatamente. Quanto antes uma doença, um problema ou um transtorno forem diagnosticados, maiores são as chances de sucesso do tratamento.
De acordo com Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, a demora em procurar ajuda médica pode resultar em complicações no tratamento que poderiam, muitas vezes, serem evitadas. "O ideal é que se procure um médico já nas primeiras 48 horas após o aparecimento desses sintomas", diz.
Confira abaixo uma relação de 14 sintomas elencados por especialistas consultados por VEJA, que devem servir como um sinal de alerta importante. Ao surgimento de algum deles, o ideal é que um médico seja procurado para o devido diagnóstico do problema.
14 sintomas que não podem ser ignorados
Perda de peso sem causa aparente
Uma perda involuntária de mais de 10% do peso corporal nos últimos seis meses deve ser investigada. Diversas condições médicas podem causar o súbito emagrecimento. Entre elas estão o hipertireoidismo, o diabetes, a depressão e outros distúrbios psicológicos, doenças do fígado, cânceres ou outras doenças que interferem na maneira como o corpo absorve nutrientes.
Febre persistente
Normalmente, crianças têm mais casos de febres do que adultos e com temperaturas mais elevadas, mesmo em situações benignas. Mas, quando essa febre dura mais de uma semana acima dos 37,5 graus, é hora de procurar um médico. De acordo Arnaldo Lichtenstein, clínico geral do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, mais da metade das febres sem causa aparente são causadas por infecções — que podem ir de uma infecção urinária a casos de tuberculose. Ainda há casos que são causados por cânceres (como o linfoma), doenças autoimunes, uso contínuo de alguns medicamentos e doenças reumatológicas. Se a febre for muito alta, acima dos 39,4 graus, o médico deve ser procurado o mais rápido possível.
Falta de ar
Se a dificuldade para respirar ultrapassa as limitações de um nariz congestionado ou da prática de uma atividade física pesada, pode haver um problema respiratório como pano de fundo. Entre as causas estão a doença pulmonar obstrutiva crônica, anemia, bronquite crônica, asma, pneumonia, embolia pulmonar e problemas de coração e pulmão. "Em alguns casos a falta de ar tem fundo emocional", diz Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica. Os episódios de ansiedade costumam vir acompanhados de aumento na frequência cardíaca, sudorese, falta de ar e outros sintomas físicos.
Mudanças inexplicáveis nos hábitos intestinais
Entenda-se por alteração intestinal qualquer quadro que não seja o normal de cada pessoa. Entre as mudanças mais comuns estão: fezes com sangue, escuras ou amareladas; prisão de ventre ou diarreia persistente; e vontade incontrolável de defecar. Essas mudanças podem significar a presença de infecções bacterianas (como a Salmonella), virais ou parasitárias. Há casos ainda de problemas como a síndrome do intestino irritável, câncer de cólon e doença celíaca.
Mudanças repentinas no estado mental
Casos de confusões repentinas de pensamento, de concentração e de memória, ou desorientação tempo e espacial, e até mudanças súbitas no comportamento — como tornar-se agressivo — são sinais de que um médico deve ser procurado o mais breve possível. As mudanças rápidas no estado mental podem significar diversos problemas, como infecção, anemia, baixo índice glicêmico, desidratação ou problemas mentais. Em alguns casos, ela pode ser causada por um acidente vascular cerebral (derrame) ou por um tumor.
Sentir-se saciado mesmo depois de comer pouco
Sentir-se saciado após ingerir pequenas refeições é um sinal de que há algo errado com o organismo. Para saber se a saciedade chega antes da hora, vale uma regra de comparação: se ao comer a mesma quantidade de sempre, a pessoa sente-se empanturrada. Assim, ela acaba tende de comer menos do que o habitual para ficar saciada. A sensação de saciedade pode vir acompanhada ainda de náusea, vômitos, inchaço, febre e perda ou ganho de peso. As possíveis causas para o problema são: refluxo gastroesofágico, síndrome do intestino irritável, gastrite, úlcera, problemas na vesícula ou no esôfago. Em casos mais severos, pode ser sinal de câncer.
Ver flashes de luz
Visualizar manchas brilhantes ou alguns flashes de luz pode ser um sinal de alterações na retina, como uma má circulação ou mesmo seu descolamento. Outros problemas são alterações no vítreo do olho, um líquido que fica entre o cristalino e a retina. Há casos ainda que esses sinais luminosos indicam o começo de uma crise de enxaqueca com aura.
Tontura ou sensação de desmaio
Casos em que a tontura ocorre após uma forte pancada na cabeça e vem acompanhada de febre alta, perda súbita de audição, dor no peito e visão podem ser graves e devem ser encaminhados imediatamente para o serviço de emergência hospitalar. Outros casos de urgência veem ainda acompanhados de enfraquecimento das pernas ou braços, fala embaralhada, perda de consciência e mal-estar. Entre as causas estão: problema cardíaco, anemia, enxaqueca, síndrome metabólica, transtornos de ansiedade, distúrbios emocionais ou neurológicos, lesões na cabeça e medicamentos.
Sede intensa e muitas idas ao banheiro para urinar
Beber quantidades elevadas de água (cerca de quatro litros por dia) e ir ao banheiro em intervalos menores do que o de costume podem ser sintomas de rinite alérgica ou de que os níveis de glicemia do sangue estão desregulados. "Em tempos secos, a pessoa com rinite bebe mais água e acaba indo ao banheiro", diz Arnaldo Lichtenstein. Mas como o sintoma pode ser ainda um sinal de diabetes, deve-se procurar um médico para o diagnóstico adequado.
Urina escura ou pele e olhos amarelados
Quando a urina está com uma aparência escura, chegando a manchar a roupa, ou os olhos e a pele estão amarelados, o organismo pode estar enfrentando desequilíbrios de substâncias no sangue. Esse amarelamento pode ser causado por icterícia, hepatite, cálculo biliar, câncer de pâncreas ou de fígado e processos infecciosos variados.
Vômito
Quando o vômito acontece de maneira inexplicável, em pessoas que não têm histórico de vômitos sem um motivo aparente, ele pode ser um prenúncio de infarto ou ainda de problemas vascular, digestivo ou neurológico.
Dores torácicas
Dores no peito e no tórax durante a prática de um exercício físico podem ser sinal de que algo está errado. Quando a dor é recorrente e costuma desaparecer dez minutos depois que a atividade física termina, ela pode ser um sinal de angina — um conhecido precursor do infarto cardíaco. Em casos mais amenos, no entanto, essa dor pode ser causada apenas pelo acúmulo de gases.
Tosse persistente
Uma tosse seca, do tipo que arranha a garganta e o pulmão e tem duração de mais de três semanas, pode ser reflexo do uso de alguns remédios ou o sintoma de problemas como tuberculose, sinusite ou mesmo de um refluxo de ácido do estômago.
Inchaço de membros
Pessoas acima do peso e com varizes têm, normalmente, um pouco de inchaço nas pernas ao fim do dia. Mas quando esse inchaço começa a aparecer mais cedo e vem acompanhado de falta de ar e inchaço no rosto, é hora de procurar um médico imediatamente. O sintoma, que acomete as duas pernas, pode estar sendo causado por problemas de coração e de rim. Quando apenas uma perna é afetada, no entanto, o inchaço pode ser o resultado de uma trombose e costuma vir acompanhado de dores fortes no membro.
* Fontes: Alfredo Salim, clínico geral e médico de família do Hospital Sírio-Libanês; Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica; Arnaldo Lichtenstein, clínico geral do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP); Clínica Mayo
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