Cinema
Assim como primeiro filme, sequência se apoia em humor pastelão, com piadas fracas e trama pouco empolgante; tempo de produção restrito é um dos culpados
Rafael Costa
Leandro Hassum e Camila Morgado em cena do filme 'Até que a Sorte nos Separe 2' - Gabriel Borges/Divulgação
Piadas fracas, humor ao estilo pastelão, trama pouco envolvente e cenas exageradas que soam quase como uma maneira de implorar pelo riso dos espectadores. Até que a Sorte nos Separe 2deixa tanto a desejar no quesito comédia como o primeiro filme da franquia. Só não chega a ser o pior lançamento do gênero por um nome: Leandro Hassum. Com seu estilo desleixado, que agradou no humorístico Zorra Total – do qual fez parte entre 2000 e 2011 – e em espetáculos de stand-up comedy, marcado por trocadilhos infames e suas tradicionais “piadas de gordo”, o protagonista mais uma vez garante alguma graça e evita que o longa seja um completo desastre.
Na sequência de Até que a Sorte nos Separe, longa do final de 2012, o casal Tino (Leandro Hassum) e Jane (agora vivida por Camila Morgado) passa por uma grave crise financeira, até receber uma nova bolada. Desta vez, o dinheiro não vem da loteria, mas da herança de Olavinho (Maurício Sherman), o tio que salvou Jane e o marido quando os dois torraram tudo o que ganharam no primeiro longa. Generoso, Olavinho deixa 50 milhões de reais para a sobrinha. Há uma condição, no entanto: o casal tem que realizar um dos últimos desejos do milionário: jogar suas cinzas no Grand Canyon, nos Estados Unidos. Para cumprir o objetivo, eles viajam com mala e filhos a Las Vegas, onde Tino acaba, mais uma vez, gastando todo o dinheiro que resolveria os problemas do casal.
O argumento é interessante para uma comédia, mas o desenvolvimento decepciona. Pouco lapidado, o roteiro tem piadas forçadas e diálogos improvisados que quebram o clima em grande parte da narrativa. O próprio Hassum, apesar de ser o único que consegue, de fato, provocar alguma risada nos espectadores, peca em alguns momentos por extravagâncias desnecessárias, como o excesso de gritos e caretas. Um dos motivos para tanto exagero podem ser filmes da Sessão da Tarde como Férias Frustradas, citado como uma das principais referências de Até que a Sorte... 2 pelo diretor Roberto Santucci, em entrevista ao site de VEJA. Além disso, a liberdade que Hassum tem para improvisar sobre o roteiro de Paulo Cursino, com quem trabalha há oito anos, apesar de dar certa leveza em alguns diálogos, faz com que certas cenas ultrapassem o limite do bom humor, com piadas mastigadas e óbvias, características do pastelão.
O diretor e o roteirista culpam o tempo restrito, como aliás é o prazo de outras grandes produções do cinema nacional, pelo mal desenvolvimento do texto. O roteiro teve de ser escrito em cinco meses e filmado em cerca de cinco semanas, impedindo uma maior atenção às falas e às sequências, o que fez com que os conflitos fossem resolvidos facilmente, sem a presença de um grande clímax.
Na sequência de Até que a Sorte nos Separe, longa do final de 2012, o casal Tino (Leandro Hassum) e Jane (agora vivida por Camila Morgado) passa por uma grave crise financeira, até receber uma nova bolada. Desta vez, o dinheiro não vem da loteria, mas da herança de Olavinho (Maurício Sherman), o tio que salvou Jane e o marido quando os dois torraram tudo o que ganharam no primeiro longa. Generoso, Olavinho deixa 50 milhões de reais para a sobrinha. Há uma condição, no entanto: o casal tem que realizar um dos últimos desejos do milionário: jogar suas cinzas no Grand Canyon, nos Estados Unidos. Para cumprir o objetivo, eles viajam com mala e filhos a Las Vegas, onde Tino acaba, mais uma vez, gastando todo o dinheiro que resolveria os problemas do casal.
O argumento é interessante para uma comédia, mas o desenvolvimento decepciona. Pouco lapidado, o roteiro tem piadas forçadas e diálogos improvisados que quebram o clima em grande parte da narrativa. O próprio Hassum, apesar de ser o único que consegue, de fato, provocar alguma risada nos espectadores, peca em alguns momentos por extravagâncias desnecessárias, como o excesso de gritos e caretas. Um dos motivos para tanto exagero podem ser filmes da Sessão da Tarde como Férias Frustradas, citado como uma das principais referências de Até que a Sorte... 2 pelo diretor Roberto Santucci, em entrevista ao site de VEJA. Além disso, a liberdade que Hassum tem para improvisar sobre o roteiro de Paulo Cursino, com quem trabalha há oito anos, apesar de dar certa leveza em alguns diálogos, faz com que certas cenas ultrapassem o limite do bom humor, com piadas mastigadas e óbvias, características do pastelão.
O diretor e o roteirista culpam o tempo restrito, como aliás é o prazo de outras grandes produções do cinema nacional, pelo mal desenvolvimento do texto. O roteiro teve de ser escrito em cinco meses e filmado em cerca de cinco semanas, impedindo uma maior atenção às falas e às sequências, o que fez com que os conflitos fossem resolvidos facilmente, sem a presença de um grande clímax.
“Com mais tempo, você pode caprichar mais, ter mais ideias. Só que existem as demandas do mercado, existe uma janela no final do ano para exibir um filme e nós tínhamos de aproveitar, então tivemos que correr”, diz Cursino ao site de VEJA. Segundo o roteirista, o problema não é exclusivo do cinema nacional. As grandes produções hollywoodianas, apesar de terem mais tempo de produção que as brasileiras, de um a dois anos, em média, por vezes pecam no roteiro por sofrer com problemas de agenda. “Eles também fazem as coisas na pressa. Chegam a lançar o trailer sem ter o acabamento final do filme”, conta Cursino.
A pressa vem da demanda, coisa que a produção nacional, em processo crescentemente industrial, vem experimentando com as comédias, nos últimos anos. “O público quer o tempo todo uma novidade, as salas precisam. Mas precisa haver mais gente produzindo, o mercado tem que aumentar. E não só gente produzindo, mas gente produzindo filmes que funcionem. Mais gente fazendo filme ruim também não dá, estraga o mercado”, diz o roteirista. Para ele, um maior volume de estreias daria a cada filme um prazo mais longo de produção, já que haveria sempre um longa chegando para aplacar a demanda do público.
Ao lado de Hassum, outro dos poucos pontos positivos do filme está no elenco: a substituição de Danielle Winits por Camila Morgado no papel de Jane – a Amarilys de Amor à Vida não pôde participar por problemas de agenda. A troca rendeu algumas boas tiradas no roteiro, como uma das passagens que satirizam uma cena já clássica da atriz, aquela em que ela, na pele da personagem-título de Olga (2004), exclama a plenos pulmões para uma série de repórteres estar grávida de Luiz Carlos Prestes. Em Até que a Sorte... 2, é igualmente com ar dramático, em um flashback, que Jane conta à sua mãe (Arlete Salles) estar grávida de Tino.
A pressa vem da demanda, coisa que a produção nacional, em processo crescentemente industrial, vem experimentando com as comédias, nos últimos anos. “O público quer o tempo todo uma novidade, as salas precisam. Mas precisa haver mais gente produzindo, o mercado tem que aumentar. E não só gente produzindo, mas gente produzindo filmes que funcionem. Mais gente fazendo filme ruim também não dá, estraga o mercado”, diz o roteirista. Para ele, um maior volume de estreias daria a cada filme um prazo mais longo de produção, já que haveria sempre um longa chegando para aplacar a demanda do público.
Ao lado de Hassum, outro dos poucos pontos positivos do filme está no elenco: a substituição de Danielle Winits por Camila Morgado no papel de Jane – a Amarilys de Amor à Vida não pôde participar por problemas de agenda. A troca rendeu algumas boas tiradas no roteiro, como uma das passagens que satirizam uma cena já clássica da atriz, aquela em que ela, na pele da personagem-título de Olga (2004), exclama a plenos pulmões para uma série de repórteres estar grávida de Luiz Carlos Prestes. Em Até que a Sorte... 2, é igualmente com ar dramático, em um flashback, que Jane conta à sua mãe (Arlete Salles) estar grávida de Tino.
Outro ponto alto são as breves aparições do humorista Jerry Lewis. Protagonista de alguns clássicos do humor como O Professor Aloprado (1962) e O Rei da Comédia (1982), ele enriquece o elenco e proporciona alguns momentos de bom humor à trama. Nada, porém, capaz de arrancar gargalhadas do espectador. Assim como a participação especial de Anderson Silva, que serve apenas para atrair curiosos para o filme, porque, se depender do seu talento humorístico, é melhor o lutador se limitar aos ringues de MMA.
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