Oncologia
Atividade de três genes pode indicar se a doença se desenvolverá de forma lenta ou agressiva. Descoberta deve ajudar médicos a individualizar terapias
Câncer de próstata: estima-se que cerca de 2,5 milhões de americanos vivem com a doença (Thinkstock)
O nível de atividade de três genes vinculados ao envelhecimento permite prever o comportamento do câncer de próstata e indicar se o seu desenvolvimento será lento ou agressivo. A conclusão, relatada em um artigo publicado no periódico Science Translational Medicine, pode auxiliar os médicos a encontrar a melhor forma de tratamento para cada caso da doença.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: A Molecular Signature Predictive of Indolent Prostate Cancer
Onde foi divulgada: periódico Science Translational Medicine
Quem fez: Shazia Irshad, Mukesh Bansal, Mireia Castillo-Martin, Tian Zheng, Alvaro Aytes, Sven Wenske, Clémentine Le Magnen, Paolo Guarnieri, Pavel Sumazin, Mitchell C. Benson, Michael M. Shen, Andrea Califano e Cory Abate-Shen
Instituição: Universidade de Columbia, EUA
Dados de amostragem: Amostras de biópsias realizadas em tumores de próstata de 43 pacientes
Resultado: Foram encontrados três genes específicos — FGFR1, PMP22 e CDKN1A — que podem indicar o comportamento do câncer de próstata em relação à agressividade
Título original: A Molecular Signature Predictive of Indolent Prostate Cancer
Onde foi divulgada: periódico Science Translational Medicine
Quem fez: Shazia Irshad, Mukesh Bansal, Mireia Castillo-Martin, Tian Zheng, Alvaro Aytes, Sven Wenske, Clémentine Le Magnen, Paolo Guarnieri, Pavel Sumazin, Mitchell C. Benson, Michael M. Shen, Andrea Califano e Cory Abate-Shen
Instituição: Universidade de Columbia, EUA
Dados de amostragem: Amostras de biópsias realizadas em tumores de próstata de 43 pacientes
Resultado: Foram encontrados três genes específicos — FGFR1, PMP22 e CDKN1A — que podem indicar o comportamento do câncer de próstata em relação à agressividade
“A maior parte dos 200 000 tumores diagnosticados todos os anos nos Estados Unidos tem uma evolução lenta”, afirma Cory Abate-Shen, professor da Faculdade de Medicina de Columbia, nos Estados Unidos, e um dos autores responsáveis pelo estudo. “Esses marcadores genéticos poderiam eliminar a incerteza atual quanto à natureza do câncer de próstata no diagnóstico, e assegurar ao paciente um tratamento adequado.”
“O problema dos testes atuais de detecção é a incapacidade de identificar o fraco percentual de tumores de próstata que se tornarão agressivos e se espalharão por outros órgãos”, explica Mitchell Benson, também responsável pelo trabalho.
Genes — Os três genes identificados — FGFR1, PMP22 e CDKN1A — são particularmente afetados pelo envelhecimento celular, um processo conhecido pelo seu papel na supressão do tumor, e vinculado a tumores de próstata benignos em humanos e camundongos.
Os pesquisadores afirmam que quando os três genes estão presentes, o risco de tumor de próstata é menor. Por outro lado, quando o resultado do teste para os genes dá negativo (ou seja, eles não são encontrados), a natureza do tumor é agressiva.
Pesquisa — A exatidão do teste foi provada pelos cientistas com amostras de biópsias realizadas em tumores de próstata de 43 pacientes, acompanhados durante pelo menos 10 anos. Inicialmente, todos foram diagnosticados com câncer de próstata de baixo risco. Dos 43, porém, 14 desenvolveram tumores avançados — todos identificados pelo teste genético.
“O teste preliminar conseguiu prever, sem erro, quais pacientes diagnosticados com tumor canceroso de próstata de baixo risco acabariam desenvolvendo um câncer avançado”, afirma Abata-Shen. No futuro, os cientistas pretendem avaliar o teste genético em um ensaio clínico mais amplo.
Estatísticas — Cerca de 2,5 milhões de homens vivem com câncer de próstata nos Estados Unidos (país onde foi feito o estudo), e estima-se que 30 000 morrerão da doença este ano. Embora um em cada seis homens seja diagnosticado com a doença durante a vida, a maioria não morre por conta dela. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2012 cerca de 60 000 novos casos da doença foram diagnosticados no Brasil.
Opinião do Especialista
Gustavo Guimarães
Cirurgião oncologista e diretor de Urologia do Hospital A.C. Camargo
Cirurgião oncologista e diretor de Urologia do Hospital A.C. Camargo
"A tentativa dos cientistas de encontrar genes associados ao comportamento do câncer não é algo novo. A metodologia que eles usaram, no entanto, é nova. Agora, será preciso replicar o estudo em uma amostragem maior, para que o resultado seja comprovado. Se eles conseguirem isso, teremos uma aplicação clínica prática muito importante. Em linhas gerais, ao identificar a agressividade do tumor, o teste poderá ajudar a evitar muitos tratamentos desnecessários. Ou ainda aumentar a vigilância de determinados casos em que há o perigo da metástase."
(Com agência France-Presse)
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