Ativistas de movimentos de sem-teto e moradores de comunidades ameaçadas de remoção começaram neste sábado um ato de ocupação em frente da mansão da Gávea Pequena, residência oficial do prefeito do Rio
Marcos de Paula/AE
"Também participam do ato organizações como o Movimento Nacional de Luta pela Moradia"
RIO DE JANEIRO - Ativistas de movimentos de sem-teto e moradores de comunidades ameaçadas de remoção começaram na tarde deste sábado, 17, um ato que promete tornar-se uma ocupação em frente da mansão da Gávea Pequena, residência oficial do prefeito do Rio, Eduardo Paes, no Alto da Boa Vista, zona norte da cidade. Dezenas de manifestantes participaram de uma marcha de pouco menos de três quilômetros, até o portão principal da mansão, onde chegaram por volta de 17h15, sem incidentes registrados. Faixas de protesto foram fixadas na grade da mansão oficial.
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"A Secretaria Municipal de Habitação diz que 19,2 mil famílias foram removidas desde 2009", disse Renato Cosentino, membro do Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas. O comitê divulgou o ato contra Paes por meio das redes sociais. "Há um processo de especulação imobiliária que tem a ver com as remoções", completou Cosentino.
Também participam do ato organizações como o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) e representantes de associações de moradores de comunidades atingidas, como a Vila Autódromo, em Jacarepaguá, o Morro da Providência, atingido pelas obras de revitalização da região portuária, e Tubiacanga, na Ilha do Governador, perto do Aeroporto do Galeão.
Acostumados com ocupações, os militantes de movimentos sem-teto levaram mantimentos, lonas e montaram quatro barracas de camping na frente da Gávea Pequena. Para isso terão que enfrentar o frio e a chuva - começou a chover por volta de 18h e o Alto da Boa Vista, em meio a um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica em perímetro urbano do País, historicamente, registra as temperaturas mais baixas no Rio.
Jane Nascimento, da associação de moradores da Vila Autódromo, participou do ato deste sábado para mostrar que os representantes da comunidade não deixariam de atuar junto aos movimentos sociais, mesmo com o recuo da Prefeitura em relação à remoção das famílias.
Após reunião no último dia 9, a Prefeitura anunciou início de conversações para manter a comunidade no local - as famílias seriam removidas em meio a obras de preparação para as Olimpíadas. "Mas as coisas não estão claras. Não tem nada de concreto sobre a permanência", disse Jane.
Na chegada dos manifestantes à residência do prefeito, oito policiais militarem cercavam o portão principal da Gávea Pequena. Duas viaturas e duas motos da Polícia Militar (PM) acompanharam a marcha. Apesar da tranquilidade, durante a marcha, o tráfego na pista no sentido Barra da Tijuca da Estrada de Furnas, no Alto da Boa Vista, foi interrompido, deixando lento o trânsito na principal ligação entre a Tijuca, na zona norte, e a Barra, na zona oeste.
Procurada, a assessoria de imprensa da Prefeitura do Rio não confirmou se Paes estava na Gávea Pequena quando os manifestantes chegaram. Informou apenas que o prefeito tinha agenda marcada para 16h, na zona oeste. /Colaborou Roberta Pennafort
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