sexta-feira 05 2013

Eu me quero o crítico nº 1 de Sérgio Cabral, mas afirmo: cercar a sua casa é um ato fascitoide!


Vamos ver: em matéria de crítica a Sérgio Cabral, governador do Rio (PMDB), não tem pra ninguém. Eu sou o primeiro da fila. Não só a ele: também a seu secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. Quando quase todo mundo babava na fantasia das UPPs (é fantasia como política de segurança pública; as unidades não são ruins em si), eu dissentia aqui. Esse é apenas um dos temas. Os arquivos estão aí. Mas, mas… est modus in rebus! Do latinório para o óbvio: existe uma medida nas coisas. Na VEJA.com, Cecília Ritto relata o confronto havido no fim da noite de ontem entre estimados 300 manifestantes e a Polícia Militar, em frente ao prédio em que mora Cabral.
Tudo teria começado quando policiais foram atingidos por pedra e, parece, latas de cerveja. Muitos deles levavam lenços na cabeça, numa alusão àquela estranha dança executada por Cabral, assessores seus e o empreiteiro Fernando Cavendish em Paris. Quem trouxe as fotos a público foi o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ)
Eu sei que corro o risco de desagradar a todos os lados com certas coisas que escrevo. Mas ou faço isso atendendo ao império da minha consciência ou, então, não faço. Não apoio, de maneira nenhuma — e, na verdade, deploro —, esse tipo de manifestação! Não acho que a casa de um governador, por mais inepto que seja, deva ser cercada. Não sei se isso tudo é ainda rescaldo da tal indignação ou se é politicamente manipulada. Para o caso, pouco importa. Considero um tipo de protesto impróprio, meio fascistoide. Não! A turma de Cabral jamais vai gostar de mim por isso porque sabe o que penso da sua gestão. E os indignados também não! Não me sinto minimamente tentado a chamar isso de “direito democrático”.
Que protestem pacificamente em frente ao palácio de governo; que usem as praças para expressar as suas contraditas. Esse comportamento persecutório é inaceitável. Cabral e os demais governantes brasileiros, incluindo Dilma, não são ditadores ilegítimos. O direito ao protesto não pode se confundir com à afronta à ordem democrática e à própria democracia.
Os que vão cercar Cabral querem o quê? “Ah, queremos hospitais padrão Fia; escolas padrão Fifa…” Tudo bem! Ele não poderia fornecê-los da noite para o dia ainda que tivesse como. Se acharem que alguém pode lhes dar essa garantia, 2014 está chegando. “Então vamos nos calar até lá?” Podem gritar! Mas gritem segundo a ordem democrática, que é a única ordem que garante o grito de todo mundo.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

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