Monte Carlo
Decisão complementa sentença de dezembro; Ministério Público diz que propriedades foram acumuladas por meio de práticas criminosas
Jean-Philip Struck
O bicheiro Carlinhos Cachoeira. Justiça determinou perda de bens (Cristiano Borges/O Popular/Futura Press)
A Justiça Federal de Goiás determinou a perda de mais de 100 milhões de reais em bens do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e integrantes de sua quadrilha investigados na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. A lista de bens inclui terrenos, apartamentos, carros e até um avião, a maioria em nome de laranjas. Os bens deverão ser leiloados e o dinheiro obtido será repassado à União para cobrir prejuízos causados pela quadrilha e compensar os custos da operação policial.
O Ministério Público Federal de Goiás, responsável pela avaliação dos bens, sustenta que eles foram adquiridos por meio de práticas criminosas. Cabe recurso à defesa.
A decisão é um complemento a uma sentença de dezembro, que condenou Cachoeira a 39 anos e oito meses de prisão por crimes de corrupção ativa, formação de quadrilha e peculato (desvio feito por servidor público). O contraventor recorre da sentença em liberdade.
Na época da condenação, outros membros da quadrilha foram sentenciados a penas de prisão: José Olímpio Queiroga foi condenado a 23 anos e quatro meses de prisão; Lenine Araújo foi sentenciado a 24 anos e quatro meses de prisão; e Idalberto Araújo, a dezenove anos e três meses de prisão.
Os bens dos envolvidos já estavam bloqueados desde o ano passado. Na relação divulgada pela Procuradoria, Cachoeira aparece como proprietário de apenas um terreno em Goiânia, avaliado em 1,5 milhão de reais. Ao todo, sete pessoas aparecem na relação de perda de bens. José Olímpio de Queiroga Neto, apontado como responsável pelo controle dos jogos ilegais no entorno do Distrito Federal, deve perder cinco apartamentos (avaliados em 2,3 milhões de reais), um prédio comercial (avaliado em 8 milhões de reais), duas fazendas em Goiás (avaliadas em 450 000 reais) e um posto de lavagem e lubrificação.
Já Lenine Araújo de Souza, primo de Cachoeira e apontado como o contador da quadrilha, deve entregar dois carros, dois imóveis e três terrenos em Goiás. O sargento da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá, citado como o araponga do grupo, foi condenado a perder dois carros e um apartamento em Brasília (avaliado em 600 000 reais). O juiz também fixou multa de 156 000 em favor da União para cobrir os gastos da Operação Monte Carlo - como diárias, locomoção e alimentação de agentes.
Defesa - A defesa de Carlinhos Cachoeira afirmou que ainda não foi notificada da decisão e que ainda não teve acesso ao seu teor. O advogado do bicheiro, Nabor Bulhões, disse que se a sentença for mesmo pela perda de bens, ele deve recorrer da decisão ao Tribunal Regional Federal. “Não foi produzida nenhuma prova de que os bens tenham sido obtidos como produto do crime”, disse Bulhões. Ainda de acordo com o advogado, Cachoeira está concentrado em recorrer da pena de 39 de prisão. “Ele está totalmente voltado para a defesa dele e para sua família”, disse Bulhões.
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