sábado 10 2012

Riscos do crack serão discutidos em mais de 56 mil escolas


Drogas

Ministérios da Saúde e da Educação escolheram a droga como tema do Programa Saúde na Escola de 2013

Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
Jovem consome crack no centro de Manaus
Jovem consome crack no centro de Manaus (Bruno Kelly/Reuters)
O uso do crack, os efeitos da droga no organismo e seu alto poder de causar dependência serão discutidos em pelo menos 56 mil escolas do país no próximo ano. De acordo com o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães, o risco que a droga representa foi o tema escolhido para o Programa Saúde na Escola. A ação, que tem a parceria dos ministérios da Saúde e Educação, acontece desde 2008 e tem como objetivo a melhoria da qualidade de vida dos estudantes da rede pública através da prevenção a doenças. A estimativa é de que pelo menos 12 milhões de alunos sejam preparados para dizer não ao crack.

“O crack é hoje um dos principais problemas de saúde pública do país. O consumo da droga não está restrito às cracolândias e não afeta apenas os que estão nas ruas. Decidimos que o tema precisa ser discutido nas escolas. Por isso o crack foi escolhido o tema do Programa Saúde na Escola do ano que vem. A ideia é usar várias matérias para discutir o problema. Vamos explorar a grade curricular para abordar a prevenção ao crack. Ou seja, o professor vai ser incentivado a abordar o tema na aula de ciências, de português, de redação. Até mesmo nas aulas de educação física a prevenção ao consumo do crack pode ser feita”, afirma Helvécio. “O importante é que não vai ser algo pontual, como uma palestra, por exemplo”.

Em 2012, o tema escolhido foi obesidade. Profissionais de saúde visitaram 56 mil escolas em 2.495 municípios, alcançando 12 milhões de alunos. O programa, que hoje envolve estudantes com idades entre 5 e 19 anos, será ampliado. A partir de 2013,  as atividades incluirão estudantes com até 19 anos e incluirá creches. Por isso, a estimativa é que no ano que vem o programa supere os números de 2012.

Prevenção - A inclusão do tema crack nas escolas marca uma mudança importante no enfrentamento da dependência que leva adolescentes e jovens adultos a perambular pelas ruas em busca da droga. Antes visto como problema de segurança, devido à estreita relação com o tráfico e com os roubos cometidos por dependentes desesperados por mais uma pedra, a dependência à droga hoje é classificada como problema de saúde. A inclusão do tema nas escolas aponta para um caminho importante: o governo, pela primeira vez, vai tratar a epidemia de crack com prvenção, como qualquer outra doença que tem causa conhecida.

Os ministérios da Saúde e da Educação ainda não definiram detalhes operacionais da abordagem do crack dentro do programa, mas o objetivo é que a partir do ano que vem o debate sobre o crack seja continuo nas escolas. “ Queremos ter intervenção na primeira infância, na educação básica, no segundo grau, no ensino secundário. É importante que o trabalho seja desenvolvido em todas as faixas etárias e ao longo da vida a criança, do adolescente e do jovem”, explica o secretário.

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