Pré-história
Segundo estudo da 'Nature', escavações na África do Sul mostram que humanos sabiam tratar lâminas utilizadas como lanças há 70.000 anos
Pequenas lâminas microlíticas usadas por humanos há 70.000 (Simen Oestmo)
Paleontólogos encontraram pequenas lâminas na África do Sul que provam que o os primeirosHomo sapiens tinham a capacidade de produzir armas e outros instrumentos complexos há pelo menos 71.000 anos, muito antes do que se pensava. A descoberta sugere que a capacidade de produzir esses artefatos deu aos nossos primeiros antepassados da África uma vantagem evolutiva sobre o homem de Neandertal, segundo os autores de um estudo publicado nesta quarta-feira na revista Nature.
Os cientistas concordam que nossa linhagem apareceu na África há mais de 100.000 anos, mas ainda há muito debate sobre quando a capacidade cultural e cognitiva do Homo sapiens começou a se assemelhar com a do homem moderno.
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NEANDERTAL
A Homo neanderthalensis é uma espécie extinta do gênero Homo, o mesmo dos humanos modernos, que viveu na Europa e em partes da Ásia entre 200.000 e 30.000 anos atrás. Os neandertais, que coexistiram com os Homo sapiens, receberam este nome porque a primeira ossada do homem pré-histórico foi encontrada em uma caverna no Vale de Neander, na Alemanha, em 1856. "Tal" significa "vale" em alemão.
A Homo neanderthalensis é uma espécie extinta do gênero Homo, o mesmo dos humanos modernos, que viveu na Europa e em partes da Ásia entre 200.000 e 30.000 anos atrás. Os neandertais, que coexistiram com os Homo sapiens, receberam este nome porque a primeira ossada do homem pré-histórico foi encontrada em uma caverna no Vale de Neander, na Alemanha, em 1856. "Tal" significa "vale" em alemão.
Pequenas lâminas similares tinham sido encontradas na África do Sul entre 65.000 e 60.000 anos atrás. Agora, uma equipe de cientistas descobriu lâminas muito mais antigas, chamadas microlíticas, que foram produzidas através de lascas de pedra aquecidas, em uma caverna perto da Baía de Mossel, litoral sul da África do Sul.
"Nossa pesquisa mostra que a tecnologia microlítica se originou na África do Sul, evoluiu durante um longo período de tempo (11.000 anos) e teve um complexo tratamento com calor", afirmam os autores do estudo. "Tecnologias avançadas na África eram antigas e duradouras", explicaram. Segundo ele, a longa ausência de artefatos instrumentais no registro paleontológico é explicada por um número relativamente pequeno de sítios escavados até o momento, e não por uma inexistência de conhecimento tecnológico do homem primitivo.
Aprendizado — A descoberta evidencia que o antepassado do homem moderno na África do Sul tinha a habilidade de fazer artefatos complexos e ensinar as técnicas a outras pessoas. Isso permitiria que eles produzissem instrumentos como flechas capazes de atingir maiores distâncias do que as lanças manuais. "As armas do tipo projéteis microlíticos ampliaram a capacidade de sucesso na caça, reduziram o risco de ferimentos dos caçadores e estenderam o raio de violência letal interpessoal", afirma a equipe.
De acordo com Curtis Marean, pesquisador da Universidade do Estado do Arizona, armas que podiam ser lançadas conferiram vantagens substanciais aos homens da época quando eles deixaram a África e encontram na Europa neandertais equipados apenas com lanças manuais e mais pesadas. "Se enfrentar um competidor que consegue arremessar lanças a longa distância, você está em clara desvantagem", afirma Marean.
O homem de Neandertal viveu em partes da Europa e partes da Ásia entre 200.000 e 30.000 anos atrás. Comentando o estudo, a antropóloga Sally McBrearty, da Universidade de Connecticut, afirmou que, ao fazer essas armas, os humanos arcaicos teriam usado lascas de pedras cuidadosamente selecionadas por sua textura e com uso do calor para poder trabalhar com elas mais facilmente. Eles teriam moldado as lâminas em formas geométricas, provavelmente para o uso de flechas atiradas de arcos.
Isso, por outro lado, implicaria que aqueles homens teriam de coletar outros materiais como madeira, fibras, penas, osso e tendões por um período de dias, semanas ou meses, o que teria sido interrompido por outras tarefas mais urgentes. "A habilidade de preservar e manipular operações e imagens de objetos na memória, e depois executar procedimentos, é um componente essencial da mente moderna", escreveu McBrearty.
(Com Agência France-Presse)
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