Animais
Linhagem, que chegou ao fim com a morte de 'Jorge Solitário', pode ser recuperada a partir do material genético preservado em espécies aparentadas
Último representante da espécie, Jorge Solitário morreu em junho deste ano (Reuters)
Uma espécie de tartaruga-gigante das ilhas Galápagos pode ser resgatada da extinção apesar da morte, em junho deste ano, do último representante da linhagem. Originária da ilha de Pinta, umas das treze que formam o arquipélago, a espécie Chelonoidis abingdonii se extinguiu com a morte de Jorge Solitário, uma tartaruga-gigante que tinha idade estimada em 100 anos e era considerada por muitos biólogos a criatura mais rara da Terra. Jorge ganhou o apelido depois das fracassadas tentativas para que ele se reproduzisse com espécies parecidas.
Agora, um novo estudo indica que o material genético das tartarugas-gigantes de Pinta, que foi em grande parte exterminada no início do século 19 por piratas e baleeiros que consumiam sua carne, sobrevive em tartarugas de espécies aparentadas em outras ilhas do arquipélago. Por causa disso, os cientistas acreditam que seria possível trazer a espécie original de volta da extinção.
Uma pesquisa do Parque Nacional de Galápagos e da Universidade Yale mostrou que há descendentes da Chelonoidis abingdonii em outra ilha do arquipélago, a Isabela. "Entre a população de tartarugas que vive no vulcão Wolf há 17 indivíduos que têm traços genéticos de tartarugas que viveram na ilha de Pinta", disse o diretor do parque, Edwin Naula.
Cruzamentos - Pesquisadores especulam que algumas tartarugas de Pinta, que fica cerca de mil quilômetros a oeste do Equador continental, tenham sido despejadas por marinheiros a caminho de Isabela, outra ilha das Galápagos, e que lá os animais teriam cruzado com espécies locais.
Naula disse que, revertendo esse processo, seria possível cruzar tartarugas com os traços genéticos da Chelonoidis abingdonii e que em duas ou três gerações seria possível obter as autênticas tartarugas de Pinta. "Poderíamos iniciar um processo longo e complexo, que levaria entre 100 e 150 anos", explicou ele.
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