sábado 24 2012

Ashtanga é tipo de ioga frenética que rende benefícios



da Folha de S.Paulo

Eles suam copiosamente dentro de uma sala, muitas vezes completamente fechada. Também gritam, suspiram, às vezes choram e, sem constrangimento, arrotam e liberam gases.

Movimentam o corpo todo sem tempo para descanso. Sentam no chão, deitam, saltam, alongam, contraem os músculos e contorcem dorso e membros. Tudo é muito frenético, intenso e ágil. É assim que se comportam os praticantes da ashtanga vyniasa, estilo de ioga que se popularizou nos EUA depois que Madonna e Sting declararam-se seus fãs. E, por aqui, ganha cada vez mais adeptos.

Seus principais benefícios, segundo praticantes e professores, são flexibilidade, tonicidade, força muscular, equilíbrio, consciência corporal e ainda —por mais incoerente que possa parecer— tranquilidade e serenidade mental.

"Só depois de praticar a ashtanga descobri verdadeiramente meu corpo, seus limites e suas possibilidades. Antes, a minha postura correta era a que o espelho me dava. Hoje, é a que minha consciência me mostra", comenta a professora de balé clássico Gláucia Bittar, 32, aluna de ashtanga há um ano e meio.

Como ela, a atriz Adriana Patias, 26, que nunca havia feito ioga antes por "preconceito com o misticismo" que envolve a prática, diz ter quebrado diversas barreiras impostas pelo seu corpo, que melhorou a postura e o modo de andar.

Ashtanga, em sânscrito, significa oito partes, em referência aos oito princípios da ioga. Vyniasa significa sincronia. "O que a ashtanga vyniasa faz é unir em uma única prática, principalmente por meio da atividade física, esses oito princípios, que, na ioga tradicional, são realizados separadamente", explica Cristóvão de Oliveira, 37, terapeuta corporal que aprendeu a ashtanga na Índia e dá aulas da técnica em São Paulo.

As posturas realizadas pelo iogue promovem o exercício e a percepção corporais. Cada uma delas age sobre partes específicas do corpo, como quadril, pescoço ou braços.

O grande diferencial da ashtanga é que algumas posturas são realizadas sem intervalo, uma seguida da outra, num ritmo marcado por inspirações e expirações profundas, realizadas somente pelo nariz, o que faz os praticantes suarem em bicas durante as aulas. Vide a modelo Fernanda Lima na página ao lado, que pratica a técnica há quase um ano.

"Essa sequência de movimentos é o que chamamos de vyniasa, que vai justamente fazer o 'link' entre uma asana (postura) principal e outra", explica Oliveira. A professora Gisele Jacob, que dá aulas de ashtanga na academia Reebok, não indica a técnica para quem não tem conhecimento anterior da ioga tradicional, "porque a pessoa pode ter dificuldade de aprender os movimentos".

"Comecei com algumas aulas de hata ioga porque os movimentos não são contínuos e você pode percebê-los mais", diz o auxiliar administrativo João Carlos Rodrigues, 22, aluno de ashtanga há um mês. Ele confirma que não é fácil, no início, entrar no ritmo da prática. "Mas o trabalho corporal realizado na ashtanga é muito mais intenso do que na ioga tradicional, por isso decidi ficar."

Foi esse caráter energético da ashtanga que fez o administrador de empresas e ex-maratonista Aldo Lareano, 49, abandonar aos poucos as maratonas. "Com a ashtanga, eu consigo o mesmo condicionamento que obtinha com a corrida, com a vantagem de perceber mais meu corpo e poder meditar enquanto faço exercício", diz.

O praticante dá um tempo na movimentação por alguns poucos minutos (o tempo de realizar cinco respirações) quando faz as asanas principais. É nesse momento que a respiração adquire sua maior importância. "Durante toda a prática, a respiração atua no sentido de trazer consciência ao praticante. Nas asanas principais, ela auxilia o iogue a manter o 'encaixe' da postura, ou seja, a permanecer corretamente na posição e, assim, obter melhores resultados sobre o corpo", explica Regina Nuyken, 32, pianista que se "converteu" à ashtanga quando morou na Alemanha e pratica a atividade, como professora do Surya Espaço de Yoga, há aproximadamente seis anos.

Outro princípio da técnica: o praticante deve realizar as chamadas "uddhyana bandas". Significa manter a musculatura do abdômen e do períneo enrijecida, a fim de conferir simetria aos movimentos (manter um braço tão alongado quanto o outro, por exemplo). "Com o baixo abdômen contraído, o praticante expande o ar pela costela, aumentando o tórax. Já a contração do períneo dá mais firmeza e estabilidade aos exercícios", explica Nuyken. Os professores garantem: "A ashtanga é uma prática ideal para o homem que vive na correria da modernidade".
http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u1111.shtml

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