O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, pode se preparar. Vem chumbo grosso do petismo por aí. Lula, como tem sido regra desde que deixou à Presidência, está abraçado a seu rancor. Ele mandou a população de São Paulo votar em Fernando Haddad. O povo está resistindo. Então a ordem é partir para a baixaria contra o adversário do PSDB. Segundo pesquisa Datafolha publicada nesta quinta, o petista oscilou dois pontos para baixo em uma semana e tem agora 15% das intenções de voto. Serra oscilou um para cima e foi a 21%. Celso Russomanno, do PRB, passou de 32% para 35%. Desta vez, o instituto entrevistou um maior número de pessoas — 1.802 —, e a margem de erro é dois pontos para mais ou para menos, não de três. Assim, Haddad não está mais tecnicamente empatado com Serra. Se o segundo turno fosse hoje, o petista estaria fora do jogo.
Bateu o desespero na campanha petista, e eles começaram a brigar. Há descontentamento com a campanha. Referindo-se ao porra-louca Marat, um dos jacobinos extremistas da Revolução Francesa, que adorava ver cortar cabeças, um contemporâneo moderado seu cravou uma frase: “Deem um copo de sangue a este canibal que ele está com sede”. Os petistas, Lula especialmente, estão com sede e deram a ordem: é para partir pra cima de Serra e para tentar desconstruir também Russomanno — nesse caso, no entanto, com mais moderação. O PT tem medo do “bispo” Edir Macedo e da Rede Record. O alvo preferencial será mesmo Serra. Já volto ao assunto.
Os petistas nunca ficaram fora do segundo turno na cidade em São Paulo desde que a eleição é disputada em duas etapas. Ainda falta muito tempo. Uma coisa, no entanto, é fato: Haddad corre o risco de ter o mais baixo desempenho da história do PT na cidade desde que foi restituída a eleição direta nas capitais. Em 1985, Jânio Quadros se elegeu com 39,3%, FHC ficou com 35,3%, e Eduardo Suplicy obteve 20,7%. Em 1988, Luíza Erundina foi eleita com 33% (não havia segundo turno). Em 1992, a esta altura do campeonato, Suplicy, que concorreu outra vez (perdeu para Maluf), tinha 24%. Em 1996, pouco mais de uma semana antes do pleito, Erundina aparecia com 21% (deu Celso Pitta). Em 2000, Marta Suplicy se elegeu no segundo turno e tinha, em 15 de setembro, 32%. Em 2004, contra Serra (eleito), ela aparecia com 33% no dia 11 de setembro. Em 2008, no dia 13 de setembro, a 17 dias do primeiro turno, Marta (de novo!) tinha 37% das intenções de voto. Kassab, que se elegeu, estavam com os mesmos 21% que Serra exibe agora.
Escrevendo o parágrafo acima, ocorre-me uma coisa. Quantos analistas “isentos” vocês já leram a sustentar que o PSDB não se renova, que apresenta sempre os mesmos candidatos e coisa e tal? Com o PT seria diferente… Pois é: desde 1985, apenas quatro petistas disputaram oito eleições na capital: Suplicy (2); Erundina (2), Marta (3) e Haddad (1). Os tucanos variaram mais: Covas (1), FHC (1), Fábio Feldman (1), Serra (3) e Alckmin (2). Neste 2012, Lula, sob o aplauso entusiasmado de alguns analistas isentos como um táxi, decidiu inovar. Eis aí…
Calma lá!Não! Não faço como os petralhas, que soltam rojão na véspera. Até porque esses 35% de Russomanno — que, hoje, venceria Serra e Haddad no segundo turno, segundo o Datafolha, por, respectivamente, 57% a 31% e 55% a 30% — não é dessas coisas que peçam comemoração. Mas dá para tirar uma conclusão ao menos: Haddad era, com efeito, um notório desconhecido da população paulistana. Para que se tornasse popular, teve de se escorar em duas mulheres, digamos, “fortes”, de personalidade marcante e caráter opiniático (Dilma e Marta), e, claro!, em Lula. Parece que o eleitorado não se convenceu até agora de que ele consegue caminhar pelas próprias pernas.
BaixariaVem jogo pesado por aí. O PT já vazou para a imprensa que vai retomar a sua ladainha de sempre contra “as privatizações”. Como se Dilma não tivesse aderido ao programa… É bem possível que tente pegar carona nas sujeiras armadas por delinquentes em 2010, que motivaram a abertura de um inquérito pela Polícia Federal. Vai funcionar? Não sei! Os petistas estão bravos porque o tema do mensalão foi parar na campanha, como se houvesse nisso algum crime.
É a estratégia do desespero. Em 2006, o PT tentou armar contra Serra o dossiê dos aloprados. Em 2010, o sigilo fiscal de pessoas de sua família foi quebrado por bandidos. Tratava-se de outra conspiração criminosa. Não fará mal nenhum aos tucanos lembrar, no ar, as vezes em que o partido tentou vencer no berro. É bom refrescar a memória do eleitor, por exemplo, com aquela montanha de dinheiro apreendida pela Polícia Federal… Preparam-se! O PT, que soube lavar como ninguém a reputação de figuras notórias da política como José Sarney e Fernando Collor, quer enlamear a do candidato do PSDB.
Quando se é petista, isso faz todo sentido. Afinal de contas, por vários motivos, Lula está mesmo mais próximo de Sarney e Collor do que de Serra.
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/
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