Quase 30 anos depois da descoberta da relação entre o consumo de álcool e certos tipos de câncer, cientistas relataram a primeira evidência em humanos de como a bebida pode se tornar cancerígena. Os resultados foram divulgados nesta quarta-feira durante o Encontro Nacional da Sociedade Americana de Química.
A autora do estudo, a Ph.D Silvia Balbo, explica que o corpo humano metaboliza as moléculas de álcool presente em cerveja, vinho ou destilados. Uma das substâncias provenientes deste metabolismo é o “acetaldeído”, que possui uma estrutura parecida com o “formaldeído”, composto cancerígeno. Com base nas pesquisas, foi possível constatar que o acetaldeído pode causar dano ao DNA, agindo como um agente que pode levar ao desenvolvimento do câncer.
— Nós agora temos a primeira evidência em humanos de que o acetaldeído formado a partir do consumo do álcool pode prejudicar dramaticamente o DNA. É o acetaldeído que se agarra DNA e interfere na sua atividade, aumentado o risco de câncer — disse Silvia.
De acordo com a pesquisadora, a maioria das pessoas tem um mecanismo de proteção natural altamente eficaz contra o efeito do álcool no DNA – a enzima “desidrogenase” converte o acetaldeído em acetato, que é uma substância inofensiva. Já o organismo de outros indivíduos, como 1,6 bilhão de asiáticos, não possuem esta enzima. Norte-americanos, alguns nativos do Alasca, também apresentam esta deficiência. Silva ressalta, entretanto, que a maior parte das pessoas não desenvolverá câncer apenas por beber socialmente.
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