quinta-feira 07 2012

Relatório da ONU afirma que o mundo segue um "caminho insustentável"


Meio Ambiente

A sete dias do início da Rio+20, documento atrai visibilidade para a conferência. Mas lança a dúvida: até que ponto as grandes reuniões produzem resultado?

Luís Bulcão, do Rio de Janeiro
Degelo: nível registrado por satélites é o segundo menor da história
Degelo: nível registrado por satélites é o segundo menor da história (iStockphoto)
O relatório GEO 5, produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), lançado no Rio de Janeiro nesta quarta-feira, faz uma previsão pessimista para o planeta. As conclusões, que certamente darão mais visibilidade à Rio+20, são de que mesmo depois de mais de 500 acordos, leis e convenções assinadas ao longo de 40 anos desde a Convenção de Estocolmo (1972), o mundo segue um “caminho insustentável”, com destaque para três quesitos: perda de biodiversidade, mudança climática e estoques de peixes.
O documento serve tanto para aumentar a expectativa como para lançar ainda mais dúvidas sobre o resultado efetivo de grandes reuniões como a de agora, no Rio de Janeiro. São esperadas para a cidade, a partir do dia 13 e até 22 de junho, algo entre 50.000 e 70.000 pessoas, entre elas delegações de mais de 100 países e pelo menos 102 chefes de estado ou governo.
Elizabeth Thompson, coordenadora executiva da Rio+20, joga no time dos otimistas. Para ela, os fracassos dos esforços globais demonstrados pelo relatório podem ser modificados na Rio+20 - para a ala dos pessimistas, entre eles o ex-ministro Rubens Ricúpero, a conferência carece de foco e corre o risco de dar em nada. Segundo Elizabeth, uma das principais razões para toda a retórica produzida até hoje não ter sido colocada em prática é a falta de engajamento do setor econômico e da adoção dos conceitos de desenvolvimento sustentável pelos políticos de alto escalão. Elizabeth acredita que o diferencial da conferência, que tem início no dia 13, está na proposta de engajamento dos grandes atores globais.

"Pela primeira vez, os chefes de estado e de governo foram conduzidos ao processo desde o começo. E também pela primeira vez instituições como o Banco Mundial trouxeram representantes econômicos para a mesa e os fizeram entender que o desenvolvimento sustentável não está relegado ao meio ambiente e tem que ser adotado nos mais altos níveis. Agora nós temos um número suficiente de relatórios críticos, como o GEO 5, que mostram as consequências reais de não tomar as decisões que precisam ser tomadas agora", alertou. 

Resultados – O GEO 5 avaliou 90 objetivos e metas ambientais. Encontrou avanços em 40 delas, como a redução do buraco da camada de ozônio, a expansão de áreas protegidas e os esforços para conter os desmatamentos. Vinte e quatro metas foram tidas como estagnadas, sem representar avanços, como os estoques pesqueiros, as mudanças climáticas e os processos de desertificação. Oito das metas foram consideradas críticas pelo relatório, como o estado dos recifes e corais no mundo. 

Segundo o chefe do Programa das Nações Unidas para o meio ambiente, Achim Steiner, o aviso do relatório é o seguinte: se os governos não reverterem o processo de degradação atual, precisarão administrar níveis sem precedentes de danos ambientais no futuro. No entanto, segundo Steiner, o relatório procura salientar práticas que foram efetivas na mudança de direção e que podem servir de exemplo aos tomadores de decisões. "A pergunta é: como os historiadores vão falar da nossa geração quando analisarem que tivemos as escolhas em nossas mãos? As mudanças já estão acontecendo e nós somos capazes de medi-las e analisar as consequências", afirmou

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