Corrupção
Embora avaliação da CPI seja a de que há uma 'relação intensa' da organização com gestores do governo de Goiás", relator descarta antecipar eventual convocação do governador Marconi Perillo
Laryssa Borges e Gabriel Castro
Embora a avaliação da CPI seja a de que há uma "relação muito intensa da organização criminosa com gestores do governo de Goiás", o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), descarta antecipar uma eventual convocação do governador goiano Marconi Perillo (PSDB). Somente após o depoimento do bicheiro Carlinhos Cachoeira, agendado para o próximo dia 23, é que Cunha pretende avaliar a “conveniência” da oitiva do político tucano.
“O ponto forte foi a confirmação da presença dessa organização criminosa em setores de governos estaduais. Isso merece a nossa investigação. Há uma impregnação muito forte dessa organização criminosa no governo de Goiás”, disse ele. “Há evidências de que a organização criminosa esteve presente em outros governos estaduais também. Há uma preponderância dessa presença, uma cooptação muito intensa em setores do governo de Goiás, mas há presença e cooptação dessa organização no governo do Distrito Federal e há também incursões dessa organização em outros governos. Foi citado, por exemplo, o governo do Paraná”, explicou. Para o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), há indícios de que "Carlinhos Cachoeira se transformou em um megalobista com tentáculos em vários estados".
No depoimento do delegado à CPI, foi revelado ainda que a construtora Delta, suspeita de ter se beneficiado em contratos a partir de ligações de seus dirigentes com Cachoeira, transferiu 39 milhões de reais para três empresas – JR, Brava e Alberto Pantoja – utilizadas pelo contraventor para lavagem de dinheiro e evasão de divisas a paraísos fiscais no Caribe.
Depois da informação de indícios do comprometimento de setores do governo goiano e da construtora com o esquema coordenado por Cachoeira, o relator da CPI destacou a importância de ouvir, por exemplo, o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. A convocação do ex-dirigente da empreiteira já foi aprovada pela CPI e ele deve prestar depoimento no dia 29 de maio. “Confirmou nossa percepção de que há uma relação muito intensa entre o Carlos Cachoeira e o Claudio Abreu, reafirmando a tese de que ele seria sócio oculto, com uma relação muito permanente entre eles a partir da Delta Centro-Oeste”, declarou Odair Cunha.
Arrecadação - No depoimento à CPI, o delegado da Polícia Federal explicou ainda que foi verificado que a quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira arrecadava mensalmente cerca de 1 milhão de reais por meio da exploração de um único ponto de instalação de máquinas caça-níqueis. O policial não soube informar, porém, quantos focos de instalação de caça-níqueis tinha o grupo do contraventor e nem as estimativas de arrecadação total do bando. De acordo com o relato do investigador, responsável pela Operação Monte Carlo, Cachoeira ficava com 30% do que era arrecadado.
Casa - O delegado também reforçou as suspeitas sobre a venda da casa onde Cachoeira foi preso, em Goiânia. O imóvel pertencia ao governador Marconi Perillo, que alegava ter vendido a casa ao empresário Valter Paulo Santiago. Mas a Polícia Federal obteve três cheques repassados por um sobrinho de Cachoeira ao governador no valor total próximo de 1,5 milhão de reais, que teriam sido usados pelo contraventor para adquirir o imóvel.
Novos depoimentos - Por conta da longa duração do depoimento do delegado Matheus Mella Rodrigues, a CPI do Cachoeira decidiu, por unanimidade, adiar para a próxima semana as oitivas dos procuradores Daniel de Rezende Salgado e Léa Batista de Oliveira, responsáveis pelas investigações da operação Monte Carlo.
Nesta quinta, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo, ainda rejeitou pedido do advogado Márcio Thomaz Bastos para que o depoimento de Carlinhos Cachoeira, agendado para o próximo dia 15, fosse adiado.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/delegado-forte-em-go-esquema-de-cachoeira-buscava-ramificacoes-em-outros-estados
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