Espaço
HIP 56948 está a 200 anos-luz e tem praticamente a mesma temperatura, massa, tamanho e composição química em relação ao Sol
Marco Túlio Pires
A grande diferença entre HIP 56948 e o Sol é a idade. O novo astro é um bilhão de anos mais novo (Nasa)
"Se a Terra for a regra para o tempo de desenvolvimento de vidas complexas, qualquer forma de vida avançada em um possível planeta orbitando a HIP 56948 estaria surgindo agora"
Jorge Meléndez — astrofísico da USP
Jorge Meléndez — astrofísico da USP
A HIP 56948 foi caracterizada por um satélite chamado Hipparcos (daí HIP 56948). A sonda foi lançada em 1989 pela agência espacial europeia e ficou funcionando até 1993. Nesse período, catalogou 100.000 estrelas, das quais cerca de 100 são muito parecidas com o Sol.
Saiba mais
OBSERVATÓRIO KECKNo obsevatório Keck, no Havaí, existe um par de telescópios com espelhos de 10 metros de diâmetro. Estão entre os maiores do mundo. O equipamento está instalado a mais de quatro mil metros de altitude e é administrado pela Associação da Califórnia para Pesquisa em Astronomia, nos Estados Unidos.
De acordo com Meléndez, a HIP 56948 é apenas 17 graus mais quente que o Sol. "Se considerarmos a margem de erro, que é de sete graus, é possível que os dois astros tenham a mesma temperatura", diz o cientista, em entrevista ao site de VEJA. O mesmo vale para a massa. "A diferença entre os astros é de apenas 2%."
Irmão mais novo — A principal diferença está na idade. "Essa gêmea solar é aproximadamente um bilhão de anos mais jovem", diz Meléndez. Isso quer dizer, de acordo com ele, que se tomarmos a Terra como parâmetro para o desenvolvimento de vidas complexas, alguma forma de vida avançada pode estar surgindo agora em um possível planeta orbitando a HIP 56948.
Os astrônomos ainda não sabem dizer se há planetas orbitando a gêmea solar. Mas há boas razões para supor que o sistema distante seja parecido com o Solar. A primeira delas é que a composição química da estrela é praticamente idêntica ao do Sol. Entender a composição química de uma estrela é muito importante para saber se ela 'doou' material suficiente para a formação de planetas a sua volta. O Sol, por exemplo, perdeu o equivalente a duas massas terrestres de elementos como o alumínio, ferro e níquel, em relação à média de todas as estrelas de sua classe. "A HIP 56948 perdeu 1,5", calcula Meléndez. De acordo com o pesquisador, esses elementos são usados justamente para a 'fabricação' de planetas.
A segunda razão é que os astrônomos ainda não identificaram nenhum planeta em volta da estrela. Apesar de isso soar como uma má notícia, trata-se do contrário. Os cientistas só poderiam ter encontrado algum planeta em tão pouco tempo se ele fosse ao mesmo tempo grande (tal como Júpiter) e próximo demais da estrela (como Mercúrio). Isso quer dizer que pelo menos nos primeiros 150 milhões de quilômetros ao redor da estrela (a distância entre a Terra e o Sol) não há nenhum gigante gasoso, o que abre espaço para planetas rochosos, como a Terra. A ideia agora é utilizar os poderosos instrumentos do Observatório Europeu do Sul, no observatório de La Silla para identificar planetas em volta de outras gêmeas do Sol.
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/astronomo-da-usp-revela-estrela-gemea-do-sol
Nenhum comentário:
Postar um comentário