Luiz Fernando Pezão terá muitos, muitos, muitos problemas para explicar sua relação com o diretor da Odebrecht Leandro Andrade Azevedo.
No anexo de sua delação premiada, o executivo conta que a empresa desembolsou R$ 23,6 milhões em dinheiro e 800 mil euros, por transferência bancária no exterior, à campanha de Pezão em 2014. Tudo no caixa 2, claro.
O volume em espécie, de acordo com Azevedo, foi entregue ao publicitário Renato Pereira, dono da agência de publicidade Prole, contratada pela campanha.
“Os pagamentos foram realizados com recursos de Caixa 2, mediante entregas de dinheiro em espécie, tal qual determinado por Hudson Braga, diretamente para Renato Pereira no escritório da agência[…], na Urca”, detalha.
As transferências foram feitas para o banco Banif, em Bahamas, paraíso fiscal.
O diretor conta que as doações ilegais garantiam a ele acesso direto a Pezão para tratar dos interesses da companhia. Reuniram-se inclusive, mais de uma vez, na casa de Pezão, no Leblon.
Azevedo relata que o atual governador atuava para agilizar os pagamentos à companhia, referentes aos contratos que assinava com o estado do Rio.
Ele cita o caso das obras do metrô fluminense, financiadas pelo BNDES. O executivo contou que, numa ocasião, Pezão agiu junto ao BNDES, exclusivamente, em favor dos interesses da empresa.
“Em uma circunstância, diante do atraso sistemático nos pagamentos, a companhia iria receber o valor fora do mês vigente. Isto ocasionaria à companhia um prejuízo, o que me levou a procurar Pezão, o qual prontamente interferiu – não me lembro ao certo – junto a Secretaria da Fazenda ou do Planejamento para que que o Banco liberasse o pagamento, sem exercer a condição que lhe era assegurada de reter os volumes financeiros por alguns dias antes de efetuar o pagamento”.
Noutro trecho, Azevedo lembra que o peemedebista marcou um almoço, dentro do Palácio Guanabara, para passar um pito em parte de sua equipe, em virtude da pendenga envolvendo o Maracanã, concessão da qual a Odebrecht acabou abrindo mão, apesar dos esforços de Pezão.
“O governador Pezão começou a reunião dizendo a todos que o governo havia errado com a Odebrecht que teriam todos que achar uma solução para corrigir isto”. O próprio Azevedo admite, porém, que nem isso adiantou para que a companhia saísse satisfeita das negociações.
Mas quem fez a ponte entre Odebrecht e Pezão? Quem? Lógico, Sérgio Cabral.
Segundo o executivo, em 2013, Cabral procurou outro integrante do alto escalão da construtora e amicíssimo do ex-governador, Benedicto Junior.
“A Companhia tinha inúmeros e importantes projetos em andamento, havendo um relacionamento próximo e histórico de Benedicto Junior e Sérgio Cabral. Considerando a intenção em eleger o seu candidato a governador para a continuidade dos projetos no estado, houve pedido de Cabral para que fossem feitos pagamentos a pretexto de doação de campanha de Pezão”.
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