Tucano Aécio Neves e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também foram mencionados pelo ex-presidente do PP, diz jornal
O ex-deputado federal Pedro Correa, ex-presidente do PP, citou políticos da base do governo e da oposição, além de um ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), em sua delação premiada, que teve trechos divulgados nesta sexta-feira pelo jornal Folha de S. Paulo. A delação do ex-deputado tem pouco mais de 70 anexos, cada um com um tema. Em cinco anexos do acordo são citados os nomes da presidente Dilma Rousseff e, em outros cinco, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Um dos fatos apontados por Pedro Correa envolvendo o ex-presidente Lula é uma reunião entre os dois, o então ministro da Casa Civil José Dirceu, e José Eduardo Dutra, na época presidente da Petrobras. Nessa reunião, teria sido acertada a nomeação de Paulo Roberto Costa para o cargo de diretor da Petrobras. A informação havia sido adiantada por VEJA no ano passado.
De acordo com o relato, José Eduardo Dutra, que morreu no ano passado, era contra a nomeação mas Lula atuou a favor de Paulo Roberto Costa, que depois foi o primeiro delator da Operação Lava Jato. José Eduardo Dutra teria dito na reunião: "Mas Lula, eu entendo a posição do conselho. Não é da tradição da Petrobras, assim, sem mais nem menos, trocar o diretor". Lula teria respondido "Se fossemos pensar em tradição, nem você era presidente da Petrobras e nem eu era presidente da República".
Em outro anexo, intitulado "mesada de Augusto Nardes", ministro do TCU. Segundo a reportagem, Correa afirmou que, entre 2003 e 2005, quando Nardes era deputado federal pelo PP, ele estava entre os nomes da bancada da Câmara que recebiam propina arrecadada pelo deputado José Janene, morto em 2010, junto à Petrobras e a outros órgãos com diretorias indicadas pelo PP.
O ex-deputado também apresentou uma lista de operadores de propina, que incluiu o nome de Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e uma de suas principais assessoras, como a responsável por conduzir movimentações financeiras ligadas ao tucano.
A lista também traz nomes como Marcos Valério, operador do mensalão, e Benedito Oliveira, investigado na Operação Acrônimo, que apura suspeitas de irregularidades na campanha de Fernando Pimentel (PT) ao governo de Minas Gerais em 2014.
Ainda de acordo com a Folha, a delação tem um anexo sobre o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tem como foco a votação que aprovou a emenda constitucional da reeleição em 1997. Conforme o relato, o o ex-presidente contou com apoio financeiro do empresariado para aprovar o projeto da reeleição.
O então presidente do conselho de administração do Banco Itaú, Olavo Setubal, morto em 2008, é um dos que teriam ajudado FHC. "Olavo Setubal dava bilhetes a parlamentares que acabavam de votar, para que se encaminhassem a um doleiro em Brasília e recebessem propinas em dólares americanos" diz o texto.
O jornal avalia que, apesar das revelações, há pouca prova documental apresentada pelo ex-parlamentar. Pedro Correa deve começar a prestar depoimentos e a apresentar as provas que tem a partir da semana que vem.
Resposta - Augusto Nardes afirmou ao jornal que o envolvimento seu envolvimento delação é "uma retaliação pela oposição que fazia dentro do PP". Acrescenta que foi candidato independente e não contou com o apoio de Pedro Correa.
O senador Aécio Neves afirmou que Andrea Neves, irmã dele, não conhece e jamais teve contato com Pedro Correa. O senador reforçou que repudia as falsas acusações mais uma vez repetidas sem indícios de comprovação. Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso classificou o relato como "ridículo".
O presidente do Itaú, Roberto Setúbal, disse ao jornal que fica "profundamente indignado" ao ver o nome do pai dele, Olavo Setúbal, "absurdamente envolvido numa história sem comprovações".
Já o Instituto Lula disse que não comenta falatórios e "quem quiser levantar suspeitas em relação a Lula que apresente provas.
(Da redação)
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